A religião e os valores morais: o caso da província da Huíla
Resumo
Durante quase 30 anos Angola sofreu uma guerra civil que causou muitos danos físicos e psíquicos às populações quer urbanas, quer rurais. A guerra é um dos acontecimentos mais destruturantes, na medida em que altera os valores, as crenças e a sociedade. Nas zonas rurais muitos populares perderam os seus familiares, as suas casas, os seus bens e foram obrigados a procurar refúgio na capital da província, onde não tinham emprego e cuja estrutura social era muito diferente da que estavam habituados no meio rural. Os valores morais foram-se transformando numa tentativa de sobrevivência e de adaptação ao novo meio, no caso dos refugiados, ou às novas condições económico-sociais, no caso daqueles que permaneceram nas cidades. As religiões representaram um papel importante, pois apareceram como “substitutas” dos valores tradicionais perdidos. O fenómeno religioso aumentou consideravelmente e deu-se o aparecimento e a explosão de novas igrejas, para além das tradicionais. Pretende-se estudar o impacto da guerra nas populações da Huíla, tendo em conta os valores morais e a influência da religião na manutenção dos mesmos, nas áreas urbanas e rurais da Província da Huila, Angola. As igrejas em Angola compreendem um grupo de actores muito diverso e heterogéneo. De acordo com o Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos há 83 igrejas reconhecidas e 902 não reconhecidas de várias orientações. Pretende-se estudar a área urbana e rural da província da Huíla, pelo recurso a inquéritos por amostragem. A amostra é aleatória estratificada, composta por 210 jovens e adultos, sendo 70 da área urbana, 70 da periurbana e 70 da rural, escolhidos aleatoriamente. A amostra é constituída por homens e mulheres, de idades compreendidas entre os 18 aos 60 anos de idade. Existe uma relação entre a zona (urbana /rural/ Peri urbana) e o total de valores morais e religiosos, sendo que as populações do meio urbano aumentaram os valores religiosos, seguindo-se as populações das zonas peri-urbanas e depois as rurais Ainda se verificou que a maioria das populações pertencem à religião católica (37,5%) e evangélica (37,5%), seguindo-se a igreja adventista (13%), e as restantes (Iurde e maná) com 12%. A religião é um factor de mudança na medida em que em certos casos constitui-se no principal instrumento de preservação e manutenção de uma comunidade uma vez que conta com a participação da grande maioria dos seus integrantes, modelando a conduta de vida prática dos crentes.
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Referências
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