Copyright © 2024. Instituto Superior Politécnico de Humanidades e Tecnologias Ekuikui II
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Revista Cientíca
de Estudos Multidisciplinares
do Planalto Central
REME
Revista Científica de Estudos Multidisciplinares do Planalto Central, v. 1, n.1, Janeiro-Junho, p. 9-12, 2024
EDITORIAL
Educação: caminho longo que se faz caminhando
Education: a long way That’s done by walking
Educación: un largo camino por recorrer
É com grande entusiasmo e orgulho que apresentamos a Primeira edição da Revista
Científica de Estudos Multidisciplinares do Planalto Central - REME, uma
publicação online de periodicidade semestral do Instituto Superior Politécnico de
Humanidades e Tecnologias Ekuikui II, localizado no coração de Angola, mais
especificamente no Huambo.
Fundada em 2024, a REME, nasce com a missão de promover o conhecimento, a
produção e o debate científico, tendo em conta a interdisciplinaridade e incentivando a
pesquisa nas áreas da Educação, Ciências Sociais, Ciências da Saúde, Ciências
Económicas e Jurídicas, Tecnologias e das Engenharias, com foco especial em temas
relevantes para o contexto angolano e lusófono.
Nesta Primeira Edição, que aborda o tema “Educação: Caminho Longo que se Faz
Caminhando”, convidamos todos os leitores a reflectirem sobre a complexidade e
continuidade do processo educativo, ao mesmo tempo que destacamos a importância
de se persistir na procura de soluções inovadoras e eficazes para os problemas que
afectam a educação em Angola, bem como em outras realidades lusófonas. A
educação, como sabemos, é um dos pilares fundamentais para a construção de uma
sociedade mais justa, inclusiva e com oportunidades para todos. No entanto, como
bem nos ensina o ditado popular, o caminho se faz caminhando”, e isso implica
reconhecer que o processo de aprendizagem e formação não é linear, nem simples,
mas sim um esforço contínuo de adaptação, inovação e superação de desafios.
Nos artigos que compõem esta edição, encontramos uma diversidade rica de enfoques
que, juntos, trazem à tona questões essenciais sobre o estado atual da educação em
Angola e a necessidade urgente de transformações. De entre os destaques consta:
desde a reflexão sobre os estatutos da língua portuguesa em Angola, abordando sua
didatização para a formação de professores, até à análise de como a autonomia e a
integração curricular podem transformar a qualidade do ensino primário no país. Além
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disso, destacam-se discussões sobre a gestão escolar democrática e participativa, a
importância da família e da escola na redução das desigualdades sociais, bem como o
impacto das políticas orçamentais na educação. Cada um desses textos é um
convite à reflexão sobre a urgência de repensarmos os nossos modelos de ensino e as
estratégias que podemos adoptar para promover uma educação mais efectiva,
inclusiva e transformadora.
O primeiro artigo intitulado Os estatutos da língua portuguesa em Angola”, propõe
uma reflexão crucial sobre a Língua Portuguesa como uma língua materna ou segunda,
abordando as implicações metodológicas para o ensino de português nas escolas de
formação de professores no país. A metodologia proposta, fundamentada na análise
crítica dos normativos linguísticos angolanos, abre espaço para um debate
enriquecedor sobre a adaptação das práticas pedagógicas às realidades locais.
O segundo artigo Autonomia e integração curricular: propostas para a melhoria do
ensino primário em Angola”, propõe uma análise da autonomia dos professores no
contexto educacional angolano e sugere uma gestão curricular flexível que incorpore
saberes locais, respeitando as especificidades das áreas urbanas e rurais. Este estudo
é relevante na medida em que promove a integração de saberes que reflectem a
diversidade cultural e social de Angola, uma estratégia necessária para a melhoria da
qualidade do ensino primário.
O terceiro artigo, que aborda a Gestão escolar democrática e participativa”, explora
como a autonomia e a participação activa da comunidade escolar são essenciais para
a evolução do sistema educativo. A pesquisa sublinha a importância de mudar o
paradigma de gestão escolar, enfatizando o papel da liderança participativa e a
construção de uma cultura de gestão que favoreça a inclusão e a transformação social.
O quarto artigo A família e a escola na promoção do desenvolvimento e redução
das desigualdades sociais em Angola”, destaca o papel dessas instituições como
agentes de socialização e promoção da cidadania. A análise de estratégias para
combater as desigualdades sociais no país, com base em uma abordagem qualitativa,
oferece insights sobre como a escola e a família podem colaborar para reduzir as
desigualdades e promover o capital humano necessário para o desenvolvimento
sustentável de Angola.
O quinto artigo “O Impacto do orçamento geral do Estado na educação no Município
do Huambo” analisa o impacto das políticas económicas do Orçamento Geral do
Estado no desenvolvimento da educação no Ensino Geral em Angola, com foco no
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município do Huambo. A pesquisa qualitativa, baseada em análise documental, revela
que os principais obstáculos à implementação eficaz das políticas educacionais no
país resultam de fatores históricos, como o longo período de guerra civil, a destruição
de infra-estruturas e a falta de uma rede escolar estabilizada desde a independência.
Além disso, a dificuldade em estabelecer dados demográficos confiáveis também
compromete a aplicação de políticas educacionais adequadas.
Para complementar esta Edição, temos uma entrevista inspiradora O papel
transformador da educação: uma reflexão sobre o ensino superior em Angola e no
mundo lusófono” com o Professor Doutor Manuel de Almeida Damásio, figura de
destaque no sector do ensino superior nos países de língua portuguesa, que nos traz
uma perspectiva internacional sobre o ensino superior no espaço dos países de língua
portuguesa, com realce para Angola, bem como a sua visão sobre a educação e seus
desafios, especialmente no contexto angolano, lembrando que a educação é o alicerce
para qualquer nação que deseje crescer de forma sustentável e equitativa. A entrevista
destaca ainda a importância da colaboração internacional, do intercâmbio entre países
lusófonos e a necessidade de investir na formação de recursos humanos capacitados
com vista à produção científica e à criação de revistas científicas que possibilitem a
maior disseminação do conhecimento produzido.
Este lançamento é apenas o começo de uma jornada longa e desafiadora. A REME
propõe-se ser um espaço para a troca de conhecimentos, numa perspectiva multi-
pluri-e-interdisciplinar que convida à reflexão crítica, mas, acima de tudo, à construção
de soluções que atendam às necessidades do nosso tempo.
Acreditamos que a Educação, enquanto processo contínuo, exige persistência e
adaptação constante e é nesse o espírito que procuramos incutir no conhecimento
produzido pelas instituições de ensino do país e suas congéneres internacionais. Os
nossos contributos acerca da experiência educacional em Angola, assim como os
desafios conhecidos do ensino superior, aliados à importância de investimento na
produção científica, reforçam a visão da REME em ser um canal de comunicação entre
a academia e a sociedade.
A REME pretende ser uma fonte de produção científica no contexto angolano e servir de
elo entre as diversas áreas do conhecimento, incentivando a colaboração entre a
ciência e a prática. Num cenário de constante evolução e desafios, a REME reafirma
seu compromisso de ser um veículo de excelência para a publicação de pesquisas e
artigos que procurem, através do conhecimento, transformar realidades e contribuir
para a formação de uma sociedade mais justa, equitativa e desenvolvida. O rigor
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académico, a interdisciplinaridade e a preocupação com os problemas locais e globais
são os elementos centrais que vão nortear as publicações, consolidando-as como um
marco de pesquisa científica e reflexão crítica.
Esperamos que este número inaugural seja apenas o primeiro passo de uma jornada
enriquecedora, que inspirará futuras gerações de investigadores a “caminharem” no
longo e necessário percurso do conhecimento.
Convidamos todos os investigadores, académicos e profissionais das áreas envolvidas
a submeterem seus manuscritos para as próximas edições, com a confiança de que a
REME continuará a ser um espaço de excelência para a publicação científica, livre de
custos para os autores, com rigorosa revisão por pares e comprometida com os mais
elevados padrões de qualidade.
Gostaríamos de expressar a nossa sincera gratidão a todos os colaboradores, autores,
revisores e membros da equipa editorial, que tornaram possível a realização desta
Primeira Edição. O seu empenho e dedicação são fundamentais para o sucesso da
REME e para o avanço da ciência e da educação em Angola e no mundo lusófono.
Seguiremos caminhando, sempre em busca de novas perspectivas, ideias e soluções
para os grandes desafios que a educação e a sociedade nos impõem.
Bem-vindos à REME!
Marta Santos Vieira
Editora chefe
Este artigo está licenciado sob a licença: Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0
International License. Ao submeter o manuscrito o autor está ciente de que os direitos de autor passam
para a Revista Científica de Estudos Multidisciplinares do Planalto Central.