Revista Científica do ISCED - Huíla, Lubango, v. 2, n.2, p. 40-56, Jul./ Dez., 2021.
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ARTIGO
O Abandono Escolar no Meio Rural: Caso do Município da Humpata
The School Dropout in the First Levels of Education in the Municipality of Humpata
Maria de Fátima
1
Instituto Superior Politécnico da Huíla, Angola
fatibondo@hotmail.com
Resumo
O objectivo do presente estudo é o de compreender o problema do abandono escolar,
principalmente, nos primeiros níveis de ensino, em particular no município da Humpata, de forma a
encontrarem-se mecanismos que viabilizem a inversão do quadro prevalecente, através de acções
concretas que actuem nas causas propulsoras do mesmo. O estudo é de carácter qualitativo, tendo-
se utilizado técnicas de observação directa e entrevistas estruturadas e semi-estruturadas aos
encarregados de educação, crianças e jovens que abandonaram a escola. As entrevistas realizaram-
se na língua local Olunyaneca-Nkumbi na variante Mwila e também em Português. Do resultado da
análise dos dados da investigação as causas apontadas do abandono escolar no meio rural são: a
longa distância que as crianças percorrem até à escola, a fome, os hábitos, o fraco domínio da
língua de escolaridade por parte das crianças, o desconhecimento da língua materna por parte dos
professores, a vontade em permanecer nos mercados informais e a seca que nos últimos anos tem
sido frequente. Como consequências destacam-se: a pobreza, a indisponibilidade de pessoas
formadas, o analfabetismo, o casamento precoce e o agravamento das assimetrias entre o campo e a
cidade. Constatou-se, ainda, neste estudo a prevalência de dificuldades financeiras por parte das
famílias que obrigam as crianças a abandonar a escola, aumentando o número dos que desistem a
cada dia.
Palavras-Chave: Abandono escolar, Pobreza, Exclusão social.
Abstract
The goal of this study is to understand the issue of school dropout, especially in the early levels of
education, specifically in the municipality of Humpata, in order to find mechanisms that can
reverse the current situation through concrete actions that address its root causes. The study is
qualitative in nature, employing direct observation techniques and structured and semi-structured
interviews with parents, children, and young people who have dropped out of school. The
interviews were conducted in the local language, Olunyaneca-Nkumbi, in the Mwila variant, as
well as in Portuguese. Based on data analysis, the identified causes of school dropout in rural areas
include: the long distances children must travel to school, hunger, habits, poor mastery of the
language of instruction by the children, lack of knowledge of the native language by the teachers,
the desire to stay in informal markets, and the droughts that have become frequent in recent years.
The highlighted consequences include: poverty, lack of qualified individuals, illiteracy, early
marriage, and the worsening of disparities between rural and urban areas. This study also identified
the prevalence of financial difficulties faced by families, forcing children to drop out of school,
thus increasing the number of dropouts each day.
Keywords: School dropout, Poverty, Social exclusion.
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Doutora em Estudos Africanos pelo Instituto Universitário de Lisboa, Portugal.
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Introdução
A escola tem um papel social fundamental no desenvolvimento das habilidades
físicas e cognitivas, fortalecendo os vínculos sociais das crianças e adolescentes. Contudo,
existem alguns entraves e motivos endógenos e exógenos que proporcionam o aumento da
probabilidade de muitos adolescentes e jovens o prosseguirem com a sua tarefa de
estudar. Mateus (2002) afirma que a escola tem o papel de socializar o conhecimento. Ela
tem a obrigação de actuar na educação moral dos alunos, pois é o espaço onde a criança
adquire as bases que a preparam para realizar projectos de vida. Neste sentido, o Estado
tem um papel importante na criação de condições para que os alunos se adaptem a uma
escola devidamente equipada, com o pessoal docente qualificado e motivado, bem como a
construção de escolas próximas das suas localidades e/ou a disponibilização dos acessos e
dos transportes.
No entanto, a realidade em Angola e, sobretudo, para as zonas rurais, com foco na
zona de estudo, estas condições são exíguas. Até à presente data, ainda não se consegue
honrar a palavra de ordem “Educação para todos” do projecto angolano de aprendizagem
para todos (PAT) do Ministério da Educação de Angola (2022).
É de destacar que as crianças e os jovens que vivem em condições socioeconómicas
desfavoráveis deparam-se com menos oportunidades de desenvolvimento físico, emocional
e intelectual, causadas por condições sociais menos adequadas o que influencia o estímulo
desajustado das suas capacidades, reflectindo-se num menor acesso a bens culturais, como
referem Feitosa, Matos Del Prette e Del Prette (2005).
Quando se abandona a escola de forma precoce, está comprometida a aprendizagem
que deveria ser assimilada no Ensino Primário ou Secundário, o que se transforma depois
num problema social. Este facto constitui o motivo para a realização da presente pesquisa.
Também, porque se notou a ausência de estudos sobre a temática neste município, em
particular no contexto rural. Os jovens ao desligarem-se da escola desperdiçam a
oportunidade de se educarem, de se instruírem e de se formarem profissionalmente. Assim
sendo, fica comprometido o futuro das novas gerações, deixando o país de progredir.
O abandono escolar no meio rural, na província da Huíla, assume proporções
alarmantes, particularmente no município da Humpata. Esta acepção encontra respaldo no
facto de se encontrarem muitas crianças, adolescentes e jovens que continuam fora do
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sistema escolar, (algumas que não sabem ler e escrever ou que mal sabem fazê-lo), que se
dedicam aos trabalhos habituais em companhia dos pais (lavoura e pastorícia) ou à venda
nos mercados informais. Apesar do trabalho que tem vindo a ser realizado pelo Executivo
angolano e ONGs
2
, através dos rios programas municipalizados (Combate à pobreza,
Merenda escolar, Cuidados primários de saúde, Crédito agrícola de campanha e reforço das
capacidades das organizações locais, entre outros), muitos rapazes e raparigas não têm tido
a oportunidade de aproveitar estes Programas. Nesta conformidade, vão-se engrossando os
focos de pobreza e de exclusão social. Para o género feminino, abandonando a escola, as
preocupações são, também, a gravidez e o casamento precoces que impedem as raparigas
de continuar a estudar e poderem trabalhar.
Desta feita cabe indagar: Como reduzir o abandono escolar nas zonas rurais do
Município da Humpata? Que estratégias podem ser adoptadas para minimizar o abandono
escolar?
Face ao problema exposto, o objectivo geral é o de perceber as motivações do
abandono escolar nas comunidades rurais no município da Humpata. Como objectivos
específicos desta pesquisa estabeleceu-se: 1) Averiguar as condições em que ocorre o
abandono escolar; 2) Perceber as consequências que daí advêm e 3) Propor soluções.
Metodologia
Esta pesquisa privilegiou a abordagem qualitativa baseada no estudo de caso e
quanto à natureza é uma pesquisa aplicada. A metodologia qualitativa permite a
compreensão dos fenómenos, estudar a realidade sem a fragmentar e sem a
descontextualizar (Almeida & Freire, 2008). Esta metodologia visa a representação verbal
dos dados por contraposição à representação numérica, à análise estatística, proporcionada
pelos métodos quantitativos. Na óptica de Yin (2001), o estudo de caso é uma pesquisa
empírica com o objectivo de estudar fenómenos contemporâneos dentro do seu contexto da
vida real. Prodanov & Freitas (2013) referem-se à entrevista como uma etapa inicial da
pesquisa propriamente dita em que se faz a busca exaustiva de dados. Daí que as
entrevistas constituíram uma técnica adequada para este estudo. A pesquisa foi também
sustentada pela técnica da entrevista semi-estruturada, pois que se procurou nos
intervenientes uma livre expressão, centrando-se no entrevistado e não em generalizações
2
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(Almeida & Pinto, 1995). Do mesmo modo, a observação directa tornou-se eficaz para
conhecer a realidade em que se encontram os sujeitos analisados.
A pesquisa bibliográfica e documental, nomeadamente livros, artigos e documentos
(relatórios, documentos estatísticos e de identificação), “constituem o ponto de partida para
toda a investigação” (Gil, 2008, p. 28). Deste modo, essas referências permitiram o
levantamento de informações detalhadas e úteis para este estudo.
O estudo recorreu à abordagem analítica dos conceitos de abandono escolar e dos
reais problemas enfrentados pelas populações rurais, com realce para as crianças,
adolescentes e jovens desistentes da escola. Realizou-se nos anos de 2016, tendo sido feita
a pesquisa exploratória e bibliográfica, e em 2017, a pesquisa de campo. Foi concebido no
âmbito da 1.ª Edição (2017) do curso de Agregação Pedagógica da Universidade Mandume
ya Ndemufayo para o módulo de computação.
Para o trabalho de campo, foram seleccionadas 4 localidades a fim de permitir a
realização das entrevistas e conversas informais. Visitaram-se as localidades do Bimbi, da
Bata-Bata, da Palanca e do Cipembe. Nestas zonas, foram abordados os chefes tradicionais
(4 Sobas), encarregados de educação (15), professores (4), adolescentes e jovens (13).
Entre os jovens e adolescentes entrevistados havia (2) de quinze anos, (5) de dezasseis
anos, (3) de catorze anos e (3) de dezassete anos. No total conversou-se com 36
participantes.
Enquadramento Teórico
Esta temática tem sido analisada por vários especialistas em todo o mundo,
apontando uma série de causas. Isto demonstra que se trata de um problema que afecta
também países considerados desenvolvidos ou com um rendimento considerável. Países
europeus, como Portugal, e sul-americanos, como o Brasil, têm esta situação do abandono
escolar claramente retratada em artigos científicos e trabalhos académicos como teses.
Entre os países da lusofonia africana retratam-se também alguns trabalhos de autores
moçambicanos, cabo-verdianos e angolanos. Estes trabalhos não se debruçam sobre o
conceito de abandono escolar como espelham outros conceitos como os de auto-exclusão,
desistência escolar e seus factores. Realçam-se, assim, os seguintes autores: Brandão
(1983), Benavente, Campiche, Seabra e Sebastião (1994), Mata (2000), Lourenço (2004),
Freitas (2014), Ditutala (2015), Mucopela (2016) entre tantos outros.
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Benavente, Campiche, Seabra & Sebastião (1994) referem que o conceito de
abandono escolar “carece de definição”. Referem, ainda, que abandono ou desistência
significa que um aluno “deixa a escola sem concluir o grau de ensino frequentado por
outras razões que não sejam a transferência ou …a morte” (Benavente, Campiche, Seabra
& Sebastião 1994, p. 23-25). Por outro lado, ainda segundo estes autores, “o abandono (no
final do ano lectivo) ou de desistência (durante o ano) pode ser relevante para a
compreensão dos motivos e das situações, mas não altera o fundamental” (Benavente,
Campiche, Seabra & Sebastião 1994, p. 23-25). Neste sentido, pode-se encontrar
convergência nessa definição com o que se pretende neste estudo, que é reflectir sobre as
suas causas e consequências bem como tentar apontar algumas soluções. A preocupação
sobre o abandono escolar é geral, como se referiu acima, e por isso mesmo a UNESCO
(2009) refere que, no seu relatório, cerca de 99 milhões de crianças em idade escolar em
todo o mundo estejam em situação de abandono escolar, apesar de todos os esforços
globais para tornarem a educação universal.
De uma forma geral, pode-se considerar o abandono escolar como a desistência de
um aluno que se matricula numa escola, iniciando a actividade de aprendizagem e
interrompendo-a no decorrer do ano lectivo.
Contextualização do Estudo
O município da Humpata é um dos 14 territórios que constituem a província da
Huíla. Tem uma superfície de 1261km², confinando com os municípios do Lubango e da
Chibia a este e sul respectivamente e com a província do Namibe a Oeste. A sede do
município da Humpata dista a 22 km da cidade do Lubango (capital da província da Huila).
Trata-se de um planalto com um clima propício à criação de gado e à pastorícia.
O município da Humpata não possui oficialmente comunas, estando, por essa razão,
dividido em cinco zonas político-administrativas: a Sede da Humpata, a Palanca, as Neves,
a do Kaholo e a da Bata-Bata. Os dados do senso populacional, efectuado em 2014,
indicam uma população estimada em 97.637 habitantes, sendo 46.756 homens e 50.881
mulheres. A sua população é constituída maioritariamente pelo grupo étnico Mwila,
originário do território, e pelo grupo étnico Ovimbundo, surgido inicialmente como
deslocados, no contexto da longa guerra civil que Angola conheceu. A população rural da
Humpata (na sua maioria, do grupo étnico Mwíla) dedica-se fundamentalmente à pastorícia
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e à agricultura, actividades tidas como principais fontes de sustento e renda das famílias. É
uma população que dá grande importância às suas tradições (Fátima, 2012).
No que se refere à educação, o Estado angolano desde a sua independência, em
1975, deu grande prioridade a este sector e baseou o sistema nos princípios da
universalidade, de livre acesso e igualdade de oportunidades. Desta forma, encontram-se,
neste município, estruturas de ensino que vão desde o Ensino Primário ao Ensino Médio
com destaque para um Instituto de Agronomia e um Instituto Politécnico. No entanto, as
zonas rurais ainda não beneficiam de investimentos escolares para o nível médio.
Tratando-se de um estudo preliminar não é possível adiantar dados mais concretos.
O estudo apresenta dados fornecidos pela Administração Municipal da Humpata e está
enriquecido pelo trabalho de campo que se realizou. Por conseguinte, e tendo-se constatado
que esta é uma realidade que não deve ser descurada, urge a necessidade de se encontrar
soluções que possibilitem a redução dos níveis desse abandono, considerando as
consequências nefastas na vida das pessoas e do país em geral.
No ano de 2016, foram matriculados, neste município, 32.351 alunos assim
repartidos: 24.115 no Ensino Primário e 8.236 no Ensino Secundário. Estes números não
incluem o Ensino Técnico-Profissional de nível Médio. Compulsado o relatório de 2016,
da Repartição de Educação do Município da Humpata, verifica-se que o abandono escolar
atingiu 18,9% no ano de 2016 no Ensino Secundário. Não se verifica este fenómeno com
uma grande incidência no Ensino Primário. A constatação, por um lado, é de que o
abandono escolar no Ensino Secundário deriva da falta de estruturas escolares nas
proximidades dos aglomerados populacionais e, por outro, pela idade da
criança/adolescente que já pode efectuar alguns trabalhos e trazer alguns rendimentos para
casa. Esta situação corrobora com a acepção de que as famílias com poucos ou nenhuns
rendimentos dependem, também, da ajuda que estas crianças podem dar, sobretudo na
arrecadação de receitas para satisfazer as necessidades básicas e urgentes.
Causas do abandono escolar
Pode-se dizer que são muitos os factores que podem provocar ou aumentar o
abandono escolar, desde os económicos, os políticos aos socio-culturais. O país resultante
de uma colonização, viveu, após a independência em 1975, um período de guerra que se
prolongou por quase três décadas. Após o cessar-fogo, o resultado foi um desequilíbrio
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económico, pobreza acentuada, imobilidade geográfica e social, êxodo rural, exclusão
social forçada, cidades, infra-estruturas e indústrias destruídas, entre outros factores, que
exigiram do Governo um esforço maior na reorganização do país e do bem-estar das
populações. Apesar disso, o município da Humpata está entre os que não sofreram os
efeitos directos da guerra (Fátima, 2012). Contudo, o cenário sobre a educação e a oferta
em infra-estruturas não foi o melhor, daí que não se exclui o abandono escolar.
No meio rural em que se fez a pesquisa, há, por exemplo, a falta de habitações
condignas com condições próprias para o estudo (no contexto em referência as aldeias não
usufruem de rede eléctrica e nas zonas urbanas do município ainda não um sistema
eficaz de fornecimento de energia, não água canalizada). De igual forma, as escolas não
oferecem condições, nem todas têm carteiras e salas suficientes, muitas salas são ao ar
livre, debaixo de uma árvore, sem quadros, sem giz.
Em relação às escolas do Ensino Secundário, as crianças que transitam para o nível
seguinte encontram uma barreira para a sua frequência. Normalmente, as mudanças de
nível de ensino implicam também a mudança de escola e de localidade (distância). Noutra
perspectiva, existe a barreira da língua, pois nem sempre as crianças dominam a ngua
veicular e, por outro lado, os professores também podem não dominar a língua local o que
atrasa o processo de ensino-aprendizagem. Outro entrave derivado deste aspecto é a
questão do bullying que pode acontecer relativamente aos alunos que não falam ou mal
falam o português, ou os mais fracos e os desprotegidos.
Esta pesquisa identificou, mediante a observação directa, algumas causas que
promovem o abandono escolar no meio rural em estudo (Município da Humpata). Assim,
destacam-se cinco causas fundamentais: as longas distâncias que as crianças percorrem até
à escola, o problema da fome (nestas localidades as escolas não têm merenda escolar e são
zonas que têm sido fustigadas pela seca), as questões culturais e a tradição, as dificuldades
da aprendizagem da língua oficial bem como o não domínio da língua local por parte dos
professores, a apetência para os ganhos imediatos, fazendo com que as crianças optem em
permanecer nos mercados informais que se situam também a distâncias enormes, causas
estas que contribuem cada vez mais para o agravamento da situação.
Consequências do abandono escolar
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As consequências do abandono escolar evidenciam-se nos constrangimentos
diversos para os pais, encarregados de educação, para os educandos e para a sociedade.
Assim, pode-se mencionar o desperdício de recursos disponibilizados não pelos pais ou
encarregados de educação, mas também pelo Estado. Segundo Benavente (1994), o
abandono escolar desemboca numa desvalorização tanto social quanto profissional, pois
que as instituições se responsabilizam pela educação, mas não podem responsabilizar-se
pela vida de cada um. Ao não possuírem uma experiência adequada, o resultado pode ser a
“frustração, o fracasso, a incapacidade, a dissimulação e a fuga
3
que poderá interferir
com a vida pessoal e profissional.
Neste contexto, verifica-se o perpetuar da pobreza, a exiguidade de pessoal
qualificado, o agravamento do analfabetismo, a predisposição para o casamento precoce, o
agravamento das assimetrias entre a cidade e o campo.
O trabalho de campo
A pesquisa de campo foi realizada no mês de Janeiro de 2017. Para a sua realização
foi necessário contactar atempadamente as autoridades tradicionais com auxílio de alguns
professores e amigos. Estes foram receptivos e com alguma antecedência as populações
foram avisadas. Vale lembrar que para alguns integrantes destas populações, esta
abordagem não constituiu uma novidade pelo facto de se terem lembrado das experiências
anteriores aquando da pesquisa para o mestrado e doutoramento efectuado pela
investigadora. Contudo, o foi, por um lado, de todo fácil abordar estes informantes
porque na altura havia chovido e os acessos não eram os melhores. Por outro, as
populações estavam nos seus campos de cultivo o que por vezes exigiu que se fosse ao seu
alcance. As conversas decorreram num clima ameno. Houve necessidade de pernoitarmos
algumas vezes na Bata-Bata por ser a zona mais distante. As questões colocadas foram
respondidas com muita seriedade por parte dos adultos, apontando sempre o desejo dos
seus filhos estudarem, mas, também, que não tinham muitas soluções para os fazer
deslocar diariamente para as escolas do nível seguinte devido à distância e à falta de
recursos financeiros. Apontaram factores como a fome, a pobreza, a falta de interesse por
3
Muitos jovens no nosso país entregam-se às drogas, apresentam certificados falsos para concorrer
a empregos e para continuação de estudos como resultado das desistências.
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parte de alguns filhos, mas que sempre tiveram esperança que o Governo resolvesse o
problema com a construção de mais escolas ou com a disponibilização de transporte.
Os alunos desistentes, de uma forma geral, afirmaram que não pretendiam
abandonar a escola, mas dependiam dos pais ou do Governo. Os jovens e adolescentes
entrevistados referiram, ainda, que ajudam os pais na lavoura e na pastorícia durante a
semana e no período do cultivo. Aos sábados frequentam o mercado informal localizado na
sede do município, sendo uma prática generalizada, pois admitiram que os outros se
mudaram para a cidade grande (Lubango) onde fazem a zunga
4
.
Indagados sobre a mesma temática, os Sobas referiram que como autoridade
tradicional o seu papel é fazer chegar as preocupações às autoridades administrativas e
estas, por sua vez, as levam às entidades superiores. Dizem ter havido promessas, contudo
continuam à espera. No que se refere às populações, todas elas afirmaram que isto depende
das famílias. Há casos em que alguns enviam os seus filhos para os parentes da cidade, mas
que é também um risco porque podem também não estudar. Tanto as autoridades
tradicionais como os restantes participantes concordam em que o problema será
solucionado, mas a questão maior que se ouviu como desejo de ser resolvida foi a questão
dos transportes para evitar o isolamento e facilitar as deslocações. Os jovens, quando
inquiridos sobre as consequências da falta de estudos para si próprios, responderam que
estão conscientes que não têm solução à vista, pois os pais também apresentam
incapacidade para o efeito, mas que a vida continua. Tal como seus pais que vivem da
agricultura e da pastorícia, eles também vão continuar nessa forma de viver.
Sobre o futuro que os espera, atendendo à globalização, eles responderam que
também desejam o melhor para si, mas que talvez isso seja para os seus irmãos mais
novos caso as promessas do Governo se concretizem.
Com os professores a abordagem decorreu na respectiva escola. Sobre as questões
colocadas, eles referiram de forma unânime que sentem muito por aquilo que as
populações rurais passam, pois as perspectivas e os sonhos dos seus filhos são destruídos
muito cedo. Aquilo que o professor passa para os alunos, durante os primeiros anos da
educação escolar, é que é importante estudar, não faltar à escola e estudar bastante para
amanhã poder ter um emprego.
4
Venda ambulante
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Os professores referiram que também se sentem mal com o interromper do curso
escolar. Alegaram que é uma pena, pois existem alunos muito inteligentes, mas eles
também não podem fazer nada. Os professores referiram ainda a questão do género. Para
eles constitui uma pena que as raparigas ao não poderem continuar os seus estudos estejam
sujeitas a casarem e engravidarem precocemente. Quanto aos pais dizem que preferem que
elas se casem em vez de irem para as cidades e ficarem à sua mercê. Do seu ponto de vista,
casando-se ali mesmo na aldeia, embora muito jovens, têm controlo sobre elas e menos
preocupações.
Outra questão colocada tanto aos pais como aos jovens e adolescentes, bem como
aos professores foi a propalada assunção de que os Mwíla são preguiçosos e que não
gostam de estudar. Os encarregados de educação ou pais afirmaram que muitos deles não
tiveram oportunidade para estudar, uma vez que as escolas sempre estiveram distantes e o
que restava era apoiar-se ao modo de vida dos seus antepassados. Mostraram que não
tinham como estudar o tendo um suporte familiar ou governamental para eles puderem
procurar uma escola que os aceitasse numa localidade distante e com todas as
condicionantes que se impõem.
Os jovens e adolescentes entrevistados mostraram o seu desapontamento por não
terem mesmo como sair dessa situação e por serem assim conotados. Os professores
evidenciaram que realmente falta de escolas nas localidades em que estes vivem e que
se forem asseguradas as condições para que muitos deles possam estudar pode haver muito
sucesso, porque entre eles se nota que existe vontade, existe preocupação e empenho se
houver estímulos (professores, escolas nas proximidades e merenda escolar). Muitos destes
pais ficaram preocupados ao saber que são assim conotados e manifestaram o seu
desagrado dizendo que “coloquem aqui as escolas, coloquem mesmo aqui nas nossas
aldeias para que as crianças não sintam medo de ir para a escola e para que nós também
fiquemos descansados. Queremos estar cientes de que as nossas crianças estão seguras e
que não correm nenhum risco”. Esta afirmação foi corroborada pelos Sobas (autoridades
tradicionais) que reafirmaram que o seu desejo é que as suas localidades saiam do
anonimato, elas não são conhecidas e, por isso, ficam fora dos programas, apesar de
levarem sempre esta mensagem às autoridades administrativas. Lembraram mesmo que
reconhecem que este tempo não é para terem cidadãos que não sabem ler nem escrever,
que não é tempo de não terem documentos e que estão firmes em abraçar os projectos que
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forem implementados nas suas localidades. Os Sobas frisaram, ainda, que sentem muito
por isso, pois apesar de exercerem essa função, eles gostariam que também tivessem
acesso à escola porque o mundo actual exige que uma autoridade se destaque na tomada de
decisões, facto que se torna mais eficiente quando se possuem habilitações literárias.
Reconhecem que muitas das vezes dependem do seu secretário para ler e interpretar
documentos, bem como produzi-los em resposta ao solicitado pelos seus superiores - “Nós
só assinamos, confiando no secretário”
5
.
Outro assunto abordado foi a questão dos jovens, que tendo o ciclo primário
concluído, ou seja, que têm a 4.ª ou a 6.ª classes (que sabem ler e escrever), se não podiam
ser enquadrados numa formação profissional: a esta questão os professores foram os que
responderam com mais assertividade. Referiram que o problema podia ser resolvido se
houvesse condições de apoio para que os jovens e adolescentes nessa condição pudessem
deslocar-se para a cidade do Lubango onde tais projectos existem. O problema continua a
ser a falta de apoio para enquad-los nessas formações. Mesmo que as escolas existissem,
a formação tinha de ser grátis porque a população aqui é mesmo carenciada em termos
financeiros. Por outro lado, mostraram ainda que esses adolescentes conhecem as
actividades que os pais desenvolvem (fundamentalmente, agricultura e pastorícia). Tais
actividades continuam a ser de subsistência. Porém, existe o sector informal que
actualmente tem sido a fuga para estes jovens que abandonam a escola. Uma vez adaptados
à zunga não se interessam mais pela sua formação por terem já alguns recursos financeiros
para satisfazer as suas necessidades básicas. Muitos até mudam de localidade e aparecem
de vez em quando.
Feitas as entrevistas e a respectiva descrição, sistematizamos através dos esquemas
abaixo o assunto em que se pode verificar a relação entre o problema, as causas do
problema e a identificação de uma solução para cada causa. Igualmente, de forma
esquemática se relacionam as consequências do problema, a partir do qual as
consequências ou os efeitos são identificados. Seguidamente, são esquematizados os
objectivos e as acções, estas estão subdivididas em duas alternativas.
5
Na verdade, os Sobas, desempenhando a função de autoridades tradicionais, têm sido um grande
suporte ao desempenho eficiente das autoridades administrativas nas zonas rurais. Viabilizam os
processos uma vez que têm o controlo da população da sua comunidade e têm-se mostrado aptos
na resolução de muitos problemas, apesar de muitos não serem letrados. A iliteracia não tem sido
um problema para o cumprimento das suas funções.
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Foram esquematizados também os resultados esperados. Para facilitar a simulação,
trabalhou-se apenas com o factor distância como primeira causa, identificando os
benefícios, as oportunidades, os custos e riscos, com base nas alternativas formuladas. Nas
comunidades rurais, a distância tem sido o factor de estrangulamento para a prossecução
dos estudos, pois as crianças vêm roubada a sua oportunidade de ingressar para a escola na
altura devida e quando o conseguem, ficam impossibilitadas de poder dar continuidade aos
estudos que são considerados como um investimento para assegurar a vida futura das
crianças.
Nesse ponto, o estrangulamento “distância” vem mostrar que limita imenso as
crianças do meio rural que quanto mais tarde entrarem para a escola, mais cedo a vão
deixar por causa do aumento da idade.
A frequência dos níveis de ensino depende do factor idade mormente para as
classes após o Ensino Primário. Se compararmos com a situação dos meios urbanos em
que existe electricidade para que, apesar de adolescentes poderem frequentar os estudos no
período nocturno, nas comunidades rurais esta possibilidade não existe. Logo, os
adolescentes e jovens muito cedo vão desempenhar outras tarefas como dedicar-se à
pastorícia, à agricultura ou ao mercado informal.
Esquematização do Estudo
Figura n.º 1 Compreender o fenómeno do abandono escolar
Abandono Escolar
Distância Fome Hábitos, Usos e
Customes A Língua
Ciclo da
Pobreza Exiguidade
de Quadros Agrav. Da
Dicotomia
R/U
Casamento
Precoce
Analfabetis
mo
O Mercado
Informal
Sensibilizar os
pais sobre a
primazia que o
ensino tem
sobre o lucro
imediato.
Sugerir
programas de
aprendizagem
da língua local
para os
professores.
Sensibilizar os
pais sobre a
importância do
ensino para
uma vida
melhor.
Identificar
programas
que visem o
reforço
alimentar das
crianças .
Identificar
meios que
facilitem o
acesso
escolar.
Compreender o fenómeno do abandono
escolar
Fonte: Grupo Madiba Curso de Agregação Pedagógica. 1.ª Edição (2017)
-
Revista Científica do ISCED - Huíla, Lubango, v. 2, n.2, p. 40-56, Jul./ Dez., 2021.
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Figura n.º 2- Problema, Causa e Consequências
Fonte: Grupo Madiba Curso de Agregação Pedagógica. 1. Edição (2017)
Figura n.º 3 -Objectivos e Acções
Fonte: Grupo Madiba Curso de Agregação Pedagógica. 1. Edição (2017)
Figura n.º 4 - Resultados
Sensibilizar os
pais sobre a
primazia que o
ensino tem
sobre o lucro
imediato.
Sugerir
programas de
aprendizagem
da língua local
para os
professores.
Sensibilizar os
pais sobre a
importância do
ensino para
uma vida
melhor.
Identificar
programas
que visem o
reforço
alimentar das
crianças .
Identificar
meios que
facilitem o
acesso
escolar.
Minimizar o Abandono Escolar
(COMO ?)
Distância Fome Hábitos, Usos e
Customes A Língua O Mercado
Informal
Motas
Táxis
Const. Esc.
Merenda
Local
Da cidade
Sensibilização Contratar
professor
local
Formar
Sensibilização
OBJECTIVOS E ACÇÕES
-
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Fonte: Grupo Madiba Curso de Agregação Pedagógica. 1.ª Edição (2017)
Figura nº 5 Como minimizar a Distância
Benefícios
Minimizar a Distancia
Motivação
acrescentada
Assiduidade e
pontualidade
Fonte de
receita para os
taxistas
Melhoria
rendimento
escolar
Oportunidades
Surgimento de
negócios (venda de
combustível)
Socialização
das crianças
Criação de
empregos
Retenção das
crianças nas
escolas
Custos
O transporte é
subsidiado pelo
Estado
Manutenção
dos transportes
A construção das
escolas é financiada
pelo Estado
A criação de subsídios
para acomodação dos
professores
Riscos
Acidentes
Violação dos
direitos da Criança
(tráfico, violações)
A interferência dos
pais no processo
de ensino
Fraco
empenho dos
alunos
Fonte: Grupo Madiba Curso de Agregação Pedagógica. 1.ª Edição (2017)
Conclusões
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De uma maneira geral, o abandono escolar é um fenómeno universal. Também é
consensual que o abandono escolar não é algo que se possa erradicar na totalidade. Parte
dos alunos ou estudantes acabam sempre por desistir, se não o fizerem nos primeiros
ciclos, poderão fazê-lo nos níveis seguintes. Tudo depende das características e condições
sociais, económicas e políticas de cada contexto e, também, da posição social das famílias
bem como as ofertas de ensino que cada país disponibiliza aos seus cidadãos.
No caso particular desta pesquisa, constatou-se que o abandono escolar no
município da Humpata, nomeadamente nas zonas rurais continua a ser uma realidade que
está longe de ser ultrapassada por várias razões, entre as quais, as distâncias entre as
aldeias e as escolas, a falta de transporte e os acessos em mau estado, a seca, a crise
económica que o país atravessa actualmente, a indisponibilidade financeira dos pais e
encarregados de educação, a desmotivação e a apetência pelo lucro rápido. Portanto, os
mercados informais absorvem os desistentes da escola, que são assediados pela prática do
ganha-pão imediato.
Os encarregados de educação ao não terem muito para oferecer aos seus educandos
estão limitados à imposição de regras, pois o conflito entre os novos e os velhos hábitos,
que se verificam pela influência da globalização, tende a que os adolescentes e os jovens
optem pela permanência no mercado informal. Tal prática retira a mão-de-obra do campo e
induz à não aprendizagem pela prática ancestral. Do mesmo modo, impede a aprendizagem
na escola ao não adquirirem habilitações académicas e/ou profissionais. Cuidar do gado e
lavrar a terra torna-se necessário hoje porque o foco é o mercado informal. Muitos não
estão preocupados com a escola como garantia de um emprego e de uma vida estável, pois
não se verifica por parte destas populações um investimento forte no percurso escolar dos
seus filhos. Estes cidadãos olham para as entidades governativas como únicos responsáveis
para a solução do problema. Acreditam que se deve olhar para as localidades recônditas
com mais seriedade, pois muitos pensam que estão entregues à sua sorte.
Além de várias soluções que se podem oferecer para minimizar o abandono escolar
que está relacionado com a pobreza, percebeu-se que a merenda escolar pode contribuir
imenso para cativar as crianças a fim de não faltarem à escola. Por outro, lado viu-se
também que programas directos e específicos para estas populações rurais podem ser
abraçados, como por exemplo o incentivo à agro-pecuária, não só com oferta de sementes e
vacinação do gado, mas, também, com uma supervisão a fim de acompanhar as actividades
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dos camponeses como forma de os estimular. A questão da renda das famílias é também
um problema grave, pois nem todos possuem terreno para cultivar ou habitam locais
propícios à agricultura. Este grupo considerado mais vulnerável precisa de uma atenção
maior do Estado em relação aos outros, conforme foi relatado pelos entrevistados.
Conseguiu-se olhar para a questão do transporte como uma solução prioritária, uma vez
que o abandono escolar incide fundamentalmente depois do Ensino Primário.
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License. Ao submeter o manuscrito o autor está ciente de que os direitos de autor passam para a Revista
Científica do ISCED-Huíla.
Recebido em 18 de Fevereiro de 2023
Aceite em 10 de Setembro de 2024