TUNDAVALA
Revista Angolana de Ciência
Jorge Manuel de Sousa Chaves, jorgemchaves2000@yahoo.com.br
Instituto Superior Politécnico Tundavala
Lubango-Angola
IMPACTOS PSÍQUICOS DA VIOLÊNCIA NO
CONTINUUM URBANO E RURAL DO LUBANGO
Resumo
Este estudo conjuga os conhecimentos de duas
especialidades das Ciências Humanas, a Antropologia
e a Psicologia, tendo por objecvo geral estabelecer
conexões entre os impactos psíquicos da violência
políca vivida no período de guerra e algumas
variáveis que inuenciam o estado de saúde mental
das populações no connuum urbano e rural do
Lubango, nomeadamente a ansiedade e a depressão.
O estudo baseia-se principalmente num inquérito
por amostragem de 300 indivíduos de idades
compreendidas entre os 18 eos 65 anos, da cidade
do Lubango e dos municípios da Matala e Humpata
(zonas rurais). Para a recolha de dados ulizou-se
o quesonário de Beck que é um instrumento de
depressão para adultos e o inventário de Ansiedade
Idate-Estado desenvolvido por Spielberger e outros
(1970). Os resultados indicam que não diferenças
entre as duas zonas com respeito à ocorrência e à
intensidade de depressão. No tocante à ansiedade,
não diferença em relação à intensidade dos
sintomas mas sim em relação à ocorrência, sendo
que no meio rural uma ocorrência de ansiedade
signicavamente maior do que no meio urbano.
Palavras-chave: Violência Políca; Impactos Psíquicos;
Ansiedade; Depressão
Abstract
This study is very interesng for it unites two specialies
in Human Science, Antropology and Psychology. The
objecve is to establish connecons between the
diverse psychological impacts of the polical violence
lived during the war and some other variables that
have inuenced the mental health of the populaons
in the urban and rural areas of Lubango, like anxiety
and depression. The base of the study is made on an
enquiry to 300 individuals between the ages of 18 to
65 in Lubango an Matala and Humpata. To obtain all
the informaon we used the Beck´s quesonnaire
which is an instrument used to diagnose of depression
in adults. For the anziety we have used the Anxiety
Inventory Idate-State invented by Spielberger et
all (1970). The results show no diference in the
occurrence and intensity of the depression in the area
of Lubango and surcundings Now on the results on
the intensity of the anxiety there is also no dierence
in areas but in relaon to the occurrence in the rural
areas the anxiety is signicantly higher than in urban
areas of Lubango.
Keywords: Polical violence, Psichological Impacts,
Anxiety, Depression
Psichological Impacts of Violence in Rural and Urban Áreas of Lubango
A saúde mental tem sido descurada em Angola por
falta de estudos de prevalência das patologias mais
frequentes como consequência da guerra civil que
avassalou o país por cerca de 30 anos e por falta de
especialistas. Segundo Serra, (1995), a guerra é um
dos acontecimentos mais traumazantes, na medida
em que costuma provocar a morte de um grande
número de pessoas e é uma ameaça grave à vida e
sobrevivência de muitas outras. As vímas de um
conito armado perdem familiares, amigos, haveres
pessoais, muitas vezes têm de deixar a região onde
vivem para irem para outra mais segura. Muitas
pessoas morreram vímas directas ou indirectas
da guerra. Dados do nal do nal do conito em
Angola apontam para 2,7 milhões de indivíduos que
morreram de fome e 1,5 milhões de angolanos mortos
nos conitos armados (Ventura, 2002).
A violência é um fenómeno complexo que envolve
indivíduos, relações interpessoais, comunidades e a
sociedade (Figueira, 2008: 183-4). Durante as úlmas
décadas, a violência tem-se tornado um dos principais
problemas de saúde pública, que consistentes
evidências de que é uma das principais causas de
mortalidade e morbilidade em todas as partes do
mundo. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (Krug, et al. 2002: 87-98), mais de 1,6 milhões
de pessoas morreram no ano 2000 como resultado da
violência. Mais de 90% dessas mortes ocorreram em
países em desenvolvimento (Guerrero, R. 2002: 32-39).
As referências desenvolvidas, combinando diversas
palavras-chave associadas ao tema deste trabalho
(violência políca, Angola pós-conito, impactos
psíquicos), consistem, basicamente, num enfoque
possível do efeito principal da exposição à violência.
Fazendo uma análise bibliográca de estudos
especícos em África sobre perturbações que
derivam de impactos psíquicos (ansiedade e
depressão), também vericamos não haver estudos
epidemiológicos da violência, tornando-se dicil
avaliar a verdadeira dimensão do problema, ainda que
estudos com refugiados, mais perto de nós, como os
estudos pioneiros de Ventura e McIntyre (1997: 15-18),
com adolescentes angolanos refugiados de guerra e
de Ralal (1997: 23-29), com crianças moçambicanas
vímas da guerra civil, apontam ambos para a dramáca
traumazação (PTSD) sofrida por vastas populações de
África, vímas da miséria e da guerra, e para a extrema
penúria de meios que têm que suportar.
Os resultados obdos nesta revisão dão suporte
à ideia de que a violência é um grande problema
de saúde pública e que uma parte signicava dos
problemas de saúde mental encontrados em países
em desenvolvimento pode ser atribuída à violência.
Os trabalhos que versam sobre impactos psíquicos
da violência políca em Angola são ainda raros, o que
jusca em parte a realização do presente estudo.
A delimitação dos distúrbios ansiedade e depressão
(que representam manifestações psicológicas mais
associadas à vivência de acontecimentos traumácos)
permiu discur os principais contornos do estado de
saúde mental das populações do Lubango, Humpata e
Matala que vivenciaram directa ou indirectamente o
período de guerra do sul de Angola.
Na base do exposto tornou-se patente a necessidade
de tentar estabelecer as conexões entre os impactos
psíquicos da violência (ansiedade e depressão) no connuum
rural e urbano da Huíla e as diferenças que se veri-
cam entre estes municípios.
Contexto geográco, social e histórico
da Província da Huíla
A nossa invesgação sobre impactos psíquicos
da violência centra-se na Província da Huíla, em
parcular, no município capital Lubango e em dois
municípios adjacentes, o da Matala e Humpata,
onde se encontram maioritariamente as populações
provenientes de outras localidades em que o período
de guerra foi mais intenso e prolongado.
Consideramos connuum rural-urbano, fundamentando-nos
na ideia de que o avanço do processo de urbanização é
responsável por mudanças signicavas na sociedade em
geral, angindo também o espaço rural e aproximando-o
da realidade urbana, Abramovay (2000:15) diz que
“… connuum rural-urbano signica que não existem
diferenças fundamentais nos modos de vida, na
organização social e na cultura, determinadas por sua
vinculação espacial.Não dúvidas que campo e cidade
são espaços diferentes, seja em sua paisagem, seja em
seu modo de vida. Contudo, é importante que se saliente
que, existem especicidades entre cada um deles. O
que se pretende dizer é que, mesmo sendo diferentes,
eles fazem parte de uma mesma trama territorial que
se relaciona a todo o momento. Se, por um lado, a
cidade busca matéria-prima, mão-de-obra, alimentos,
tranquilidade, contacto com a natureza, entre outros,
por outro lado, o campo procura ferramentas, alimentos
industrializados, modos de vida, electricidade, televisão,
entre outros. Assim, ambos os conceitos fazem parte
de uma vida comum, de uma mesma trama territorial
(Abramovay, 2000:15).
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Nesta perspecva consideramos importante fazer
uma breve referência à caracterização da província
da Huíla e dos três municípios onde se desenvolverá
o nosso trabalho, os municípios do Lubango, Matala
e Humpata, sendo que nos úlmos a acvidade
principal é a agricultura e a pecuária diferindo no
po de culturas e no grau de mecanização dos meios
ulizados nestas acvidades.
A Província da Huíla situa-se no sudoeste de Angola,
abrangendo uma área de 78.879 km2. Está delimitada
a Oeste pela Província do Namibe, a norte pelas
Províncias de Benguela e Huambo, a leste pelas
Províncias do Bié e do Kuando-Kubango, e a sul
pela Província do Cunene. Actualmente a divisão
administrava da Província da Huíla é composta por
14 municípios, 45 comunas (GPH, 2009).
Segundo o GPH, (2009) esma-se que 74% da
população da Província da Huíla se concentra em 6
dos 14 municípios, destacando-se o Lubango, Matala
e Caluquembe. Face à situação de guerra vericou-se
forte êxodo da população dos municípios do norte da
província para os municípios do Lubango e Matala.
Considera-se população urbana a que reside na sede
da província em habitações denivas. Na sua grande
maioria são funcionários públicos, empregados do
comércio e serviços e empresários. O Lubango, sede
administrava da província alberga o Governo Provincial,
Delegações Provincial dos Ministérios, Direcções
Regionais de Organismos e Empresas Públicas e ainda as
principais infra-estruturas de apoio (escolas, instutos
médios, universidades, hospitais, armazenistas, etc.).
Concentra maioritariamente a classe média e alta
da Província. A cidade encontra-se no centro de um
conjunto de eixos de vias de comunicação que ainda
mantêm alguma acvidade e que imprime alguma
animação económica à mesma (GPH, 2009).
Os municípios da Matala e Humpata enquadram-se no
que o GPH, (2009) considera população rural urbana,
a qual reside nos centros rurais que correspondem às
sedes dos municípios e que têm como rendimento
acvidades de índole comercial, agrícola e serviços
(funcionários públicos). A fuga por parte das
populações rurais por causa da guerra aumentou
a pressão demográca nas sedes municipais sob
administração do governo, provocando situações de
ruptura. Os municípios da Matala e Humpata têm
ainda algumas condições parculares que interessa
realçar. A acvidade agrícola geradora de excedentes
não se perdeu totalmente, existem ainda rescios de
alguma agricultura estruturada. Também a situação
geoestratégica em termos dos principais corredores
de transportes, o acesso às vias de comunicação
possibilitou algum nível de conservação das estruturas
produvas pelo que o rendimento nestas vilas é maior
do que nas restantes GPH (2009).
Segundo o GPH (2009), a população da província da
Huíla apresenta relava homogeneidade. Com efeito,
pertence, na sua maioria, à etnia dos Muílas, que
conjuntamente com os Gambos constui uma unidade
maior, os Nhanecas. Neste sendo, poder-se-á dizer
que a população huilana pertence especicamente
a seis grupos etnolinguíscos, designadamente os
Nyaneca-Nkhumbi, Umbundo, Nganguela, Quioco,
Herero e não-Bantu.
Os dados demográcos disponíveis são extremamente
escassos, embora os que serão apresentados mereçam
um grau de conança relava devido aos seguintes
factores: falta de um censo recente; divergências nos
valores dos dados nas diversas fontes consultadas;
movimentos populacionais provocados pela situação de
guerra; Os dados referentes aos anos de 1985, 1990, 1993
e 1998 são valores esmados e não valores absolutos.
Contudo, esta situação não impossibilita uma análise
demográca representava da população em estudo.
A parr da análise do presente quadro, podemos
vericar que, a população da província da Huíla tem
vindo a aumentar no decorrer dos anos. O maior
acréscimo global da população registou-se na década
de 70, cuja taxa de variação angiu 20%. Na década
seguinte este acréscimo populacional manteve-
se, mas com menor signicado, apenas 11%. Na
década de 90, o aumento populacional foi ainda
menos signicavo, situando-se, somente, na ordem
dos 5%. O baixo acréscimo populacional existente
entre 1980-90 resulta, precisamente, da situação de
guerra vivida neste país. Nestes termos, de 1970 para
2009 a população aumentou 50%, o que traduz um
crescimento populacional a um ritmo regular, sem
grandes oscilações GPH (2009).
Abordamos a nossa matéria a parr de alguns conceitos
chave, tais como: Violência políca, impactos
psíquicos, ansiedade e depressão.
A violência como objecto de estudo é algo muito geral.
Diríamos que ela, enquanto objecto material, precisa ser
delimitada pelo ponto de vista a parr do qual é estudada,
ou seja, pelo objecto formal. Obedecendo a esta
exigência da lógica, pretendo analisar, neste trabalho, a
violência nos municípios do Lubango, Humpata e Matala
do ponto de vista de sua variável políca.
Foi certamente o lósofo inglês Thomas Hobbes quem
realizou, na modernidade, a primeira sistemazação
losóca acerca da violência como caracterísca do
homem em sociedade. Hobbes (1974) considerava
que a discórdia provinha da natureza do homem,
sendo que as três causas principais da mesma
seriam a compeção, a desconança e a glória. “A
primeira frisa o lósofo (Hobbes, 1974: 79) - leva
os homens a atacar os outros tendo em vista o lucro;
a segunda, a segurança; e a terceira, a reputação.
Os primeiros usam a violência para se tornarem
senhores das pessoas, mulheres, lhos e rebanhos dos
outros homens; os segundos, para defende-los; e os
terceiros por ninharias, como uma palavra, um sorriso,
uma diferença de opinião, e qualquer outro sinal de
desprezo, quer seja directamente dirigido às suas
pessoas, quer indirectamente aos seus parentes, seus
amigos, sua prossão e seu nome”.
A violência políca ocorre, segundo o mesmo lósofo
inglês, em dois momentos: antes do surgimento do
estado e quando este se corrompe. Hobbes (1974)
denomina de guerra de todos contra todos” à situação
de violência social anterior à criação do estado. Nela,
a vida humana não valia nada e todos eram reféns
do temor da morte violenta. Hobbes retratava assim
essa situação, como sombrias cores que traduziriam
perfeitamente o clima de violência, impunidade e
insegurança que vivemos hoje nas nossas sociedades
africanas: tudo aquilo que é válido para um tempo
de guerra, em que todo o homem é inimigo de todo
o homem é válido também para o tempo durante o
qual os homens não têm outra segurança senão a que
lhes pode ser oferecida pela sua própria força e sua
própria invenção. Numa tal situação não há lugar para a
indústria, pois seu futuro é incerto; consequentemente
não culvo da terra, nem uso de mercadorias
por obstrução das vias rodoviárias e ferroviárias de
comunicação, não conhecimento da face da terra,
nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não
há sociedade; e o pior de tudo, prevalece um constante
temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem
é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”
(Hobbes, 1974: 80).
Com Deleuze e Guaari (1997), didaccamente a
violência pode ser disnguida em quatro regimes:
políca, guerra, crime e luta. A luta é enquadrada
sob o registo da “violência primiva” caracterizada
como “golpe a golpe”, é organizada por uma série
que estabelece o código reconhecido do úlmo golpe
válido, do úlmo que tenha sido trocado ao bem
que tenha sido conquistado, o que, por seu turno,
possibilita até a ritualização da violência. A guerra é
enquadrada como um regime disnto e disngue-se
da luta enquanto mera guerra primiva, porque se
trata de idencar a mobilização de uma máquina,
que implica autonomização ante um aparelho contra
o qual se está guerreando. A violência como crime
inscreve-se no regime do “fora-da-lei” a ser de algum
modo capturada/anulada pelo direito” posto
como algo que captura o que não lhe é de direito,
(Deleuze & Guaari, 1997:89). Por m, políca de
estado ou violência de direito é aquela que, a um
tempo, captura e é dotada do direito de captura;
é a “violência estrutural, incorporada, que se opõe a
todas as violências directas” que leva Weber a denir
o estado como dotado do “monopólio da violência”,
monopólio que leva os autores à deteriorização do
Estado enquanto “Estado do Direito” (Deleuze &
Guaari, 1997:89).
Estas abordagens teóricas sobre violência políca leva-nos a
concluir que a violência não constui em si uma questão
de saúde pública, mas transforma-se num problema
para a área na medida em que afecta a saúde
individual e colectiva e exige, para sua prevenção
e tratamento, formulação de políticas específicas e
organização de práticas e de serviços peculiares ao
sector” (Minayo, 2005:29-37).
Esta violência conduz à abordagem de temácas
correlatas, tais como os impactos psíquicos, entre eles
a ansiedade e a depressão, permindo uma análise
sobre as implicações violentas da guerra para os
indivíduos e para a humanidade.
Impactos psíquicos da violência no continuum urbano e rural do Lubango
Jorge Manuel de Sousa Chaves
TUNDAVALA
Revista Angolana de Ciência
Fazendo uma breve caracterização histórica sobre os
impactos psíquicos da violência, é de salientar que nos
diferentes estudos realizados aquando da Primeira
Guerra Mundial, os principais impactos psíquicos
descritos foram os estados confusionais e a histeria de
conversão (Baddoura, 2002a: 51-55).
Na segunda guerra mundial, as principais patologias
assinaladas foram: estados psicócos agudos;
distúrbios psicossomácos, sobretudo nas camadas de
nível socioeconómico elevado; as neuroses de guerra,
caracterizadas, nomeadamente, por inibição da
acvidade, atudes regressivas, distúrbios emocionais
acompanhados por agressividade ou choro, medo
intenso, obsessões, pesadelos, enquadrando-se
alguns dos sintomas descritos no que se chama de
stress pós-traumáco (Baddoura, 2002a: 51-55).
Nas guerras mais recentes, por exemplo no Líbano,
no Vietname, nos territórios ocupados da Palesna
por Israel, são também descritos impactos psíquicos,
nomeadamente: descompensações psicócas,
sobretudo nos jovens; depressão, ansiedade e
sintomas hipocondríacos, sobretudo nos indivíduos
mais idosos; doenças psicossomácas e neuroses
de guerra, sobretudo nos indivíduos de nível
socioeconómico mais elevado; crises histéricas e
estados confusionais, sobretudo nos indivíduos de
nível socioeconómico baixo (Baddoura, 2002b: 51-55).
Este mesmo autor, reportando-se aos efeitos da
guerra do Líbano na população, refere que as taxas de
depressão acompanhadas de ansiedade, os distúrbios
somácos e as preocupações hipocondríacas
aumentaram signicavamente, devido, entre outros:
ao perigo, ao medo e à insegurança; à crise económica;
à ulização de drogas durante os combates; à
deslocação da população e à perda de bens pessoais;
à perda de valores morais e sociais; à facilidade em
aceder à droga a preços baixos (Baddoura, 2002b: 51-55).
O impacto dos conitos na saúde mental é inuenciado
por uma série de factores dentre estes se incluem: a
saúde psicológica dos afectados, antes do evento; a
natureza do conito; a forma de trauma (se é resultado
de viver a experiência e assisr a actos de violência ou
se é directamente inigido, como no caso de tortura
e de outros pos de violência repressiva); a resposta
ao trauma por indivíduos e comunidades; o contexto
cultural em que ocorre a violência (Summereld, 1991).
Com base no acima exposto os aspectos
psicopatológicos de alguns elementos da violência
que fazem parte do nosso objecto de invesgação são
a ansiedade e a depressão. Muito embora os actuais
manuais de classicação de doenças mentais tratem
separadamente os quadros ansiosos dos afecvos,
pesquisas e autores têm se preocupado em estabelecer
relações entre esses dois estados psíquicos.
Entende-se por Ansiedade, o estado de angúsa e
de preocupação exageradas geralmente sem objecto
denido, ao contrário das fobias. A ansiedade
está, no entanto, ligada ao medo, tensão, e pode
apresentar sintomas como dispneia e taquicardia.
Todas as neuroses apresentam formas de ansiedade.
As crianças podem passar por estados de ansiedade
quando se sentem isoladas e desprotegidas. Fala-se de
ansiedade objecva sempre que existem causas reais,
objecvas para a mesma – não é, neste caso, uma
forma de neurose (Mesquita, & Duarte, 1996a: 44-49).
As teorias de S. Schachter e de R. Lazarus são duas
teorias psicológicas precursoras de pracamente todas
as abordagens modernas da ansiedade. Os trabalhos
de Schachter salientaram-se por terem demonstrado a
inuência de factores cognivos nos estados emocionais.
Devido à forte inuência da medicina a concepção de
ansiedade na altura prevalecente via esta como um
fenómeno psicologicamente determinado, em que os
aspectos psicológicos eram considerados como que
epifenómenos. Neste sendo, as pesquisas de Schachter
foram revolucionárias e precursoras das modernas
concepções psicológicas da ansiedade. Para este autor,
a acvidade siológica fornece feedback ao cérebro,
originando um estado afecvo indiferenciado. O que a
pessoa vai senr, em termos de emoção, resulta de um
rótulo que ela dá a esse mesmo estado de acvação.
Centramos o nosso estudo na teoria de Spielberger
(1981), por parecer mais adequada à pesquisa
sobre impactos psíquicos da violência. Na teoria de
Spielberger (1981) é atribuído um papel fundamental
à avaliação cogniva na evocação de estados de
ansiedade, bem como aos processos cognivos
mobilizados para os eliminar ou reduzir. A activação
de estados de ansiedade envolve uma sequência
de acontecimentos ordenados temporalmente
iniciados por estímulos internos ou externos
e avaliados pelo indivíduo como perigosos ou
ameaçadores. A avaliação do esmulo ou situação
como ameaçadora seria também inuenciada pela
capacidade pessoal do indivíduo, sua experiência
passada, nível de ansiedade e pelo objecvo inerente
à situação. Neste sendo, e parafraseando Spielberger
(1981) qualquer esmulo interno ou externo
cognivamente como ameaçador evocará uma
reacção de ansiedade como estado. A intensidade e
duração dessa reacção emocional serão proporcionais
ao grau de ameaça que a situação se põe ao indivíduo,
bem como a persistência dos esmulos que a evocam.
Assim, deduzimos que a duração de uma reacção de
ansiedade depende da interpretação da ameaça, da
persistência e dos mecanismos psicológicos de defesa
que no passado se mostraram ecazes na redução dos
estados de ansiedade. Em suma, a Teoria da Ansiedade
de Spielberger (1981), que adoptamos para o nosso
estudo, fornece-nos uma análise sequencial cruzada
do fenómeno da ansiedade.
O conceito de depressão no contexto da nossa
problemáca remete-nos para o que está denido e
aceite a nível mundial no seio da psiquiatria e psicologia,
ou seja, é uma perturbação de humor caracterizada por
sintomas como apaa, tristeza, irritabilidade, múlplas
queixas somácas, ideias agressivas e perda de interesse.
Alguns dos aspectos desta doença que causam impacto
são: a elevada frequência na população e o caminho
traçado para a cronicidade; a cormobilidade com outras
problemácas psiquiátricas; e a forte associação a
problemas sicos (Maia, 2001).
A sua idencação tem sido explorada segundo duas
organizações: a Organização Mundial de Saúde através
da Classicação Estasca Internacional de Doenças e
Problemas relacionados com a Saúde (1992) na sua
décima revisão (CID-10) e a Associação Americana de
Psiquiatria com o Manual de Diagnósco e Estasca
das Perturbações Mentais (DSM-IV) (1994).
Para o nosso estudo sobre a depressão recorremos à
teoria cognivo-comportamental que integra técnicas
e conceitos vindos de duas principais abordagens tais
como a cogniva e a comportamental. A Teoria Cogniva
uliza o conceito da estrutura “biopsicossocial” na
determinação e compreensão dos fenómenos relavos
à psicologia humana. No entanto, constui-se como uma
abordagem que focaliza o trabalho sobre os factores
cognivos da psicopatologia. Vem demonstrando ecácia
em pesquisas ciencas rigorosas além de ser uma das
primeiras a reconhecer a inuência do pensamento sobre
o afecto, o comportamento, a biologia e o ambiente
(Shinohara, 1997; Shaw & Segal, 1999).
De acordo com a Teoria Cogniva os indivíduos
atribuem signicado a acontecimentos, pessoas,
senmentos e demais aspectos de sua vida. Com base
nisso comportam-se de determinada maneira e
constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e sobre
a sua própria idendade. As pessoas reagem de formas
variadas a uma situação especíca podendo chegar a
conclusões também variadas. Em alguns momentos a
resposta habitual pode ser uma caracterísca geral dos
indivíduos dentro de determinada cultura, em outros
momentos estas respostas podem ser idiossincrácas
derivadas de experiências parculares e peculiares a
um indivíduo. Em qualquer situação estas respostas
seriam manifestações de organizações cognivas ou
estruturas. Uma estrutura cogniva é um componente
de organização cogniva em contraste com os processos
cognivos que são passageiros (Beck, 1963; 1964).
A Teoria Cogniva de Beck é considerada, actualmente,
como a principal abordagem cogniva. De acordo com
a abordagem cogniva de Beck, os pensamentos e
avaliações negavos, comummente encontrados em
pacientes com depressão não constuem um sintoma
somente, mas são factores que estão na própria
manutenção desta psicopatologia. Em consequência
desta visão, a depressão na Terapia Cogniva, assim
como os demais transtornos psiquiátricos, é tratada
levando o paciente a idencar e alterar esses
pensamentos disfuncionais (Biggs & Rush, 1999).
Impactos psíquicos da violência no continuum urbano e rural do Lubango
Jorge Manuel de Sousa Chaves
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Metodologia
Ulizamos neste estudo uma combinação das
metodologias quantava e qualitava. Atendendo
aos objecvos especícos do estudo (Diagnoscar a
prevalência e a intensidade de casos de ansiedade
e depressão presentes no momento do estudo
e relacionar as variáveis ansiedade e depressão)
enveredamos pela metodologia quantava pois este
po de abordagem permite a realização de um estudo
com grandes amostras representavas (n=300) e os
dados foram recolhidos a parr dos inquiridos, sob a
forma de quesonários. No que respeita ao tratamento
estasco dos mesmos, foram ulizados os métodos
estascos descrivos bem como análises de variância
para avaliar as interacções entre as variáveis ansiedade
e depressão e as variáveis sócio-demográcas.
Num segundo momento ulizamos entrevistas. A nossa
juscação para a escolha desta metodologia assentou
nos seguintes pressupostos:
(i) A metodologia qualitava permite avaliar a
representavidade social, o sendo social e a
diversidade, e o signicado dos fenómenos que se
pretendem estudar;
(ii) Na psicologia o narrar, a entrevista, o diálogo são
recursos primordiais na elaboração do diagnósco.
Nesta área é fundamental construir o percurso de vida
do entrevistado e enquadrá-lo com os seus diversos
contextos, para que seja possível compreender
o aparecimento das perturbações e respecvas
repercussões. Fleming (2003) arma que muitas vezes
ao sofrimento psíquico estão associadas narravas.
Para avaliar o diagnósco e prevalência das perturbações
psicológicas de ansiedade e depressão e para recolher
dados sócio-demográcos, foram aplicados os seguintes
quesonários ao total da amostra:
O Quesonário de Beck é um quesonário de depressão
para adultos (Beck, 1973). Foi traduzido para português
por McIntyre e McIntyre (1995a: 18-24) e constui um
quesonário composto por vinte e um itens orientados
para a pesquisa de sintomas depressivos.
Para a ansiedade ulizou-se o Inventário de Ansiedade
Idate-Estado, desenvolvido por Spielberger et. al (1970:
25-28) que escolhemos para a nossa abordagem
teorica fundamental sobre a ansiedade a teoria de
Spielberger. O IDATE é um inventário de auto-avaliação
ulizado para medir o estado de ansiedade. Este foi
traduzido, adaptado e validado para o Brasil por Biagio
e Natalício (1979). Foi adaptado e ulizado em Angola
por Gelma, (2009) num estudo da ansiedade nos alunos
do IMELUB durante as provas.
Variáveis
Zona urbana Zona rural Total
Freq. Perc. Freq. Perc. Freq. Perc.
Género
Masculino 76 50,6% 83 55,3% 159 53%
Feminino 74 49,4% 67 44,7% 141 47%
Grau de
escolaridade
Primário 58 38,6% 62 41,33% 120 40%
I ciclo 27 18% 48 32% 75 25%
II ciclo 65 43,4% 40 26,67% 105 35%
Religião
Católica 57 38% 75 50% 132 44%
Protestante 44 29,3% 40 26,6% 84 28%
Advensta 36 24% 26 17,4% 62 20,6%
Outras 13 8,7% 9 6% 22 7,4%
Tabela 1. Apresentação descriva das variáveis sócio-grácas (N=300)
Tabela 2. Frequências das variáveis ansiedade e depressão
Graus
Zona urbana Zona rural Total
Freq. Perc. Freq. Perc. Freq. Perc.
Intensidade
de
ansiedade
Ansiedade leve 9 6% 3 2% 12 4%
Ansiedade moderada 115 76,6% 142 94,6% 257 85,6%
Ansiedade alta 26 17,4% 5 3,4% 31 10,4%
Diagnósco
de depressão
Sem depressão 87 58% 96 64% 183 61%
Com depressão 63 42% 54 36% 117 39%
Nos termos descrivos da tabela, registamos, antes
de tudo um alto nível geral de ansiedade - uma vez
que “ansiedade moderada” (94,6%) corresponde a
um quadro patológico. Ainda se verica que mais de
um terço das pessoas padece de depressão (39%).
Ainda vericamos que, em termos de ansiedade
moderada, a zona rural apresenta índices superiores
aos da zona urbana, mas apresenta índices inferiores
quanto à ansiedade alta. A zona rural apresenta
menor prevalência de depressão (36%) do que a
zona urbana (42%), embora o teste t de student não
tenha dado signicavo quanto à depressão (ver
tabela 3). Se por um lado, a zona rural apresenta
menos stress, o que explica os valores baixos de
ansiedade alta, por outro é de reecr sobre o facto
da ansiedade moderada ser bastante elevada nesta
zona. Factores como a falta de estruturas de saúde,
de educação, entre outras, nas zonas rurais pode ser
um factor de stress a considerar como explicação para
estes resultados.
Tabela 3. Existência de diferenças na ocorrência e na intensidade de ansiedade e depressão,
entre as zonas urbana e rural
Variáveis F Signicância Resultados
Intensidade de depressão .523 .588 Não signicavo
Intensidade de ansiedade .532 .523 Não signicavo
Ocorrência de depressão 2.496 .084 Não signicavo
Ocorrência de ansiedade 9.707 .000 Signicavo
Análise e interpretação dos dados
Na análise dos dados obdos nos inquéritos ulizou-se o
programa de análise estasca SPSS-win versão 15. Para
a interpretação dos dados, recorreu-se aos elementos
obdos pela observação directa e pelas entrevistas.
Os dados ilustram uma grande homogeneidade existente,
em termos das variáveis ulizadas, no universo inquirido:
exceptuando a escolaridade, naturalmente maior na
cidade, são nestes termos muito poucas as diferenças
entre as zonas rural e urbana.
Tendo estas informações como referência, passamos a
examinar os resultados relavos às variáveis que medem
ansiedade e depressão.
Impactos psíquicos da violência no continuum urbano e rural do Lubango
Jorge Manuel de Sousa Chaves
TUNDAVALA
Revista Angolana de Ciência
Num segundo momento fundamentou-se a nossa
preferência pela entrevista semi-estruturada, pois foi
nosso objecvo estudar as experiências de vivência
do conito armado que perdurou 30 anos e neste
caso, parafraseando Maia (1998:72) as entrevistas
“… são necessárias quando não se pode observar o
comportamento, senmentos, e como as pessoas
interpretam o mundo à sua volta”.
As técnicas de invesgação seleccionadas para este
segundo momento basearam-se na:
(i) Observação uma vez que como pesquisador no local
onde se realizou o trabalho de campo estabeleceu-se
relações de maior ou menor formalidade com os
elementos da amostra, permindo observar outro
po de interacções e situações que não são possíveis
aquando da aplicação da entrevista;
(ii) Pesquisa bibliográca e documental, que permiu
denir e enquadrar o objecto de estudo, bem como
fornecer importantes dados sobre os procedimentos
metodológicos e consequente interpretação e
interligação dos resultados obdos com a literatura;
(iii) Entrevista semi-estruturada aprofundada em
perspecva diacrónica, onde o objecvo não foi apenas
considerar as perturbações psíquicas (ansiedade e
depressão) de cada entrevistado mas também a sua
trajectória de vida no período de guerra civil no sul de
Angola, focando aspectos pré-denidos.
O estudo teve uma amostragem do po aleatória
estracada, no primeiro momento da pesquisa
quantava, composta de 300 sujeitos, sendo 150 do
Lubango e 150 distribuídos pelos municípios da Matala
e Humpata e no segundo momento da invesgação
qualitava seleccionamos alguns indivíduos em
cada um dos municípios num po de amostragem
por conveniência, isto é, aqueles que de entre os
seleccionados da amostra anterior se predispuseram
as entrevistas.
Assim, foram considerados os seguintes critérios:
(i) Elementos de ambos sexos com idade compreendida
entre os 18 e os 65 anos, por se tratar de indivíduos
que quer directa ou indirectamente vivenciaram os
períodos de incursões armadas de 1975 a 1991 e o
desencadear do conito pós eleitoral de 1992.
(ii) Elementos que se deslocaram das suas zonas
de origem, devido a guerra, para os municípios do
Lubango, Matala e Humpata.
Conclusões :
O factor guerra contribuiu directa ou
indirectamente para sequelas de ansiedade
e depressão, possivelmente a nível do stress
pós-traumáco, uma vez que esta é uma
perturbação de ansiedade muito frequente
em populações que sofreram conitos
armados e foram expostas à violência. Esta
ideia é reforçada pelo facto de exisr maior
prevalência de ansiedade na zona rural, onde
41% da população é deslocada de guerra.
Outra conclusão a que chegamos é de
que a soma dos vários pos de violência é
sensivelmente a mesma na cidade e na zona
rural, isto é, tanto a violência derivada do
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Impactos psíquicos da violência no continuum urbano e rural do Lubango
Jorge Manuel de Sousa Chaves
prolongado período de guerra, como aquela
que não aparece tão explicitamente. É esta
situação que explica a marcada semelhança
dos resultados com respeito aos impactos
psíquicos, semelhança esta que até permite
falar de homogeneidade. Este resultado entre
a zona rural e urbana pode ser explicado pelo
facto de, a maioria dos deslocados de guerra
que se encontram na zona rural já se terem
xado nesta zona há mais de 15 anos e como tal
estão integrados e com as mesmas regalias
e diculdades dos restantes. Ainda, a maioria
das populações da zona rural sobrevivem, tal
como as da zona urbana, do comércio informal,
tendo por isso padrões de vida semelhantes.