TUNDAVALA
Revista Angolana de Ciência
Palmira Gaspar Correia, palmiragasparcorreia@hotmail.com
Instituto Superior Politécnico Tundavala
Lubango-Angola
ESTRATÉGIAS DE COPING FAMILIAR E QUALIDADE
DE VIDA EM ANGOLA: ESTUDO EXPLORATÓRIO COM
DOENTES COM VIH E SIDA EM CONTEXTO MILITAR
Resumo:
O VIH e SIDA representa um grande desao para
o Governo Angolano, pelo número de vímas que
se tem vindo a registar nas úlmas décadas. Neste
sendo, no presente estudo pretendemos avaliar as
estratégias de coping familiar e a qualidade de vida
em doentes com VIH e SIDA angolanos em contexto
militar, comparavamente a um grupo de militares
sem VIH e SIDA. Ulizaram-se diversos instrumentos
de avaliação: o Quesonário Sociodemográco, o
Quesonário de Qualidade de Vida (QOL; Olson &
Barres, 1982, citado por Olson et al., 1985) e as Escalas
de Avaliação Pessoal Orientada para a Crise em
Família (F-COPES; McCubbin, Oleou, & Larsen, 1981).
Os resultados dos estudos de consistência interna
apontam para um alfa de Cronbach elevado tanto para
os itens do QOL (.958) como para o F-COPES (.931).
As principais conclusões remetem para a inexistência
de diferenças estascamente signicavas entre os
militares portadores do VIH e SIDA e os não portadores
da doença, quer ao nível da qualidade de vida, quer ao
nível das estratégias de coping familiar ulizadas. Este
estudo tem como principais implicações promover o
debate e a discussão sobre a qualidade de vida em
sujeitos seroposivos, de modo a promover polícas
de apoio social para estes sujeitos, bem como conhecer
as estratégias de coping por eles ulizadas, de modo a
promovê-las e fomentar a sua generalização.
Palavras-chave: VIH e SIDA, qualidade de vida,
coping familiar, Angola, contexto militar.
Abstract:
HIV and AIDS constute a great challenge for the
Angolan Government, according to the number
of vicms that its have been registered in the last
decades. Therefore, in the present study we intended
to evaluate the family coping strategies and the
quality of life in Angolan paents with HIV and AIDS
in military context and those who do not have the
disease. Several assessment instruments were used: the
Sociodemographic Quesonnaire, the Quesonnaire of
Quality of Life (QOL; Olson & Barres, 1982, cit. in Olson
et al., 1985) and the Family Crisis Oriented Personal
Evaluaon Scale (F-COPES; McCubbin, Oleou, & Larsen,
1981). Results from the internal consistency syudies
indicate a high Cronbach’s alpha for the items of the
QOL (.958) as well as for the F-COPES (.931). The main
conclusions pointed for the inexistence of stascal
signicant dierences between the military bearers of
HIV and AIDS and the non bearers of the disease, for the
quality of life, as well as for the family coping strategies
used. This study has as major implicaons to promote
the debate and the discussion about the quality of life
in seroposive subjects, in a way to promote polics of
social support for these subjects, as well as knowing the
coping strategies used by them to promote them and to
foment their generalizaon.
Keywords: HIV and AIDS, quality of life, family coping,
Angola, military context.
Family Coping Strategies and Quality of Life in Angola: Exploratory Study
with Patients whith HIV and AIDS in Military Context
Introdução
O agelo do VIH e SIDA, pela sua escala e pelo seu
impacto devastador constui uma emergência mundial
e um dos maiores desaos à vida, e à dignidade
humana, não apenas pelo compromemento do
desenvolvimento socioeconómico, mas também
pelos constrangimentos a nível comunitário, familiar e
individual (Veronesi, Focaccia, & Loman, 1999, citados
por Jackson, 2002). Acresce que a maior taxa de
pessoas infetadas estão na idade ava, o que poderá
implicar repercussões profundas na expetava de vida
e no crescimento desses países (Veronesi et al., 1999,
citados por Jackson, 2002). A África Subsaariana, desde
o início da epidemia, apresenta uma maior taxa de
incidência. Atualmente 2/3 das pessoas que vivem com
VIH e SIDA residem nesta região, o que representa um
total de 21 milhões de homens, mulheres e crianças
infetadas (OMS, 2010). Efevamente, a infeção pelo
VIH é responsável por elevadas taxas de morbilidade e
mortalidade no connente africano, e com um impacto
negavo na saúde da população, em parcular dos
jovens e adolescentes (Veronesi et al., 1999, citados
por Jackson, 2002). Esta epidemia tem caracteríscas
epidemiológicas diferentes em cada região do mundo,
dependendo de fatores biológicos e comportamentais,
por isso é preciso caracterizar a epidemia nos diferentes
contextos, com o intuito de estabelecer mecanismos
de resposta que permitam reduzir o número de novas
infeções e aliviar o sofrimento imposto pela doença às
famílias em parcular e à sociedade em geral, ulizando
conhecimentos e técnicas ciencas. Segundo o
Instuto Nacional de Luta Contra a SIDA do Lubango, no
primeiro trimestre de 2012 foram detetados 84 casos
posivos em gestantes, 257 casos em mulheres adultas,
104 casos em homens adultos, 12 casos em crianças do
sexo feminino, e quatro crianças do sexo masculino,
perfazendo um total de 461 casos posivos dos 16.107
indivíduos testados.
Neste sendo, e tendo em conta que o VIH e SIDA
passou a categorizar-se como uma doença crónica,
com um signicavo aumento de casos nos países
africanos, o presente trabalho pretende explorar a
qualidade de vida e as estratégias de coping ulizadas
pelos militares da região Sul de Angola, com ou sem
VIH e SIDA. O presente estudo encontra-se dividido
em duas partes: na primeira parte é apresentado o
enquadramento conceptual, onde são expostos os
conceitos relavos ao VIH e SIDA, uma reexão acerca
da qualidade de vida e o coping no caso concreto do VIH
e SIDA; na segunda parte, apresentamos a metodologia
ulizada, resultados obdos e sua respeva discussão
e, por m, apresentaremos as principais conclusões
inerentes ao presente estudo.
VIH e SIDA: Denição, Caracterização e
Aspetos Associados
A Síndrome de Imunodeciência Adquirida (SIDA)
é a síndrome clínica que aparece vários anos após
a infeção pelo Vírus da Imunodeciência Humana
(VIH) e que causa um nível de imunodeciência, que
permite o aparecimento de infeções oportunistas
recorrentes, neoplasias, endocardites, miocardites,
tuberculose, artrites, dermates, sepcemias, demências,
convulsões entre outros distúrbios auto-imunes e
metabólicos diversos (Pedroso & Oliveira, 2007).
Nos adultos, existe um período que é variável desde a
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infeção com o VIH até ao início das doenças associadas
à SIDA. Uma pessoa infetada com o VIH pode car
assintomáca por 10 ou mais anos (OMS, 2010).
As pessoas infetadas com VIH que não são tratadas,
desenvolvem doenças associadas, dependendo das
caracteríscas do vírus e do hospedeiro (OMS, 2010).
Desde a primeira descrição da SIDA, em 1981, os
invesgadores idencaram dois pos de VIH: VIH-I
e o VIH-2. O VIH-1 é o po predominante em termos
mundiais e o VIH-2 ocorre mais frequentemente na
África Ocidental, ocorrendo infeções ocasionais na
África Oriental, Europa, Ásia e América Lana. Ambos
causam a SIDA e as suas formas de transmissão
são as mesmas. Contudo, a transmissão do VIH-2 é
ligeiramente mais dicil e a progressão para SIDA pode
ser mais lenta. Este vírus pode car incubado por muitos
anos, sem que o infetado manifeste sintomas de SIDA
e por isso não saber que está infetado (OMS, 2010).
O VIH e a SIDA podem denir-se como uma doença
crónica, de curso prolongado, que pode ser progressiva
e fatal ou associada a um período de vida relavamente
normal, apesar da deterioração da função mental/
psicológica (Canavarro, Pereira, Simões, Pintassilgo,
& Ferreira, 2008). Em termos do impacto psicológico
do VIH e SIDA podemos encontrar perturbações em
três áreas disntas: a nível emocional, cognivo e
comportamental. Por isso, torna-se necessário intervir
nestas áreas, nomeadamente: (a) a nível emocional
(e.g., lidar com a mágoa de poder perder alguém,
a culpa, a tristeza e a raiva); (b) a nível cognivo
(e.g., educar a família sobre o VIH e SIDA, incluindo a
transmissão, a progressão e o tratamento); e (c) a nível
comportamental (e.g., ajudar a integrar a doença crónica
na vida diária do doente e da família, realizando as
mudanças necessárias, o que exige grandes adaptações
e levanta tensões nas relações e ronas familiares,
provocando stress no sistema familiar) (Correia, 2004).
Os esforços de prevenção são gravemente minados por
uma atmosfera de perseguição, negação e informações
erradas. As pessoas que enfrentam o VIH exprimem
temas e senmentos que lhes são comuns. É frequente
passarem por senmentos profundos de ansiedade
e depressão, principalmente depois de receberem o
resultado posivo de um teste de VIH. Podem senr-se
inseguras sobre como evitar infetar os outros, como
cuidar da sua saúde, se devem ou não connuar num
emprego ou numa relação e se devem revelar o seu
estado de saúde aos outros (Souto, 2008).
VIH e SIDA: Qualidade de Vida
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010) dene a
saúde como um estado de completo bem-estar sico,
mental e social e não simplesmente como ausência
de doença. Esta denição implica que as iniciavas
de promoção de saúde não sejam apenas dirigidas
ao controlo de sintomas, diminuição da mortalidade
ou aumento da expetava de vida, mas que valorizem
igualmente aspetos como o bem-estar e a qualidade
de vida. Por sua vez, também o aumento da esperança
média de vida, em virtude do progresso tecnológico
da medicina (Fleck, 2008; Han, Lee, & Park, 2003,
citados por Teixeira, 2007), a alteração no panorama
das doenças, de predominantemente infeciosas a
predominantemente crónicas (Bowden, Fox, & Rushby,
2003; Lowy & Bernhard, 2004, citados por Teixeira, 2007),
a inuência das medidas médicas objevas e tradicionais
na avaliação das limitações impostas pela doença e os
seus tratamentos nas diferentes dimensões da vida
da pessoa doente e o movimento de humanização da
medicina foram fatores que contribuíram para reforçar
a relevância da qualidade de vida em contextos clínicos/
médicos (Bonomi et al., 2000; Feck, 2008; Ribeiro, 1994,
citados por Teixeira, 2007).
Na área da saúde, a qualidade de vida dene, portanto,
o impacto da doença sobre a vida e o bem-estar do
indivíduo, sendo neste contexto parcularmente
conhecida por qualidade de vida relacionada com
a saúde. É no âmbito da doença crónica que se tem
vericado um maior interesse em avaliar a qualidade
de vida, sendo que a importância da conceptualização
deste conceito está inmamente ligada à evolução
das doenças prolongadas (Heinemann, 2000; Ribeiro,
1997, citados por Teixeira, 2007). A terapêuca
anretroviral (TAR) permiu uma redução signicava
da mortalidade e da incidência das principais infeções
oportunistas, introduzindo, assim, importantes
alterações à história natural da infeção pelo VIH, e
constuindo uma intervenção ecaz na melhoria da
sobrevivência dos doentes infetados (Schumaker,
et al., 1997, citados por Polejack & Fortunato, 2002;
Seidel, Tróccoli & Zannon, 2001). Neste contexto, a
melhoria da qualidade de vida torna-se um aspeto
central para o cuidado e apoio às pessoas que
vivem com o VIH e SIDA em que, para um doente
infetado pelo VIH, não é apenas a duração da sua
vida o centro da sua preocupação, mas igualmente
a sua qualidade. A este respeito, Leplége, Rude,
Ecosse, Ceinos, Dohin, e Pouchhet (1997, citados
por Pereira, 2005) referem que, em temos gerais,
os doentes rejeitam um tratamento especíco que
aumente a duração da sua vida mas que reduza a sua
qualidade de vida. Consequentemente, e no contexto
mais global da doença crónica, trata-se de viver e
não sobreviver (Moniz & Barros, 2005, citados por
Pereira, 2005). Apesar dos avanços nas terapêucas,
a infeção pelo VIH connua a caracterizar-se pela
presença de múlplas manifestações, a maioria das
quais fortemente comprometedoras da qualidade de
vida dos doentes infetados (Remple, Hilton, Ratner, &
Burdge, 2004, citados por Fleck, 2006).
VIH e SIDA: Impacto na Vida Familiar e Coping
O diagnósco do VIH e SIDA tem um impacto negavo
não nos doentes, mas também nas respevas
famílias desses doentes. Normalmente, as famílias
podem ser alvo de preconceitos, os quais podem
estar relacionados com o medo de contaminarem
outras famílias, o que faz com que, muitas vezes,
sofram de isolamento social, desemprego (quando a
endade patronal descobre a seroposividade) e o
próprio sujeito doente pode apresentar senmentos
de culpa para com a família. Neste sendo, podemos
armar que não é o doente que sofre com o VIH e
SIDA, mas todo o sistema familiar é afetado por esse
diagnósco (Relvas, s.d). Atendendo ao subsistema
conjugal, quando um dos parceiros é seronegavo
e o outro posivo, os conitos podem ser intensos,
começando o parceiro não infetado por quesonar a
delidade do outro, recusando-se a manter uma vida
sexual ava, enquanto a origem da doença não for
desvendada, não querendo aceitar a traição da pessoa
amada, e preocupando-se por poder desenvolver
a doença (Dicks, 1997, citado por Correia, 2004).
Não obstante estas situações, é possível encontrar
casais que se unem, para enfrentar a doença, criando
mecanismos que melhoram a maneira de lidar com
a doença, contando aos elementos da família a sua
seroposividade, procurando o amor nos lhos, na
família, nos amigos, deixando a doença para segundo
plano (Veronesi et al., 1999, citados por Jackson,
2002). Nesta altura, famílias que se remetem ao
silêncio para protegerem o doente e a si próprias, o que
provoca, muitas vezes, uma disfunção na comunicação
(BIPAI, 2010). Por outro lado, os níveis emocionais,
afevos e funcionais podem estar afetados, o que
altera a vida de cada elemento da família, e muitas
vezes, de todo o grupo familiar. Como em qualquer
doença crónica, também no VIH e SIDA a família tem
que fazer o luto pela sua imagem de família saudável,
com tudo o que isso pressupõe em termos do futuro
da família (Relvas, s.d.). O sistema familiar é composto
por funções e papéis desempenhados pelos seus
elementos, e quando alguém adoece, de um momento
para o outro, é preciso reorganizar o sistema familiar,
pois ocorrem mudanças relevantes na vida da família,
quer a nível estrutural, quer a nível laboral, nanceiro
e social. Para que a família se reorganize e dena
novos papéis, é preciso ajustar as funções atribuídas
a cada um, de modo a que a família possa fazer face à
doença crónica do seu familiar. Embora isso não seja
uma tarefa fácil, famílias que conseguem, enquanto
outras simplesmente abandonam o familiar doente à
sua sorte (Veronesi et al., 1999, citados por Jackson,
2002). A importância do suporte familiar no processo
de adaptação a uma nova condição de vida pode
ser evidenciada de diversas formas, em diferentes
momentos, do diagnósco às manifestações clínicas,
desde que o sujeito saiba como dar conta da sua
doença aos outros, e quais as possibilidades que
Estratégias de Coping Familiar e Qualidade de Vida em Angola: Estudo Exploratório com Doentes com VIH e SIDA em Contexto Militar
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tem para ultrapassar os problemas que vão surgir
no decurso da doença (Gualda, 1998). No que diz
respeito aos eslos de coping, ou seja, às formas
habituais de lidar com o stress destacam-se dois pos
de coping”: um que atua no sendo de minimizar
o efeito do acontecimento (coping resistente ou
passivo) e outro que empreende esforços que visam
alcançar um estado de reorganização e adaptação
(coping adaptavo ou avo), estes eslos inuenciam
fortemente o modo como são enfrentadas as novas
situações (Antoniazzi, Dell’aglio, & Bandeira, 1998;
Guido, 2003). As estratégias de coping ulizadas para
lidar com eventos stressantes têm sido estudadas
por invesgadores interessados em entender as
consequências psicológicas dos eventos de vida e a
maneira como os eventos stressantes são vivenciados
(Guido, 2003). A relação existente entre múlplos
fatores psicológicos e as possíveis variações do
funcionamento do sistema imunológico, que podem
originar uma maior ou menor suscebilidade diante
de agentes patogénicos, parece essencial ao tratar-se
a infeção por VIH. Nesse sendo, Ulla e Remor (2002,
citados por Pereira, 2005) descreveram os resultados
de vários estudos, sugerindo que um pior estado
de ânimo, um maior nível de stress e estratégias de
enfrentamento desvinculadas de uma ação mais
ava diante dos problemas estariam diretamente
associados a um pior prognósco, originando uma
progressão mais rápida do vírus no organismo. Sendo
assim, descobrir que se es com VIH e SIDA pode
gerar um estado prolongado de stress, trazendo o
medo e a angúsa. Segundo Lopes e Fragra (1998),
o stress aumenta, muitas vezes, em função do
comportamento social das demais pessoas, o que
faz com que a seroposividade, para o VIH, se torne
equivalente a uma sentença de morte. Portanto,
a pessoa com VIH passa por situações stressantes
que, segundo os autores, podem contribuir para a
deterioração do sistema imune, afetando a sasfação
com vida e a sua relação familiar.
Amostra
A amostra geral deste estudo é constuída por 60
sujeitos, dos quais 30 compõem o grupo de militares
com VIH e SIDA e 30 o grupo de militares sem VIH e
SIDA (grupo de controlo). Os parcipantes são todos
militares das forças armadas angolanas, pertencentes
Variáveis Grupo SIDA Grupo Controlo Amostra total
n=30 n=30 N=60
N % n % N %
Sexo
Masculino 28 93.3 28 93.3 56 93.3
Feminino 2 6.7 2 6.7 4 6.7
Idade
20-30 8 26.5 8 25.5 16 26.7
31-40 12 40.0 10 33.2 22 36.8
41-50 8 26.6 10 33.3 18 30.0
51-63 2 6.6 2 6.6 4 6.8
Nível Escolaridade
1º Ciclo incompleto 4 13.4 3 10.0 7 12.1
1º Ciclo 3 10.0 3 10.0 6 10.3
2º Ciclo 13 43.3 7 23.3 20 34.4
3º Ciclo 5 16.3 7 23.4 12 20.2
Secundário 3 10.0 6 20.0 9 15.5
Superior - - 4 13.3 4 6.9
Estado Civil
Solteiro 4 13.3 1 3.3 5 8.3
Casado 3 10.0 5 16.7 8 13.3
União de facto 18 60.0 20 66.6 38 63.3
Separado 3 10.0 2 6.7 5 8.3
Viúvo 2 6.7 2 6.7 4 6.6
Etnia
Nhaneca 7 23.3 2 6.6 9 15.5
Umbundo 12 40.0 9 30.0 21 35.0
Quimbundo 1 3.3 3 10.0 4 6.7
Nganguela 6 20.0 5 16.7 11 18.3
Cuanhama 3 10.0 1 3.3 4 6.7
Outros 1 3.3 10 33.3 11 18.3
Área de residência
Centro da cidade 6 20.0 5 16.7 11 18.3
Arredores/Bairro 24 80.0 25 83.3 49 81.7
Fonte de rendimentos
Lucros/Invesmentos 1 3.3 - - 1 1.7
Vencimento mensal 28 93.3 30 100.0 58 96.7
Renumeração semanal 1 3.3 - - 1 1.7
NSE
Baixo 12 40.0 17 56.7 29 48.3
Médio 16 53.3 9 30.0 25 41.7
Elevado 2 6.7 4 13.3 6 10.0
Patente
Cabo 2 6.7 5 16.7 7 11.7
Capitão 1 3.3 2 6.7 3 5.0
Major 1 3.3 1 3.3 2 3.3
Sargento 9 30 6 20.3 15 25.0
Soldado 11 36.7 11 6.7 22 36.7
Sub-Insp 2 6.7 - - 2 3.3
Tenente 4 13.3 5 16.7 9 15.0
Tabela 1. Caracterização da Amostra: Variáveis sociodemográcas
à Região Militar Sul de Angola. A amostra (por
conveniência) foi recolhida no Hospital Militar do
Lubango, sendo selecionada segundo os seguintes
critérios de inclusão: (a) sujeitos militares, (b) de
nacionalidade angolana, (c) terem o documento de
consenmento informado assinado, (d) para o grupo
VIH/SIDA serem portadores do VIH e SIDA, e (e) para
o grupo de controlo não serem seroposivos para o
VIH e SIDA. Numa primeira fase, os militares foram
submedos ao teste de despiste do VIH (determine).
Caso o diagnósco fosse posivo estes eram incluídos
no grupo de militares com VIH e SIDA do presente
estudo, caso fosse negativo integravam o grupo
de controlo.
Caracterização da Amostra
De seguida apresentamos os dados descrivos da
amostra do nosso estudo (cf. Tabela 1).
Os sujeitos parcipantes do presente estudo foram 28
(93.3%) do sexo masculino e dois (6.7%) do sexo feminino,
para cada gupo respevamente e, apresentam idades
compreendidas entre os 20 os 63 anos, vericando-
se que 36.8% (n=22) das idades dos sujeitos situam-se
entre os 31-40 anos. Por sua vez, a minoria dos sujeitos
encontra-se entre os 51-63 anos (6.8%, n=4). Vericando-
se que 40.0% (n=12) dos sujeitos pertencentes ao grupo
VIH e SIDA têm idades compreendidas entre os 31-40
anos, face aos 33.2% (n=10) no grupo de controlo. No que
concerne ao nível de escolaridade, no grupo de militares
com VIH e SIDA, 43.3% (n=13) têm o 2º Ciclo e no grupo
dos militares que não têm VIH e SIDA 23.3% (n=7),
respevamente, sendo este o nível de escolaridade mais
representavo da nossa amostra. Quanto ao estado civil,
63.3% (n=38) da amostra total vivem em união de facto.
Ao nível das etnias, vericou-se que a etnia Umbundo
é a mais prevalente em ambos os grupos em relação
às outras etnias (35.0% na totalidade da amostra). Da
amostra total, 18.3% (n=11) vivem no centro da cidade e
81.7% (n=49) vivem nos arredores/Bairro. Relavamente
ao rendimento dos militares, 96.7% (n=58) da amostra
total vive do vencimento mensal. Quanto ao nível
socioeconómico (NSE) destas famílias, 48.3% (n=29)
pertencem ao nível baixo, 41.7% (n=25) ao nível médio
e 10.0% (n=6) ao nível elevado. Vericou-se que 53.3%
sujeitos do grupo de militares com VIH e SIDA possuem
um NSE médio (n=16) e no grupo de militares sem VIH
e SIDA há 56.7% de NSE baixo.
Estratégias de Coping Familiar e Qualidade de Vida em Angola: Estudo Exploratório com Doentes com VIH e SIDA em Contexto Militar
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A Tabela 2 refere-se à caracterização da amostra no
que diz respeito às variáveis familiares. Vericamos
que 95.0% da amostra total (n=57) tem lhos, sendo
a média de lhos de 3.51 (DP=2.09), a maioria dos
sujeitos da amostra entre 2 a 4 lhos (79.7%, n=33).
Quanto à etapa do ciclo vital da família, 25.0% (n=15)
são famílias Quanto à etapa do ciclo vital da família,
25.0% (n=15) são famílias com lhos pequenos,
23.3% (n=14) famílias com lhos em idade escolar,
21.7% (n=13) famílias com lhos adolescentes, 11.7%
(n=7) casal sem lhos e 18.3% (n=11) com lhos
adultos, sendo estes dois úlmos grupos os menos
representados na nossa amostra. A respeito do
agregado familiar, a maioria dos sujeitos (55.0%, n=33)
pertence a famílias compostas por 6 a 12 elementos.
Para averiguar a equivalência dos dois grupos quanto
às variáveis sexo, estado civil, nível de escolaridade
e área de residência, foram efetuados uma série
de testes de Qui-Quadrado. Denotou-se uma total
equivalência para a variável sexo χ2(1)=0.00, p=1.000,
visto que os dois grupos são compostos por 28
sujeitos do sexo masculino e dois do sexo feminino.
Relavamente ao estado civil, χ2(1)=2.605, p=.626,
nível de escolaridade, χ2(1)=15.249, p=.171, e área
de residência, χ2(1)=0.480, p=.488, vericou-se que
o se encontraram diferenças estatisticamente
significativas entre os dois grupos de militares
nestas três variáveis.
Tabela 2. Caracterização da Amostra: Variáveis familiares
Variável Grupo SIDA Grupo Controlo Amostra total
n=30 n=30 N=60
N % n % N %
Filhos
Sim 28 93.3 29 93.0 57 95.0
Não 2 6.6 1 3.3 3 3.3
Número lhos
0-1 6 20.0 5 16.6 11 18.7
2-4 16 43.0 17 36.7 33 55.9
5-1 7 23.0 8 26.6 15 25.5
Etapa Ciclo Vital
Formação casal 6 20.0 1 3.3 7 11.7
Família lhos pequenos 6 20.0 9 30.0 15 25.0
Família lhos escola 6 20.0 8 26.7 14 23.3
Família lhos adolescentes 6 20.0 7 23.3 13 21.7
Família lhos adultos 6 20.0 5 16.7 11 18.3
Agregado Familiar
2-5 13 43.3 14 46.6 27 44.9
6-12 17 56.6 16 53.3 33 55.0
Resultados
O alfa de Cronbach para os itens do QOL no nosso
estudo foi de .958. A análise da correlação dos itens
com o total da escala (cf. Tabela 3) permiu-nos vericar
que os itens 7 “Qual o seu nível de sasfação com a
sua própria saúde” e 32 “Qual o seu nível de sasfação
com a quandade de dinheiro que deve (hipoteca,
emprésmo e cartões de crédito)” apresentam um
índice de correlação muito baixo (r =.180 e .096,
respevamente). E vericou-se que, caso estes itens
sejam eliminados, registar-se-ia um ligeiro aumento ao
nível do alfa de .958 para .960 e .961, respevamente
(cf. Tabela 3). Quanto à estasca descriva, o item com
a média mais baixa é o 33 (M=1.35; DP=6.33) “Qual o
seu nível de sasfação de poupança? e o item com a
média mais elevada é o 32 (M=4.00; DP=1.46) “Qual o
seu nível de sasfação com os seus lhos?”.
A Tabela 2 refere-se à caracterização da amostra no
que diz respeito às variáveis familiares. Vericamos
que 95.0% da amostra total (n=57) tem lhos, sendo a
média de lhos de 3.51 (DP=2.09), a maioria dos sujeitos
da amostra entre 2 a 4 lhos (79.7%, n=33). Quanto à
etapa do ciclo vital da família, 25.0% (n=15) são famílias
Quanto à etapa do ciclo vital da família, 25.0% (n=15)
são famílias com lhos pequenos, 23.3% (n=14) famílias
com lhos em idade escolar, 21.7% (n=13) famílias
com lhos adolescentes, 11.7% (n=7) casal sem lhos
e 18.3% (n=11) com lhos adultos, sendo estes dois
úlmos grupos os menos representados na nossa
amostra. A respeito do agregado familiar, a maioria dos
sujeitos (55.0%, n=33) pertence a famílias compostas
por 6 a 12 elementos. Para averiguar a equivalência dos
dois grupos quanto às variáveis sexo, estado civil, nível
de escolaridade e área de residência, foram efetuados
uma série de testes de Qui-Quadrado. Denotou-se
uma total equivalência para a variável sexo χ2(1)=0.00,
p=1.000, visto que os dois grupos são compostos por
28 sujeitos do sexo masculino e dois do sexo feminino.
Relavamente ao estado civil, χ2(1)=2.605, p=.626,
nível de escolaridade, χ2(1)=15.249, p=.171, e área de
residência, χ2(1)=0.480, p=.488, vericou-se que não se
encontraram diferenças estascamente signicavas
entre os dois grupos de militares nestas três variáveis.
Instrumentos
O protocolo de invesgação ulizado envolve
três instrumentos de avaliação: Quesonário
Sociodemográco, Quesonário de Qualidade de
Vida (Olson e colaboradores 1985 citados por Relvas,
2009) e a Escala de Avaliação Pessoal Orientada para
a Crise em Família (F-COPES; McCubbin, Olson, &
Larsen, 1981 citados por Relvas, 2009). Quesonário
Sociodemográco: Criado de raiz no âmbito do
Mestrado Integrado em Psicologia Clínica, subárea de
especialização em Sistémica, Saúde e Família da FPCE-UC
e UPRA (Campus do Lubango), com o intuito de recolher
dados relavos à idencação e caracterização dos
respondentes, à composição do agregado familiar, à
área de residência, às caracteríscas da habitação, aos
eletrodoméscos e conforto existentes na habitação e a
principal fonte de rendimento da família. O NSE foi ulizado
para medir o nível socioeconómico dos sujeitos.
Quesonário de Qualidade de Vida (Olson & Barres,
1982, citados por Olson et al., 1985): Avalia o grau de
sasfação experienciado pelo indivíduo em relação
à qualidade de vida percebida. É um inventário de
auto-resposta, construído por 40 itens, cotados numa
escala de resposta de po Likert de cinco pontos (de
1 insatisfeitoa 5 extremamente satisfeito”).
O instrumento é composto por 10 subescalas, variando
no número de itens que as compõem: Bem-estar
Financeiro (6 itens), Lar e Educação (7 itens), Vizinhança
e Comunidade (6 itens), Tempo (4 itens), Mass Media
(4 itens), Casamento e Vida Familiar (4 itens), Emprego
(3 itens), Saúde (2 itens), Religião (2 itens), e Amigos
(2 itens). Escalas de Avaliação Pessoal Orientada
para a Crise em Família (F-COPES; McCubbin, et al.,
1981): Avalia as estratégias de coping familiar internas
(ulização de recursos inerentes à família) e externas
(ulização de recursos exteriores ao sistema familiar).
Para tal, os sujeitos têm que pontuar numa escala de
po Likert de cinco pontos (de 1 discordo muitoa 5
concordo muito”) as suas respostas. Os resultados
elevados correspondem a uma melhor perceção das
estratégias de coping familiar.
Estratégias de Coping Familiar e Qualidade de Vida em Angola: Estudo Exploratório com Doentes com VIH e SIDA em Contexto Militar
Palmira Gaspar Correia
TUNDAVALA
Revista Angolana de Ciência
Itens QOL M DP
Correlação
Item-total
Alfa de Cronbach
Item Eliminado
QOL1 3.77 2.00 .744 .956
QOL2 3.72 1.30 .680 .956
QOL3 3.85 1.10 .691 .956
QOL4 3.68 1.17 .565 957
QOL5 3.43 0.85 .590 .957
QOL6 3.60 0.91 .570 .957
QOL7 2.82 1.30 .180 .960
QOL8 3.47 0.99 .466 .957
QOL9 2.88 1.20 .770 .956
QOL10 2.85 1.80 .752 .956
QOL11 2.93 1.20 .727 .956
QOL12 2.90 1.70 .770 .956
QOL13 2.87 1.90 .735 .956
QOL14 1.90 1.04 .567 .957
QOL15 1.67 0.95 .593 .957
QOL16 1.95 1.05 .585 .957
QOL17 2.22 0.85 .743 .956
QOL18 2.27 0.78 .739 .956
QOL19 2.20 0.86 .729 .956
QOL20 2.18 0.83 .761 .956
QOL21 3.40 0.94 .420 .958
QOL22 3.35 0.95 .413 .958
QOL23 3.75 1.20 .543 .957
QOL24 3.75 1.20 .558 .957
QOL25 2.50 1.06 .618 .957
QOL26 2.25 1.02 .694 .956
QOL27 2.12 0.96 .662 .956
QOL28 2.13 0.87 .687 .956
QOL29 2.03 0.86 .739 .956
QOL30 2.18 1.03 .716 .956
QOL31 2.50 1.30 .634 .956
QOL32 4.00 1.46 .096 .961
QOL33 1.35 0.63 .394 .958
QOL34 1.37 0.63 .512 .957
QOL35 2.08 0.94 .500 .957
QOL36 1.98 0.81 .619 .957
QOL37 2.05 0.89 .627 .957
QOL38 2.03 0.94 .616 .957
QOL39 1.68 0.83 .596 .957
QOL 40 2.05 0.93 .506 .957
Tabela 3. Estasca descriva e estudo do alfa de Cronbach: QOL Tabela 4. Estasca descriva e estudo do alfa de Cronbach: F-COPES
Itens F-COPES M DP
Correlação
Item-total
Alfa de Cronbach
Item Eliminado
F COPES1 3.68 1.20 . 578 .928
F COPES2 3.40 1.17 .613 .927
F COPES3 3.55 1.17 .800 .925
F COPES4 3.38 1.20 .747 .926
F COPES5 3.60 1.30 .688 .926
F COPES6 1.73 0.89 .261 .931
F COPES7 2.57 1.20 .668 .927
F COPES8 1.82 0.91 .436 .929
F COPES9 1.53 0.96 .226 .932
F COPES10 1.93 1.01 .132 .933
F COPES11 2.52 1.40 .623 .927
F COPES12 1.72 1.10 .306 .931
F COPES13 2.85 1.40 .492 .929
F COPES14 3.82 1.10 .432 929
F COPES15 3.65 1.04 .703 .926
F COPES16 3.08 1.30 .615 .927
F COPES17 2.72 1.20 .552 .928
F COPES18 1.60 0.84 .362 .930
F COPES19 2.62 1.20 .534 .928
F COPES20 2.65 1.30 .710 .926
F COPES21 1.55 0.98 .466 .929
F COPES22 3.22 1.30 .625 .927
F COPES23 3.60 1.20 .583 .928
F COPES24 3.22 1.30 .790 .925
F COPES25 3.00 1.30 .682 .926
F COPES26 3.17 1.20 .586 .928
F COPES27 3.35 1.30 .550 .928
F COPES28 2.38 1.40 .352 .930
F COPES29 2.77 1.10 .283 .931
F COPES30 4.17 0.88 .473 .929
Na Tabela 4 apresentamos os valores das estascas
descrivas (M e DP) e o estudo de consistência interna
para os itens do F-COPES. Obvemos um alfa de
Cronbach de.931. Contudo, a análise de correlação entre
os itens e o total da escala (cf. Tabela 4) permiu-nos notar
que o item 9 “Procuramos informação e conselhos
junto do médico de família” e o item 10 “Pedimos aos
nossos vizinhos que nos façam favores e nos dêem
assistência” apresentam um índice de correlação muito
baixo (r = .226 e .132, respevamente). Caso sejam
Estratégias de Coping Familiar e Qualidade de Vida em Angola: Estudo Exploratório com Doentes com VIH e SIDA em Contexto Militar
Palmira Gaspar Correia
TUNDAVALA
Revista Angolana de Ciência
Conclusão
As principais vantagens do nosso estudo são as
seguintes: (a) o seu caráter inovador, uma vez que em
Angola não encontramos nenhum estudo que aborde
as variáveis de qualidade de vida e estratégias de coping em
doentes com VIH e SIDA; (b) as implicações políco-sociais,
visto que procuramos sensibilizar os militares e a
sociedade em geral para a importância de fomentar
a qualidade de vida em portadores de doença crónica
(VIH e SIDA), de modo a atenuar o impacto económico
decorrente da própria doença. Consideramos os
seguintes pontos como limitações do nosso estudo:
(a) o facto de este ter sido realizado num contexto
militar onde existe condencialidade absoluta e não
há uma grande abertura para se explorarem possíveis
causas para os resultados encontrados e para a recolha
de dados; (b) o tamanho reduzido da amostra para o
universo dos militares; (c) a falta da presença da família
nesta problemáca, que poderia ser uma fonte rica de
informação e de ajuda para conhecermos a realidade
dos parcipantes; (d) o facto de não se ter adaptado e
validado os instrumentos para a população angolana,
daí haver uma impossibilidade de proceder aos
estudos considerando as subescalas dos instrumentos
ulizados. Acrescenta-se, ainda, a falta de cultura/
hábito dos indivíduos em parcipar em estudos
que impliquem o preenchimento de quesonários
e de exporem a sua vida a outrém, o baixo nível de
escolaridade, o fraco domínio da língua portuguesa,
uma vez que a maioria dos sujeitos expressava-se
melhor no seu dialeto o que dicultava a compreensão
de alguns itens do quesonário, como também o
esgma e a discriminação aos portadores do VIH e SIDA
existentes no país fez com que os parcipantes não
se senssem muito à vontade para parlhar as suas
experiências de vida. Neste sendo, esperamos que
este estudo impulsione novas reexões, que ajudem
a implementar em Angola novas prácas de apoio aos
militares em parcular, e à sociedade em geral, nas
famílias com VIH e SIDA. Nesta perspeva, temos a
expetava de que novos estudos se façam de modo
a explorar quais as estratégias de coping ulizadas
pelos militares, principalmente os portadores de VIH e
SIDA, porque sabemos que uma grande percentagem
da população angolana é militar, devido ao longo
período de luta armada que o país vivenciou, visto que
durante este período todos os jovens em idade militar,
principalmente os rapazes, era obrigados a cumprir
serviço. Para além disso, seria interessante um estudo
que procurasse compreender como, na realidade,
vivem os militares com e sem o VIH e SIDA em Angola.
Por outro lado, seria igualmente importante avaliar o
efeito das polícas de prevenção do VIH e SIDA e tentar
eliminados, o alfa aumentaria ligeiramente para .932 e
.933, respevamente. Ao nível da estasca descriva,
o item com a média mais baixa é o 9 “Procuramos
informação e conselhos junto do médico de família”
(M=1.53; DP=0.96) e o item com a média mais elevada
é o 30 (M=4.17; DP=0.88) Temos fé em Deus”.
No nosso estudo pretendemos comparar a perceção
das estratégias de coping familiar e a qualidade de
vida dos sujeitos com e sem VIH e SIDA em contexto
militar, em Angola. Os resultados alcançados no
nosso estudo revelam que os dois grupos em análise
Agradecimentos
Aos meus colegas Armindo Gabriel e
Martinho Angelina pelo apoio na elaboração
do presente artigo.
(seroposivos e não seroposivos) não se diferenciam
signicavamente quer ao nível da qualidade de
vida quer ao nível das estratégias de coping familiar.
Contudo, apesar da natureza exploratória do nosso
estudo, vericamos que existe uma associação
estascamente signicava, moderadamente
elevada e posiva entre as variáveis, o que poderá
signicar que quanto maior forem as atudes e
comportamentos de resolução de problemas das
famílias em resposta ao problema vivenciado, melhor
será a sua qualidade de vida.
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perceber as causas subjacentes ao aumento
constante desta doença em Angola. Neste
sendo, o desenvolvimento de um estudo
comparavo entre sujeitos ou famílias
que foram alvo de apoio social dirigido à
população seroposiva, e aqueles que não
foram alvo deste po de intervenção, de
modo a explorar as maiores diculdades que
o grupo que não foi alvo apresenta, seria
uma boa estratégia a m de se colmatar
com polícas sociais efevas. Esperamos
com este estudo, ter contribuído para o
conhecimento sobre a qualidade de vida e
estratégias de coping no seio dos militares
com VIH e SIDA do Sul de Angola. Igualmente
esperamos ter fornecido informações
pernentes aos prossionais de saúde
do Hospital Militar, consciencializando-os
para a necessidade de proporcionarem
condições para uma vivência mais
sasfatória, com maior acompanhamento
psicológico do doente, fornecendo mais
apoio a nível social e, a tulo de exemplo,
criar grupos psicoeducavos durante o
acompanhamento psicoterapêuco.
Palmira Gaspar Correia
Estratégias de Coping Familiar e Qualidade de Vida em Angola: Estudo Exploratório com Doentes com VIH e SIDA em Contexto Militar