A COVID-19 e a Amputação Ritual em Contexto Angolano
Resumo
O contacto físico ao nível das sociedades africanas afigura-se como um elemento importante e incontornável no quadro das sociabilidades diárias. Constitui um marco de aproximação, respeito, consideração e valorização do outro. Tal dimensão transcende a dimensão física e estende-se à ritualística funerária, na qual, o corpo passa a ser um elemento central para o seu encaminhamento pacífico ao mundo do descanso no qual se transformará num “espírito bom” para os “terrenos”. O surgimento do COVID-19 trouxe consigo novas formas de abordagem ritual em relação à morte, cujos postulados habituais acabaram suprimidos como se de uma má morte se tratasse. A ideia de separação – muito parecida a um episódio de “punição ritual” - nunca esteve tão vincada como nos rituais funerários actuais, onde a amputação de alguns cenários muito comuns nestas circunstâncias acaba por ser um elemento de revolta e rumor entre os afectados.
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