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Revista Cientíca
de Estudos Multidisciplinares
do Planalto Central
Revista Científica de Estudos Multidisciplinares do Planalto Central, v. 1, n.1, Janeiro-Junho, p. 26-46, 2024
A lógica não é somente transformar a matriz curricular vigente. A perspectiva é de
aproveitar e construir colectivamente a autonomia para promover a integração
curricular dos saberes e experiências dos alunos e suas comunidades. Dito de outro
modo, que as disciplinas obrigatórias nacionais dialoguem com outros tempos da
formação humana que transcendem aos muros da escola, como tempo de lazer, de
convívio, de brincar, de dançar, de fazer, de aprender, seja no campo ou na cidade
(Silva, 2016; Coelho, 2009). Dessa forma, e segundo Zau (2005), o ensino primário
tornar-se-á o alicerce fundamental e o ponto de partida para o desenvolvimento
sustentado de recursos humanos do país.
Proposta de matriz curricular integradora para melhoria do ensino primário
Se, por um lado, o modelo curricular angolano (Quadro 1), de perspectiva tecnicista e
ortodoxa, ter-se-ia consagrado a ponto de garantir sua omnipresença nos mais
diferentes contextos sócio-históricos, por outro lado, e a partir das ideias
escolanovistas e desafios próprios do nosso tempo e contexto, precisa ser
problematizado e sofrer mutações significativas. A presente proposta de
transformação da matriz, parte do diagnóstico da ineficiência das instituições
escolares (INIDE/MED, 2019) e de vários documentos normativos supracitados, tal
como elas vêm se apresentando historicamente.
Em função dos resultados do Inquérito Nacional sobre Adequação Curricular (INIDE–
MED. s.d.) dos objectivos específicos do ensino primário, vertidos no art. 29º, da Lei n.º
32/20 (2020); das visitas de campo efectuadas nas diversas escolas dos municípios do
litoral e do interior, da lógica do binómio e da integração curriculares (Bean, 2003;
Roldão, 1999); das narrativas globais e da necessidade de se romper com um saber
limitado apenas ao ambiente escolar para formar com qualidade para a vida presente e
futura; urge conceber uma matriz como um conjunto de saberes e práticas que
procuram articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos
que fazem parte do património cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico. E,
assim, promover o desenvolvimento integral e reforço das comunidades, preservando o
modelo original ou referência comum nacional, aproximando a escola do mundo real
das crianças e adolescentes.
No entanto, segundo Pacheco (2016), nos debates sobre conhecimento escolar, a
responsabilidade é quase exclusivamente colocada nos especialistas e nos decisores
administrativos, ignorando-se o papel crucial que os professores, gestores escolares,
famílias e a própria sociedade têm no contexto da escola. As propostas seguintes (cfr.
Quadro 2 - Proposta curricular para os anos iniciais e finais do Ensino Primário para os