Simone de Souza e Diana de Carvalho
Participar, Brincar, Ensinar e Aprender na Escola: Um
Desafio Ainda Atual nos Nossos Tempos
Participating, Playing, Tea
Resumo
Este artigo tem como foco
discutir a relação entre a escola pública e o compromisso pedag
social e político que
assume na produção de cenários de aprendizagem e de desenvolvimento da
criança/estudante
, buscando responder à
Bri
ncar, Ensinar e Aprender na Infância impacta nas experiências de formação inicial e continuada
de professores? Para tanto,
desenvolvidas pelos pesquisadores do
Escola (GEPIEE),
vinculado a
Educação,
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
fundamenta em
princípios orientadores
ideia de que a
criança é um ser humano de pouca idade, capaz de
com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos, materiais e simbólicos produzidos pela
humanidade. Dessa forma, b
usca
diferentes âmbitos da formação, atuação e tempo de exercício profissional) implicados com a
infância que se vive na escola.
proposição de um projeto de sociedade
constituem em um desafio a ser enfrentado na realidade dos anos iniciais de escolarização.
Palavras-chave: Educação,
Abstract
The purpose of this paper is to discuss the pedagogical, social and political obligations public
schools have to create
learning and developmental settings for children/students. With the Intent
to answer to the question: how do participating, pla
influence teachers'
first learning and continuous training experiences? Therefore, we present
excerpts from research and training activities developed by researchers from the Group of Study
and Research on Childhood
, Education and School
Program in Education of the Center of Educational Sciences/ Federal University of Santa Catarina
(UFSC), in Brazil. This discussion is based on the principles of the Historical Culture Theo
specifically the idea that a child is a young human being that is able to participate in cultural
activities, to interact with other children, adults, material, and human symbolic artifacts. Thus, we
intend to report accounts from teachers
1
Uma versão preliminar deste texto foi apresentada no
Superior Politécnico Independente, realizado
2
Doutora em Educação.
3
Doutora e Pós-
Doutora em Educação.
Simone de Souza e Diana de Carvalho
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
Participar, Brincar, Ensinar e Aprender na Escola: Um
Desafio Ainda Atual nos Nossos Tempos
Participating, Playing, Tea
ching, And Learning At School:
a Currrent Challenge
In Our Times
Simone de Souza
Universidade Federal de Santa Catarina
simone.souza@ufsc.br
Diana
Carvalho
Universidade Federal de Santa Catarina
diana.carvalho@ufsc.br
discutir a relação entre a escola pública e o compromisso pedag
assume na produção de cenários de aprendizagem e de desenvolvimento da
, buscando responder à
seguinte questão: como o debate sobre Participar,
ncar, Ensinar e Aprender na Infância impacta nas experiências de formação inicial e continuada
são
apresentados
fragmentos de pesquisas e atividades de formação
desenvolvidas pelos pesquisadores do
Grupo de Estudos e Pesquisas s
obre Infância, Educação e
vinculado a
o Programa de Pós-Graduação em Educação do
Centro de Ciências da
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
situada
Brasil
princípios orientadores
amparados na Teoria Histórico-
Cultural,
criança é um ser humano de pouca idade, capaz de
participar
da cultura em interação
com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos, materiais e simbólicos produzidos pela
usca
-se
trazer à luz vozes e histórias de professoras e estudantes (nos
diferentes âmbitos da formação, atuação e tempo de exercício profissional) implicados com a
infância que se vive na escola.
Entendemos
que as questões debatidas são
proposição de um projeto de sociedade
e
têm sido desenvolvidas no campo teórico, mas ainda se
constituem em um desafio a ser enfrentado na realidade dos anos iniciais de escolarização.
Infância, Escola.
The purpose of this paper is to discuss the pedagogical, social and political obligations public
learning and developmental settings for children/students. With the Intent
to answer to the question: how do participating, pla
ying, teaching and learning in childhood
first learning and continuous training experiences? Therefore, we present
excerpts from research and training activities developed by researchers from the Group of Study
, Education and School
-
GEPIEE, that is connected to the Graduate
Program in Education of the Center of Educational Sciences/ Federal University of Santa Catarina
(UFSC), in Brazil. This discussion is based on the principles of the Historical Culture Theo
specifically the idea that a child is a young human being that is able to participate in cultural
activities, to interact with other children, adults, material, and human symbolic artifacts. Thus, we
intend to report accounts from teachers
and students
(from different scopes of training, work, and
Uma versão preliminar deste texto foi apresentada no
I Congresso Internacional de Educação Primária do Instituto
Superior Politécnico Independente, realizado
no
Lubango, em Angola, nos dias 21 a 23 de novembro de 2018.
Doutora em Educação.
10
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
Participar, Brincar, Ensinar e Aprender na Escola: Um
Desafio Ainda Atual nos Nossos Tempos
1
a Currrent Challenge
Simone de Souza
2
Universidade Federal de Santa Catarina
, Brasil
simone.souza@ufsc.br
Carvalho
de Carvalho
3
Universidade Federal de Santa Catarina
, Brasil
diana.carvalho@ufsc.br
discutir a relação entre a escola pública e o compromisso pedag
ógico,
assume na produção de cenários de aprendizagem e de desenvolvimento da
seguinte questão: como o debate sobre Participar,
ncar, Ensinar e Aprender na Infância impacta nas experiências de formação inicial e continuada
fragmentos de pesquisas e atividades de formação
obre Infância, Educação e
Centro de Ciências da
Brasil
. Tal discussão se
Cultural,
em especial a
da cultura em interação
com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos, materiais e simbólicos produzidos pela
trazer à luz vozes e histórias de professoras e estudantes (nos
diferentes âmbitos da formação, atuação e tempo de exercício profissional) implicados com a
que as questões debatidas são
fundamentais para a
têm sido desenvolvidas no campo teórico, mas ainda se
constituem em um desafio a ser enfrentado na realidade dos anos iniciais de escolarização.
The purpose of this paper is to discuss the pedagogical, social and political obligations public
learning and developmental settings for children/students. With the Intent
ying, teaching and learning in childhood
first learning and continuous training experiences? Therefore, we present
excerpts from research and training activities developed by researchers from the Group of Study
GEPIEE, that is connected to the Graduate
Program in Education of the Center of Educational Sciences/ Federal University of Santa Catarina
(UFSC), in Brazil. This discussion is based on the principles of the Historical Culture Theo
ry,
specifically the idea that a child is a young human being that is able to participate in cultural
activities, to interact with other children, adults, material, and human symbolic artifacts. Thus, we
(from different scopes of training, work, and
I Congresso Internacional de Educação Primária do Instituto
Lubango, em Angola, nos dias 21 a 23 de novembro de 2018.
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
length of professional practice) related to childhood experiences at school. We understand that the
issue discussed is crucial to propose a project society that has been developed only in the theoretical
field
so far, but it is still a challenge faced in reality during the first years of school.
Keywords
: Education, Childhood, School
Introdução
Este artigo tem por objetivo
o compromisso pedag
ógico, social e político que
de aprendizagem e de desenvolvimento
várias possibilidades de tecer esse diálogo,
realizada pelo
s pesquisadores do
Educação e Escola (
GEPIEE
da Universidade Federal de Santa Catarina
O GEPIEE foi criado em 2001, vinculando
Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), do Minist
ério da Ciência e Tecnologia
sociais e humanas na explicitação dos fenômenos
Infância, Criança, Educação, Escola e Cultura, sendo integrado por pesquisadores
e estudant
es de graduação e pós
produção do conhecimento sobre
das
relações entre educação, infância e escola;
reflexos nos processos escolares;
criança na escola; as relações de ensino e aprendizagem; os direitos sociais da
criança e as polí
ticas públicas voltadas à infância;
continuada de professore
professores
para a infância com ênfase nos anos iniciais; as metodologias de
pesquisa com criança na escola.
Ao longo de
19 anos de existência
48 dissertações e oito
Educação (PPGE)
da UFSC
pesquisadores
também participaram
extensão e de estágio doc
estudantes de graduação em Pedagogia e Psicologia. Os pressupostos orientadores
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
length of professional practice) related to childhood experiences at school. We understand that the
issue discussed is crucial to propose a project society that has been developed only in the theoretical
so far, but it is still a challenge faced in reality during the first years of school.
: Education, Childhood, School
Este artigo tem por objetivo
discutir a íntima relação
entre
ógico, social e político que
assume na produção de cenários
de aprendizagem e de desenvolvimento
da criança/estudante
.
várias possibilidades de tecer esse diálogo,
tomamos como horizonte a produção
s pesquisadores do
Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Infância,
GEPIEE
)
, sediado no Centro de Ciências da Educação
da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
, em Florianópolis, Brasil.
O GEPIEE foi criado em 2001, vinculando
-
se ao Diretório dos Grup
Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
ério da Ciência e Tecnologia
. O Grupo busca
articular as ciências
sociais e humanas na explicitação dos fenômenos
ligados
às relações entre
Infância, Criança, Educação, Escola e Cultura, sendo integrado por pesquisadores
es de graduação e pós
-graduação.
Tem como objetivo principal a
produção do conhecimento sobre
as seguintes temáticas: a
s bases epistemológicas
relações entre educação, infância e escola;
as diferenças
socioculturais
reflexos nos processos escolares;
os processos de socialização/participação da
criança na escola; as relações de ensino e aprendizagem; os direitos sociais da
ticas públicas voltadas à infância;
a
formação universitária e
continuada de professore
s;
as dimensões ética e estética na formação do
para a infância com ênfase nos anos iniciais; as metodologias de
pesquisa com criança na escola.
19 anos de existência
,
no âmbito do GEPIEE
teses
, vinculadas ao Programa de Pós
da UFSC
, linha de pesquisa
Educação e Infância.
também participaram
nesse período de di
versos
extensão e de estágio doc
ência referentes à formação d
e professores e de
estudantes de graduação em Pedagogia e Psicologia. Os pressupostos orientadores
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
11
length of professional practice) related to childhood experiences at school. We understand that the
issue discussed is crucial to propose a project society that has been developed only in the theoretical
so far, but it is still a challenge faced in reality during the first years of school.
entre
a escola pública e
assume na produção de cenários
.
Considerando as
tomamos como horizonte a produção
Estudos e Pesquisas sobre Infância,
, sediado no Centro de Ciências da Educação
(CED),
, em Florianópolis, Brasil.
se ao Diretório dos Grup
os de
Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
articular as ciências
às relações entre
Infância, Criança, Educação, Escola e Cultura, sendo integrado por pesquisadores
Tem como objetivo principal a
s bases epistemológicas
socioculturais
e seus
os processos de socialização/participação da
criança na escola; as relações de ensino e aprendizagem; os direitos sociais da
formação universitária e
as dimensões ética e estética na formação do
s
para a infância com ênfase nos anos iniciais; as metodologias de
no âmbito do GEPIEE
foram produzidas
, vinculadas ao Programa de Pós
-Graduação em
Educação e Infância.
Os
versos
projetos de
e professores e de
estudantes de graduação em Pedagogia e Psicologia. Os pressupostos orientadores
Simone de Souza e Diana de Carvalho
dessas ações podem ser sintetizados nos seguintes pontos
documento do GEPIEE (2020)
As relações entre Educação, Infância e Escola têm suas origens na
Modernidade; A
infância é a condição social de ser criança, portanto
plural; A
criança é “um ser humano de pouca idade”, capaz de “participar” da
cultura em interação com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos,
materiais e simbólicos;
tempos (Quinteiro
, 2000)
condições para a crian
ça se tornar um sujeito de direitos, assim, exige o acesso a
informações e a apropriação de conhecimentos
entre ensino, pesquisa e extensão é uma exigência da universidade pública e o
GEPIEE orienta suas práticas por es
Neste artigo,
apresentar
de formação de professores desenvolvidas pelos pesquisadores do GEPIEE, que
desenvolveram
os pressupostos elencados acima.
vozes e histórias d
e professoras e estudantes (nos diferentes âmbitos d
atuação
e tempo de exercício
escola.
Uma pergunta que orientou
Participar, Brincar, Ensinar e Aprender na Infância
formação inicial
e continuada
Vivemos em
um país que
educacional, matizes de
garantia
intransigente por uma educação pública emancipadora e d
qualidade para todas e todos.
Brasil
, vivenciamos cenas que ainda temos que
Encontramos
condições de trabalho precarizadas,
professor;
salas de aula com superlotação de estudantes
trajetórias de escolarização marcadas por humilha
qualidade; descaso
pela escola pública de cotidiano tã
Simone de Souza e Diana de Carvalho
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
dessas ações podem ser sintetizados nos seguintes pontos
, conforme definido no
documento do GEPIEE (2020)
:
As relações entre Educação, Infância e Escola têm suas origens na
infância é a condição social de ser criança, portanto
criança é “um ser humano de pouca idade”, capaz de “participar” da
cultura em interação com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos,
A escola é um lugar privilegiado da infância nos nossos
, 2000)
;
A participação constitui o ser humano e é uma das
ça se tornar um sujeito de direitos, assim, exige o acesso a
informações e a apropriação de conhecimentos
; O princípio da
indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão é uma exigência da universidade pública e o
GEPIEE orienta suas práticas por es
se princípio.
apresentar
emos
alguns fragmentos de pesquisas e atividades
de formação de professores desenvolvidas pelos pesquisadores do GEPIEE, que
os pressupostos elencados acima.
Buscamos trazer à luz
e professoras e estudantes (nos diferentes âmbitos d
e tempo de exercício
profissional) implicado
s com a infância
Uma pergunta que orientou
nossa escrita foi
a seguinte:
Participar, Brincar, Ensinar e Aprender na Infância
impacta nas experiências de
e continuada
de professores?
um país que
registra, no que diz respeito
ao campo da política
educacional, matizes de
uma luta que ainda não co
nseguimos vencer,
intransigente por uma educação pública emancipadora e d
qualidade para todas e todos.
Quando adentramos o território da escola pública no
, vivenciamos cenas que ainda temos que
superar.
condições de trabalho precarizadas,
desamparo
salas de aula com superlotação de estudantes
;
trajetórias de escolarização marcadas por humilha
ção e ensino de pouca
pela escola pública de cotidiano tã
o sofrido.
12
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
, conforme definido no
As relações entre Educação, Infância e Escola têm suas origens na
infância é a condição social de ser criança, portanto
, é universal e
criança é “um ser humano de pouca idade”, capaz de “participar” da
cultura em interação com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos,
A escola é um lugar privilegiado da infância nos nossos
A participação constitui o ser humano e é uma das
ça se tornar um sujeito de direitos, assim, exige o acesso a
indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão é uma exigência da universidade pública e o
alguns fragmentos de pesquisas e atividades
de formação de professores desenvolvidas pelos pesquisadores do GEPIEE, que
Buscamos trazer à luz
muitas
e professoras e estudantes (nos diferentes âmbitos d
a formação,
s com a infância
que se vive na
a seguinte:
como o tema
impacta nas experiências de
ao campo da política
nseguimos vencer,
qual seja, a
intransigente por uma educação pública emancipadora e d
a melhor
Quando adentramos o território da escola pública no
desamparo
e solidão do
estudantes com
ção e ensino de pouca
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
Em síntese
, ainda encontramos uma escola que
desigualdades entre a classe trabalhadora e a
públicas de pouca qualidade, destinada aos mais pobres, enquanto o ensino
privado é
uma alternativa
país.
Várias são as pesquisas que descrevem a situação da educação no país, dentre
as quais podemos destacar: Paiva et al
Veiga (2019).
No entanto
, também encontramos resistência e mobilização de coletivos de
professores, estudantes, trabalhadores da educação e da sociedade civil, no que se
refere à reafirmação do direito à educação pública e sua ampliação. Os estudos,
pesquisas e formações realizad
de superação das dificuldades encontradas na realidade escolar, procurando
entender os processos ali vivenciados, ir além da mera denúncia da escola
recuperando as vozes,
muitas vezes silenciadas
aposta que o Grupo
tem feito é a de assumir, de forma inegociável, o compromisso
ético e político para garantir uma escola de qualidade e emancipadora a todas e
todos.
Começamos nossa discussão com o relato de um
das pesquisadora
s e autora deste texto:
escola pública de educação básica, denominada “Escola Básica Visconde de Mauá”,
localizada no e
stado de Santa Catarina, ao
ferroviários, logo
, uma escola voltada, predominantemente,
trabalhadores
. Era o ano de 1979
No Brasil
vivíamos no
contexto de um Estado autoritário,
necessidades do processo de industrialização
imperativo do controle e da disciplina dos corpos.
frequentava a primeira série
foi a de Dona L
ourdes
aprenderem a ler, conseguir
urgência e possibilidades!
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
, ainda encontramos uma escola que
tem
desigualdades entre a classe trabalhadora e a
pequena
elite brasileira.
públicas de pouca qualidade, destinada aos mais pobres, enquanto o ensino
uma alternativa
para os mais ricos,
que secularmente governam o
Várias são as pesquisas que descrevem a situação da educação no país, dentre
as quais podemos destacar: Paiva et al
. (1998), Quinteiro (2000)
, Sampaio (2004),
, também encontramos resistência e mobilização de coletivos de
professores, estudantes, trabalhadores da educação e da sociedade civil, no que se
refere à reafirmação do direito à educação pública e sua ampliação. Os estudos,
pesquisas e formações realizad
as no âmbito do GEPIEE se
caracterizam
de superação das dificuldades encontradas na realidade escolar, procurando
entender os processos ali vivenciados, ir além da mera denúncia da escola
muitas vezes silenciadas
, de estud
antes e professores
tem feito é a de assumir, de forma inegociável, o compromisso
ético e político para garantir uma escola de qualidade e emancipadora a todas e
Começamos nossa discussão com o relato de um
episódio
s e autora deste texto:
uma cena vivida c
omo estudante de uma
escola pública de educação básica, denominada “Escola Básica Visconde de Mauá”,
stado de Santa Catarina, ao
sul do Brasil, situa
da
, uma escola voltada, predominantemente,
pa
ra
. Era o ano de 1979
.
vivíamos no
regime da Ditadura Militar
, marcado
contexto de um Estado autoritário,
com uma educação
tecnicista
necessidades do processo de industrialização
, e que refletia no seu interior o
imperativo do controle e da disciplina dos corpos.
E
stava com sete anos de idade
frequentava a primeira série
. A imagem que se condensou na
sua
ourdes
, sua primeira professora, que dizia
:
aprenderem a ler, conseguir
ão ler o mundo”!
Foram palavras carregadas de
urgência e possibilidades!
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
13
tem
justificado as
elite brasileira.
Escolas
públicas de pouca qualidade, destinada aos mais pobres, enquanto o ensino
que secularmente governam o
nosso
Várias são as pesquisas que descrevem a situação da educação no país, dentre
, Sampaio (2004),
, também encontramos resistência e mobilização de coletivos de
professores, estudantes, trabalhadores da educação e da sociedade civil, no que se
refere à reafirmação do direito à educação pública e sua ampliação. Os estudos,
caracterizam
pela busca
de superação das dificuldades encontradas na realidade escolar, procurando
entender os processos ali vivenciados, ir além da mera denúncia da escola
,
antes e professores
. A
tem feito é a de assumir, de forma inegociável, o compromisso
ético e político para garantir uma escola de qualidade e emancipadora a todas e
episódio
vivido por uma
omo estudante de uma
escola pública de educação básica, denominada “Escola Básica Visconde de Mauá”,
da
em uma vila dos
filhas e filhos de
, marcado
por um
tecnicista
, voltada às
, e que refletia no seu interior o
stava com sete anos de idade
e
sua
memória afetiva
:
“Quando vocês
Foram palavras carregadas de
Simone de Souza e Diana de Carvalho
E assim
ficou a vontade de aprender a
compreendê-
las no seu si
depois escrever a su
a
também aprendessem sobre os sentidos e os significados das palavras no mundo
sobre as possibilidades das palavras,
em atos.
Chamamos
a atenção para
uma criança de
sete anos de
professora disse
e o como
horizonte de possibilidades
fez-lhe
querer colocar atenção nas lições da escola.
primevo capaz de
r o Outro em movimento
quando estamos no exercício da docência
Charlot (2000, p. 55),
revisitada:
A criança mobiliza
mesma como de um recurso, quando é posta em movimento por beis que
remetem a um desejo, um sentido, um valor. A atividade possui, então, uma
dinâmica interna. Não se deve
troca com o mundo, onde a criança encontra metas desejáveis, meios de ação e
outros recursos que não ela
A professora D
ona
motivo para caminhar.
A
Aprender para apropriar
participar da construção de um mundo pré
que é, ao mesmo tempo, profundamente
escapa por toda a parte. Nascer, aprender, é entrar em um conjunto de relações e
processos que constituem um sistema de sentido, onde se diz quem eu sou, quem é
o mundo, quem são os
É c
erto que os motivos e os sentidos são intercambiantes
possibilidades
de produzir uma sociedade com mais justeza é garantir que o filho
do rico e o filho do pobre possam estudar na mesma universidade pública
basilar
a universidade sair
articulado com
pesquisa, ensino e extensão, no diálogo estreito com
da sociedade.
Simone de Souza e Diana de Carvalho
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
ficou a vontade de aprender a
ler para depois
escrever palavras
las no seu si
gnificado, e alcançar, portanto,
a leitura do mundo
a
história nesse mundo,
ser uma mediação para que outros
também aprendessem sobre os sentidos e os significados das palavras no mundo
sobre as possibilidades das palavras,
dos sentidos e dos significados se objetiva
a atenção para
o que Dona Lourdes
foi capaz de produzir em
sete anos de
idade, que recém iniciava
a vida escolar
e o como
disse abriu uma
espécie de clareira que
horizonte de possibilidades
, produziu um sentido na sua
condição de estudante e
querer colocar atenção nas lições da escola.
Penso que é esse desejo
r o Outro em movimento
que precisamos
nos
quando estamos no exercício da docência
. Com a leitura do
sociólogo Bernard
é possível compreender do que
se trata
A criança mobiliza
-
se, em uma atividade, quando investe nela, quando faz uso de si
mesma como de um recurso, quando é posta em movimento por beis que
remetem a um desejo, um sentido, um valor. A atividade possui, então, uma
dinâmica interna. Não se deve
esquecer, entretanto, que essa dinâmica supõe uma
troca com o mundo, onde a criança encontra metas desejáveis, meios de ação e
outros recursos que não ela
mesma (Charlot, 2000, p. 55).
ona
Lourdes criou uma necessidade
, a qual
A
lgo que Charlot (2000), talvez,
signifique
Aprender para apropriar
-
se do mundo, de uma parte desse mundo, e para
participar da construção de um mundo pré
-
existente. Aprender em uma história
que é, ao mesmo tempo, profundamente
minha
, no que tem de única, mas que me
escapa por toda a parte. Nascer, aprender, é entrar em um conjunto de relações e
processos que constituem um sistema de sentido, onde se diz quem eu sou, quem é
o mundo, quem são os
outros (Charlot, 2000, p. 55).
erto que os motivos e os sentidos são intercambiantes
de produzir uma sociedade com mais justeza é garantir que o filho
do rico e o filho do pobre possam estudar na mesma universidade pública
a universidade sair
do seu encastelamento e produzir conhecimento
pesquisa, ensino e extensão, no diálogo estreito com
14
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
escrever palavras
,
a leitura do mundo
, para
ser uma mediação para que outros
também aprendessem sobre os sentidos e os significados das palavras no mundo
e
dos sentidos e dos significados se objetiva
rem
foi capaz de produzir em
a vida escolar
. O que a
espécie de clareira que
iluminou um
condição de estudante e
Penso que é esse desejo
nos
atentar e cuidar
sociólogo Bernard
se trata
a experiência
se, em uma atividade, quando investe nela, quando faz uso de si
mesma como de um recurso, quando é posta em movimento por beis que
remetem a um desejo, um sentido, um valor. A atividade possui, então, uma
esquecer, entretanto, que essa dinâmica supõe uma
troca com o mundo, onde a criança encontra metas desejáveis, meios de ação e
, a qual
produziu um
signifique
como:
se do mundo, de uma parte desse mundo, e para
existente. Aprender em uma história
, no que tem de única, mas que me
escapa por toda a parte. Nascer, aprender, é entrar em um conjunto de relações e
processos que constituem um sistema de sentido, onde se diz quem eu sou, quem é
erto que os motivos e os sentidos são intercambiantes
. Que uma das
de produzir uma sociedade com mais justeza é garantir que o filho
do rico e o filho do pobre possam estudar na mesma universidade pública
que é
do seu encastelamento e produzir conhecimento
pesquisa, ensino e extensão, no diálogo estreito com
outras esferas
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
É evidente
que a universidade
sonhos das pessoas,
deve
para um contingente de pessoas que estão
de ensinar pessoas
a sonhar
aos filhos da periferia, único lugar onde, talvez, quem pode
conte com
as mesmas oportunidades
que foram duramente conquistados são atacados e se encontram ameaçados
inclusive o próprio
Estado Democrático de Direito
c
ampos de alcance das políticas
outras, coletivos de trabalhadores e usuários buscam se organizar
E
stamos indo à luta
futuro anunciar um
passado difícil
retrocessos que se avizinham
áreas de educação e saúde, por exemplo
Ao
concluir a primeira parte desta reflexão,
para aprender a l
er as palavras para depois ler o mundo,
(2016) e com sua
grande
Lourdes, a primeira professora inesquecível
criança ao segurar sua mão e ajudá
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou
o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas,
esperando. Quando o menino e o pai
depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a
imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E
quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pe
ensina a olhar! (
Sobre
participar, brincar, ensinar e aprender na escola
As pesquisas realizadas
mudou menos do que deveria
conhecimentos sobre su
as fragilidades e possibilidades.
território capaz de
garantir um espaço privilegiado de exercício da cidadania, e isso
é mais do que preparar a criança
significa dizer que
a escola o
vida no
mundo, mas o próprio espaço
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10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
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2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
que a universidade
pública
precisa mais do que acessar os
deve
ser capaz de apresentar um sonho
, um
para um contingente de pessoas que estão
a sua margem,
ou seja,
a sonhar
em, de garantir políticas de acesso e de permanência
aos filhos da periferia, único lugar onde, talvez, quem pode
e quem não pode pagar
as mesmas oportunidades
. Também é verdadeiro que,
que foram duramente conquistados são atacados e se encontram ameaçados
Estado Democrático de Direito
. P
or outro lado, nos diversos
ampos de alcance das políticas
, seja de
educação, saúde, assistência social, entre
outras, coletivos de trabalhadores e usuários buscam se organizar
stamos indo à luta
, como sempre, mas é
a primeira vez que
passado difícil
e de pouca esperança,
fato que se confirma
retrocessos que se avizinham
, marcados por cortes constantes de recursos nas
áreas de educação e saúde, por exemplo
.
concluir a primeira parte desta reflexão,
a qual
discorr
er as palavras para depois ler o mundo,
dialogamos com
grande
poesia, de sensibilidade ímpar, que
traduz
Lourdes, a primeira professora inesquecível
, escreveu na
existência
criança ao segurar sua mão e ajudá
-la a ver o mundo:
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou
-
o para que descobrisse
o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas,
esperando. Quando o menino e o pai
enfim alcançaram aquelas alturas de areia,
depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a
imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E
quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pe
ensina a olhar! (
Galeano, 2016, p. 15)
participar, brincar, ensinar e aprender na escola
As pesquisas realizadas
no âmbito do GEPIEE
têm mostrado
mudou menos do que deveria
ou até poderia
uma vez que
as fragilidades e possibilidades.
Entretanto
garantir um espaço privilegiado de exercício da cidadania, e isso
é mais do que preparar a criança
, o
adolescente/estudante para o mundo
a escola o
é apenas um espaço e
tempo de preparação para a
mundo, mas o próprio espaço
e tempo, onde,
por meio do exercício dessa
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
15
precisa mais do que acessar os
, um
projeto possível
ou seja,
dever ser capaz
em, de garantir políticas de acesso e de permanência
e quem não pode pagar
no Brasil, direitos
que foram duramente conquistados são atacados e se encontram ameaçados
,
or outro lado, nos diversos
educação, saúde, assistência social, entre
outras, coletivos de trabalhadores e usuários buscam se organizar
.
a primeira vez que
vemos um
fato que se confirma
nos
, marcados por cortes constantes de recursos nas
discorr
e sobre o motivo
dialogamos com
Galeano
traduz
o que Dona
existência
daquela
o para que descobrisse
o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas,
enfim alcançaram aquelas alturas de areia,
depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a
imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E
quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pe
diu ao pai: - Pai, me
participar, brincar, ensinar e aprender na escola
têm mostrado
que a escola
uma vez que
acumulamos
Entretanto
, segue sendo o
garantir um espaço privilegiado de exercício da cidadania, e isso
adolescente/estudante para o mundo
. O que
tempo de preparação para a
por meio do exercício dessa
Simone de Souza e Diana de Carvalho
experiência –
que é cognitiva
sujeito se constitui, em
uma tessitura que deveria ser de vida cidadã
Carvalho,
2007, 2012a, 2012b;
Na aproximação que temos feito com a realidade escolar, observamos que
a garantia de
um dos princípios fundamentais
um direito de todos,
dever do Estado e da família
Algumas das
falas
de direitos de crianças e de adolescentes estigmatizados por uma sentença que
naturaliza a relação
entre estudante e
pertencer a uma comunidade pobre ou extremamente pobre.
O
menino e a menina, filhos da periferia, da exclusão social e da
humilhação, aumentam
escolar, sob a égide de
uma cegueira social, continua
dispositivos disciplinares, produtores de
sofrimento que advém dessa relação
condensa no enunciado
e
escola que,
na disputa de um projeto,
para
a política de extermínio do Estado
Os registros
cotidianos em jornais
quanto a
ausência de políticas públicas exitosas em defesa dos direitos humanos e
a impostura de nossos políticos marca
homossexuais, travestis, transexuais, e aumenta a fila
não acessam as condições mínimas para o bem viver, denunciando gritos
silenciados e vidas apagadas.
A história de
José
estudantes de Pedagogia
e escola
6
, é um exemplo dessa cruel realidade
4
Art. 205.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho (Brasil, 1988).
5
Nome fictício de uma criança que, à época, tinha seus 10 anos de idade e frequentava o quarto ano do Ensino Fundamental
de uma escola de Educação Básica, na cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, Brasil.
Simone de Souza e Diana de Carvalho
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
que é cognitiva
e,
também, afetiva, social, cultural, política
uma tessitura que deveria ser de vida cidadã
2007, 2012a, 2012b;
Quinteiro, Serrão & Carvalho
, 2008).
Na aproximação que temos feito com a realidade escolar, observamos que
um dos princípios fundamentais
, que disp
õe sobre a educação como
dever do Estado e da família
4
, não se realiza.
falas
mais recorrentes nessa realidade
denunciam a violação
de direitos de crianças e de adolescentes estigmatizados por uma sentença que
entre estudante e
a
trajetória de pouco sucesso escolar
pertencer a uma comunidade pobre ou extremamente pobre.
menino e a menina, filhos da periferia, da exclusão social e da
a fila no proble
ma social que se tornaram. E o
uma cegueira social, continua
a justificar o uso e o abuso de
dispositivos disciplinares, produtores de
estudantes
problemas, sem
sofrimento que advém dessa relação
. Mais do que isso, sem
enxerga
e
comunica o ato
de um Estado violador de direitos e uma
na disputa de um projeto,
tem perdido
jovens vidas
a política de extermínio do Estado
.
cotidianos em jornais
ratificam
a desigualdade que impera e o
ausência de políticas públicas exitosas em defesa dos direitos humanos e
a impostura de nossos políticos marca
m e ferem
a pele negra, pobre, de mulheres,
homossexuais, travestis, transexuais, e aumenta a fila
e os machucados dos que
não acessam as condições mínimas para o bem viver, denunciando gritos
silenciados e vidas apagadas.
José
5
, recolhida em uma ação de formação de professores e
estudantes de Pedagogia
,
que envolve uma relação continuada entre universidade
, é um exemplo dessa cruel realidade
.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
Nome fictício de uma criança que, à época, tinha seus 10 anos de idade e frequentava o quarto ano do Ensino Fundamental
de uma escola de Educação Básica, na cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, Brasil.
16
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
também, afetiva, social, cultural, política
–, o
uma tessitura que deveria ser de vida cidadã
(Quinteiro &
, 2008).
Na aproximação que temos feito com a realidade escolar, observamos que
õe sobre a educação como
denunciam a violação
de direitos de crianças e de adolescentes estigmatizados por uma sentença que
trajetória de pouco sucesso escolar
:
menino e a menina, filhos da periferia, da exclusão social e da
ma social que se tornaram. E o
aparato
a justificar o uso e o abuso de
problemas, sem
localizar o
enxerga
r a vida que se
de um Estado violador de direitos e uma
jovens vidas
para o tráfico e
a desigualdade que impera e o
ausência de políticas públicas exitosas em defesa dos direitos humanos e
a pele negra, pobre, de mulheres,
e os machucados dos que
não acessam as condições mínimas para o bem viver, denunciando gritos
, recolhida em uma ação de formação de professores e
que envolve uma relação continuada entre universidade
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
Nome fictício de uma criança que, à época, tinha seus 10 anos de idade e frequentava o quarto ano do Ensino Fundamental
de uma escola de Educação Básica, na cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, Brasil.
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
Uma
história na escola que começa assim
uma professora,
que não sabia o que fazer com a insistente recusa de
em
ocupar a fila dos meninos, e, consequentemente, da gargalhada solta de sua
turma e das piadas atreladas
menino negro, pobre, mora no morro, possui
tem sobrepeso, é natural
e
xpressa comportamentos que comumente são atribuídos a
José faz parte de um grupo de vidas localizadas nos indicadores de risco
pertence a uma comunidade de risco, é parte de uma famíl
criança de risco.
Podemos dizer que
lógica de pertencimento e
esses adjetivos
m justificado e
cada
José e cada Maria que
Nunes (2013)
descreve acerca do deslocamento que ocorre quando a procura por
modos de compreensão
para o âmbito de
soluções biologizantes e psicologizantes, isto é, quando
explicações de cunho científico legitimam
[...]
a ausência desresponsabilizadora de respostas educativas democráticas numa
escola de massas, naturaliza e deixa invisíveis fenômen
sobrevivem suportados por
democrática e mesmo filantrópica que torna esses fenômenos ainda mais
intocáveis. Na aparência científica, se mascara uma agenda ideológica
2013, p. 263)
A
discussão do tema nos pede, antes de mais nada, olhar para a
José e propor
outro começo
ser criança, o que nos
criança aprende
e se desenvolv
Frente a isso, ao se pensar nos princípios de ancoragem
ações
do GEPIEE, apresentamos aqui, objetivamente
6
Nessa escola pública de educ
ação básica, são realizados dois projetos com acadêmicos do Curso de Pedagogia da UFSC: o
estágio de docência obrigatório e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), iniciativa do Governo
Federal que ocorreu de 2009 a 2019.
7
De forma recorrente, um preconceito dirigido às pessoas naturais do estado da Bahia, sendo alvo de atitudes
discriminatórias e estereotipadas e, às vezes, vítimas de intolerâncias.
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
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2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
história na escola que começa assim
: com um p
edido de ajuda
que não sabia o que fazer com a insistente recusa de
ocupar a fila dos meninos, e, consequentemente, da gargalhada solta de sua
turma e das piadas atreladas
pela escolha do menino.
Quem é José? José é um
menino negro, pobre, mora no morro, possui
um
histórico de reprovação escolar,
tem sobrepeso, é natural
da Bahia
7
, teve um laudo médico
e tomava remédio,
xpressa comportamentos que comumente são atribuídos a
modos
José faz parte de um grupo de vidas localizadas nos indicadores de risco
pertence a uma comunidade de risco, é parte de uma famíl
ia de risco, logo, é uma
Podemos dizer que
o menino está em risco quando
se evidencia
lógica de pertencimento e
os adjetivos que nominam José.
E, por quê? Porque
m justificado e
naturalizado as diferenças
, bem
José e cada Maria que
desviam da norma,
no seu devido lugar
descreve acerca do deslocamento que ocorre quando a procura por
e de soluções do
fenômeno, no âmbito da escola, volta
soluções biologizantes e psicologizantes, isto é, quando
explicações de cunho científico legitimam
a ausência desresponsabilizadora de respostas educativas democráticas numa
escola de massas, naturaliza e deixa invisíveis fenômen
os de exclusão que
sobrevivem suportados por
políticas educativas com uma carga de aparência
democrática e mesmo filantrópica que torna esses fenômenos ainda mais
intocáveis. Na aparência científica, se mascara uma agenda ideológica
discussão do tema nos pede, antes de mais nada, olhar para a
outro começo
, qual seja, compreender qual a sua condição social de
ser criança, o que nos
faz
perspectivar o contexto histórico e social
e se desenvolv
e (Patto, 2015).
Frente a isso, ao se pensar nos princípios de ancoragem
do GEPIEE, apresentamos aqui, objetivamente
,
outro
ação básica, são realizados dois projetos com acadêmicos do Curso de Pedagogia da UFSC: o
estágio de docência obrigatório e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), iniciativa do Governo
De forma recorrente, um preconceito dirigido às pessoas naturais do estado da Bahia, sendo alvo de atitudes
discriminatórias e estereotipadas e, às vezes, vítimas de intolerâncias.
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
17
edido de ajuda
de
que não sabia o que fazer com a insistente recusa de
um menino
ocupar a fila dos meninos, e, consequentemente, da gargalhada solta de sua
Quem é José? José é um
histórico de reprovação escolar,
e tomava remédio,
modos
de menina.
José faz parte de um grupo de vidas localizadas nos indicadores de risco
,
ia de risco, logo, é uma
se evidencia
qual a
E, por quê? Porque
, bem
como mantido
no seu devido lugar
. Sobre isso,
descreve acerca do deslocamento que ocorre quando a procura por
fenômeno, no âmbito da escola, volta
-se
soluções biologizantes e psicologizantes, isto é, quando
as
a ausência desresponsabilizadora de respostas educativas democráticas numa
os de exclusão que
políticas educativas com uma carga de aparência
democrática e mesmo filantrópica que torna esses fenômenos ainda mais
intocáveis. Na aparência científica, se mascara uma agenda ideológica
. (Nunes,
discussão do tema nos pede, antes de mais nada, olhar para a
história de
, qual seja, compreender qual a sua condição social de
perspectivar o contexto histórico e social
em que a
Frente a isso, ao se pensar nos princípios de ancoragem
que balizam as
outro
jeito possível da
ação básica, são realizados dois projetos com acadêmicos do Curso de Pedagogia da UFSC: o
estágio de docência obrigatório e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), iniciativa do Governo
De forma recorrente, um preconceito dirigido às pessoas naturais do estado da Bahia, sendo alvo de atitudes
Simone de Souza e Diana de Carvalho
universidade relacionar-
se c
demandas e respeitando as crianças e
Compreendendo a escola como um lugar polític
que Nunes (2013)
afirma:
sujeitos, num
contexto de diversidade e de conflito que em nada colide com o
discurso igualitário que é, em si próprio, um discurso de aproximação e de
reciprocidade” (p. 270)
,
precípuas:
garantir e afirmar direitos.
Em outras palavras,
mutuamente, tanto por
quem estuda como
a
sua singularidade, sem serem submetidos a processos de humilhação, dos mais
sutis aos explícitos. Tais
da escola,
os conflitos de uma sociedade que padece
econômica, d
entre outras.
Voltamos ao
pedido de ajuda d
para o que
experimentava
professora, com a mãe
do estudante, com
conjunto dessas conversas, desenhamos uma o
normal ser diferente”
8
.
Após a
consulta e anuência de todas e todos
professora, escola),
realizou
problematizar,
a partir de
e significados atrelados
construção de um “Termo de Acordo”
coletiva proposta, José nos lembra
ela seja uma criança do lado de fora
parte mulher”.
Ao que parece, um pedido colocado,
8
A oficina ocorreu no período de aula, perfazendo o total de 4 horas;
de Pedagogia da UFSC, a professora regente da turma e um psicólogo ativista da causa LGBT, membro da Comissão de
Direitos Humanos, do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina.
9
Teve como dispo
sitivo gravuras e palavras que constituem parte do universo masculino e feminino. As imagens e palavras
selecionadas foram coladas em dois perfis de corpo humano, que, anteriormente, haviam sido desenhados pelas crianças,
com posterior socialização ao grupo.
10
Foi redigido com base no que os estudantes construíram na atividade síntese, contemplando os seguintes tópicos: O que
não devemos fazer? O que devemos fazer? Quando alguém descumprir o acordo.
Simone de Souza e Diana de Carvalho
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se c
om a escola, ou seja,
ouvindo, buscando entender suas
demandas e respeitando as crianças e
os/as professores.
Compreendendo a escola como um lugar polític
o, portanto, na direção do
afirma:
“[…] é um lugar
de ação pública e de formação de
contexto de diversidade e de conflito que em nada colide com o
discurso igualitário que é, em si próprio, um discurso de aproximação e de
,
torna-se
necessário indagar sobre uma de suas funções
garantir e afirmar direitos.
Em outras palavras,
garantir o direito dos sujeitos de
s
quem estuda como
por
quem ensina, sem ataques
sua singularidade, sem serem submetidos a processos de humilhação, dos mais
. Tais
ações desencadeiam mal-estar e
reproduz
os conflitos de uma sociedade que padece
n
as esferas social, política,
entre outras.
pedido de ajuda d
a professora sobre a
ausência de
experimentava
com José na escola. A
gendamos c
do estudante, com
as crianças d
o quarto ano e com José
conjunto dessas conversas, desenhamos uma o
ficina
para a turma
consulta e anuência de todas e todos
(crianças, mãe de José,
realizou
-se essa atividade
coletiva, com o objetivo de
a partir de
imagens e conceitos trazidos pelas crianças
à temática
9
, que culminou, como
atividade síntese
construção de um “Termo de Acordo”
10
e posterior socialização.
coletiva proposta, José nos lembra
de que precisamos “
Amar a pessoa
ela seja uma criança do lado de fora
,
e por dentro tenha uma parte homem e uma
Ao que parece, um pedido colocado,
que indica
A oficina ocorreu no período de aula, perfazendo o total de 4 horas;
contou com a participação de duas bolsistas do PIBID
de Pedagogia da UFSC, a professora regente da turma e um psicólogo ativista da causa LGBT, membro da Comissão de
Direitos Humanos, do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina.
sitivo gravuras e palavras que constituem parte do universo masculino e feminino. As imagens e palavras
selecionadas foram coladas em dois perfis de corpo humano, que, anteriormente, haviam sido desenhados pelas crianças,
Foi redigido com base no que os estudantes construíram na atividade síntese, contemplando os seguintes tópicos: O que
não devemos fazer? O que devemos fazer? Quando alguém descumprir o acordo.
18
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
ouvindo, buscando entender suas
o, portanto, na direção do
de ação pública e de formação de
contexto de diversidade e de conflito que em nada colide com o
discurso igualitário que é, em si próprio, um discurso de aproximação e de
necessário indagar sobre uma de suas funções
s
erem respeitados
quem ensina, sem ataques
dirigidos
sua singularidade, sem serem submetidos a processos de humilhação, dos mais
reproduz
em, no interior
as esferas social, política,
ausência de
resposta
gendamos c
onversas com a
o quarto ano e com José
. Do
para a turma
, intitulada “É
(crianças, mãe de José,
coletiva, com o objetivo de
imagens e conceitos trazidos pelas crianças
, os sentidos
atividade síntese
, na
e posterior socialização.
Da construção
Amar a pessoa
, mesmo que
e por dentro tenha uma parte homem e uma
que indica
uma condição
contou com a participação de duas bolsistas do PIBID
de Pedagogia da UFSC, a professora regente da turma e um psicólogo ativista da causa LGBT, membro da Comissão de
sitivo gravuras e palavras que constituem parte do universo masculino e feminino. As imagens e palavras
selecionadas foram coladas em dois perfis de corpo humano, que, anteriormente, haviam sido desenhados pelas crianças,
Foi redigido com base no que os estudantes construíram na atividade síntese, contemplando os seguintes tópicos: O que
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
primeira para se viver e estar em uma sala de aula e
apesar dos ditames d
a sociedade
O extrato
citado acima reafirma
Ensinar e Aprender
formulados pelos pesquisadores do GEPIEE e que orientam
princípio máximo de
defesa d
escola.
Pesquisas indicam que,
desenvolvido muito nas últimas décadas,
efetivamente ao chão da escola, o que faz com que o professor não consiga
participação da criança na atividade de ensino
Colombi, 2012); em
outras vezes, a ele também é negado o direito de participar de
proposições que diz
em
demonstra Stroisch (
2005)
aprendizagem seria um caminho para oferecer referências para
Oliveira (2011), em sua dissertação de mestrado, investigou
dos profissionais presentes na comunidade escolar, dirig
veiculação do conhecimento, favoreceram as experiências exitosas no processo de
ensino e aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais de escolarização
escola pública no interior do
práticas pedagógicas realizadas na escola, envolvendo tanto o trabalho do
professor na sala de aula como as práticas coletivas de veiculação do
conhecimento.
Várias foram as práticas observadas e registradas
Projeto de leitura
que, além do empréstimo de livros, contava com uma pasta
organizada pelas professoras contendo textos e conteúdos diversos que os alunos
levavam para casa em um sistema de rodízio; o estabelecimento da hora da
brincadeira para todas as turmas; as ideias e
acolhidas e valorizadas na dinâmica escolar, como foi o caso do aproveitamento de
material que os estudantes levavam à escola por iniciativa própria, relaci
com o conteúdo trabalhado;
comunidade no desenvolvimento e
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
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2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
primeira para se viver e estar em uma sala de aula e
em
uma escola inclusiva
a sociedade
lá fora.
citado acima reafirma
os princípios de P
articipar,
formulados pelos pesquisadores do GEPIEE e que orientam
defesa d
os direitos da criança,
nem sempre exercidos na
Pesquisas indicam que,
apesar da produção
teórica na área
desenvolvido muito nas últimas décadas,
suas contribuições nem
efetivamente ao chão da escola, o que faz com que o professor não consiga
participação da criança na atividade de ensino
(Batista, 2006;
outras vezes, a ele também é negado o direito de participar de
em
respeito ao exercício de sua prática docente
2005)
.
Parece que a análise de situações exitosas de
aprendizagem seria um caminho para oferecer referências para
a
s ações docentes.
Oliveira (2011), em sua dissertação de mestrado, investigou
dos profissionais presentes na comunidade escolar, dirig
idas intencionalmente à
veiculação do conhecimento, favoreceram as experiências exitosas no processo de
ensino e aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais de escolarização
escola pública no interior do
estado do Paraná, Brasil. F
oram analisadas
práticas pedagógicas realizadas na escola, envolvendo tanto o trabalho do
professor na sala de aula como as práticas coletivas de veiculação do
Várias foram as práticas observadas e registradas
p
ela autora, tais como: o
que, além do empréstimo de livros, contava com uma pasta
organizada pelas professoras contendo textos e conteúdos diversos que os alunos
levavam para casa em um sistema de rodízio; o estabelecimento da hora da
brincadeira para todas as turmas; as ideias e
participação dos estudantes sendo
acolhidas e valorizadas na dinâmica escolar, como foi o caso do aproveitamento de
material que os estudantes levavam à escola por iniciativa própria, relaci
com o conteúdo trabalhado;
a participação de alguns pais e/
ou profissionais da
comunidade no desenvolvimento e
na
exploração conjunta de alguns temas
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
19
uma escola inclusiva
,
articipar,
Brincar,
formulados pelos pesquisadores do GEPIEE e que orientam
o
nem sempre exercidos na
teórica na área
ter se
suas contribuições nem
sempre chegam
efetivamente ao chão da escola, o que faz com que o professor não consiga
incluir a
(Batista, 2006;
Biscoli, 2005;
outras vezes, a ele também é negado o direito de participar de
respeito ao exercício de sua prática docente
, como
Parece que a análise de situações exitosas de
s ações docentes.
Oliveira (2011), em sua dissertação de mestrado, investigou
como as ações
idas intencionalmente à
veiculação do conhecimento, favoreceram as experiências exitosas no processo de
ensino e aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais de escolarização
, em uma
oram analisadas
as
práticas pedagógicas realizadas na escola, envolvendo tanto o trabalho do
professor na sala de aula como as práticas coletivas de veiculação do
ela autora, tais como: o
que, além do empréstimo de livros, contava com uma pasta
organizada pelas professoras contendo textos e conteúdos diversos que os alunos
levavam para casa em um sistema de rodízio; o estabelecimento da hora da
participação dos estudantes sendo
acolhidas e valorizadas na dinâmica escolar, como foi o caso do aproveitamento de
material que os estudantes levavam à escola por iniciativa própria, relaci
onado
ou profissionais da
exploração conjunta de alguns temas
Simone de Souza e Diana de Carvalho
referentes à organização comercial, política e econômica da comunidade (
2011).
Os resultados encontrados na pesquisa demonstraram que o êxito na
aprendizag
em dos estudantes repousa no conjunto de ações que são mediadas pela
comunidade educativa, profissionais de diferentes áreas que ali atuam e, em
especial, pela equipe pedagógica que investe na atividade de ensino de forma
intencional e planejada.
Foi poss
ível concluir que as ações da equipe escolar, que consistiam no
projeto vivo da escola, favoreceram as experiências exitosas no processo de ensino
e aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais de escolarização. Entre os fatores
responsáveis pelo sucesso,
constantemente na possibilidade de aprendizagem dos estudantes, a dedicação de
todos no planejamento conjunto, a interação entre os diferentes participantes da
comunidade educativa com foco sempre no
longa permanência dos profissionais na escola, situação que não é comum na
grande maioria das escolas brasileiras.
O planejamento conjunto/compartilhado, que ocorr
momentos no início do ano e também nos diferentes bimestres
se definia
m a partir destes foi um dos pontos destacados
dos resultados exitosos.
A importância do
trabalho do/a
psicólogo/a
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID),
curso de Licenciatura em Psicologia da UFSC, realizada em uma escola estadual na
cidade de Florianópolis,
o acompanhamento realizado junto às ações de planejamento coletivo dos
professores que participaram, ao longo do ano, do Programa de Correção de Fluxo
Idade-Série,
adotado pela Secretaria de
(SED/SC). O Programa consistiu em agrupar estudantes repetentes dos 5°, e
anos, com idade acima de 13 anos, com o objetivo de corrigir a defasagem idade
série existentes
, possibilitando
Simone de Souza e Diana de Carvalho
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referentes à organização comercial, política e econômica da comunidade (
Os resultados encontrados na pesquisa demonstraram que o êxito na
em dos estudantes repousa no conjunto de ações que são mediadas pela
comunidade educativa, profissionais de diferentes áreas que ali atuam e, em
especial, pela equipe pedagógica que investe na atividade de ensino de forma
ível concluir que as ações da equipe escolar, que consistiam no
projeto vivo da escola, favoreceram as experiências exitosas no processo de ensino
e aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais de escolarização. Entre os fatores
responsáveis pelo sucesso,
a autora destaca
: o fato de a equipe pedagógica apostar
constantemente na possibilidade de aprendizagem dos estudantes, a dedicação de
todos no planejamento conjunto, a interação entre os diferentes participantes da
comunidade educativa com foco sempre no
trabalho com o conhecimento, além da
longa permanência dos profissionais na escola, situação que não é comum na
grande maioria das escolas brasileiras.
O planejamento conjunto/compartilhado, que ocorr
momentos no início do ano e também nos diferentes bimestres
,
e as atividades que
m a partir destes foi um dos pontos destacados
p
ela autora
A importância do
planejamento coletivo de ensino
como estr
psicólogo/a
escolar foi também
o foco de uma das ações do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID),
curso de Licenciatura em Psicologia da UFSC, realizada em uma escola estadual na
no ano de 2012.
Carvalho, Doki e Valverde (2018)
o acompanhamento realizado junto às ações de planejamento coletivo dos
professores que participaram, ao longo do ano, do Programa de Correção de Fluxo
adotado pela Secretaria de
Educação do Estado
de Santa Catarina
(SED/SC). O Programa consistiu em agrupar estudantes repetentes dos 5°, e
anos, com idade acima de 13 anos, com o objetivo de corrigir a defasagem idade
, possibilitando
a apropriação de conteúdo
das áreas de Português,
20
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
referentes à organização comercial, política e econômica da comunidade (
Oliveira,
Os resultados encontrados na pesquisa demonstraram que o êxito na
em dos estudantes repousa no conjunto de ações que são mediadas pela
comunidade educativa, profissionais de diferentes áreas que ali atuam e, em
especial, pela equipe pedagógica que investe na atividade de ensino de forma
ível concluir que as ações da equipe escolar, que consistiam no
projeto vivo da escola, favoreceram as experiências exitosas no processo de ensino
e aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais de escolarização. Entre os fatores
: o fato de a equipe pedagógica apostar
constantemente na possibilidade de aprendizagem dos estudantes, a dedicação de
todos no planejamento conjunto, a interação entre os diferentes participantes da
trabalho com o conhecimento, além da
longa permanência dos profissionais na escola, situação que não é comum na
O planejamento conjunto/compartilhado, que ocorr
ia em vários
e as atividades que
ela autora
na garantia
como estr
atégia de
o foco de uma das ações do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID),
vinculado ao
curso de Licenciatura em Psicologia da UFSC, realizada em uma escola estadual na
Carvalho, Doki e Valverde (2018)
relatam
o acompanhamento realizado junto às ações de planejamento coletivo dos
professores que participaram, ao longo do ano, do Programa de Correção de Fluxo
de Santa Catarina
(SED/SC). O Programa consistiu em agrupar estudantes repetentes dos 5°, e
anos, com idade acima de 13 anos, com o objetivo de corrigir a defasagem idade
-
das áreas de Português,
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
Matemática, Artes e Educação Física
médio, no ano seguinte.
Conforme indicam os autores, “as ações desenvolvidas visaram
ressignificar as vivências dos estudante
reprovação e repetência, buscando identificar as potencialidades da comunidade
escolar perante o processo de aprendizagem
228).
As reuniões de planejamento ocorriam
de todos os professores, da coordenação pedagógica e dos estudantes/estagiários
de Psicologia e incluíam momentos de discussão teórica coordenados pela
Supervisora Pedagógica da escola e professora da Universidade, orientadora do
estágio.
Do ponto de vista teórico, as discussões fundamentaram
Histórico-
Cultural, formulada por Lev S. Vigotski, Luria e Leontiev, com foco
específico no conceito de atividade orientadora de e
(2010). Com base nos fundamentos do materialismo histórico e dialético,
compreende
a atividade d
atividade escolar
, tanto para a organização do trabalho do professor como para a
apropriação pelos
estudantes do conhecimento. São suas palavras:
A natureza particular da atividade de ensino, que é a máxima sofisticação humana
inventada para possibilitar a inclusão dos novos membros de um agrupamento
social em seu coletivo, dará a dimen
como espaço de aprendizagem e apropriação da cultura humana elaborada, bem
como do
modo de prover os indivíduos, metodologicamente, de formas de
apropriação e criação de ferramentas simbólicas para o desenvolv
suas potencialidades (
Os pressupostos da Atividade Orientadora de Ensino
(2010), indicam
que as atividades de ensino devem ser planejadas de modo
intencional pelo professor, considerando diversos
aprendizagem,
os sujeitos envolvidos
no ensino e dos estudantes na aprendizagem)
apropriação dos elementos culturais por parte des
sanar suas necessidades em uma perspectiva de formação humana ampla e
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
Matemática, Artes e Educação Física
, de modo a permitir
seu ingresso no Ensino
Conforme indicam os autores, “as ações desenvolvidas visaram
ressignificar as vivências dos estudante
s e dos professores diante de histórias de
reprovação e repetência, buscando identificar as potencialidades da comunidade
escolar perante o processo de aprendizagem
(
Carvalho, Doki & Valverde
As reuniões de planejamento ocorriam
semanalme
nte, com a participação
de todos os professores, da coordenação pedagógica e dos estudantes/estagiários
de Psicologia e incluíam momentos de discussão teórica coordenados pela
Supervisora Pedagógica da escola e professora da Universidade, orientadora do
Do ponto de vista teórico, as discussões fundamentaram
Cultural, formulada por Lev S. Vigotski, Luria e Leontiev, com foco
específico no conceito de atividade orientadora de e
nsino,
proposto por Moura
(2010). Com base nos fundamentos do materialismo histórico e dialético,
a atividade d
e
ensino como modo privilegiado de realização da
, tanto para a organização do trabalho do professor como para a
estudantes do conhecimento. São suas palavras:
A natureza particular da atividade de ensino, que é a máxima sofisticação humana
inventada para possibilitar a inclusão dos novos membros de um agrupamento
social em seu coletivo, dará a dimen
são da responsabilidade dos que fazem a escola
como espaço de aprendizagem e apropriação da cultura humana elaborada, bem
modo de prover os indivíduos, metodologicamente, de formas de
apropriação e criação de ferramentas simbólicas para o desenvolv
suas potencialidades (
Moura, 2010, p. 82).
Os pressupostos da Atividade Orientadora de Ensino
, segundo Moura
que as atividades de ensino devem ser planejadas de modo
intencional pelo professor, considerando diversos
aspectos: o conteúdo da
os sujeitos envolvidos
,
suas necessidades e motivos (do professor
no ensino e dos estudantes na aprendizagem)
,
assim como o objetivo de
apropriação dos elementos culturais por parte des
s
es sujeitos, com a finalidade de
sanar suas necessidades em uma perspectiva de formação humana ampla e
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
21
seu ingresso no Ensino
Conforme indicam os autores, “as ações desenvolvidas visaram
s e dos professores diante de histórias de
reprovação e repetência, buscando identificar as potencialidades da comunidade
Carvalho, Doki & Valverde
, 2018, p.
nte, com a participação
de todos os professores, da coordenação pedagógica e dos estudantes/estagiários
de Psicologia e incluíam momentos de discussão teórica coordenados pela
Supervisora Pedagógica da escola e professora da Universidade, orientadora do
Do ponto de vista teórico, as discussões fundamentaram
-se na Teoria
Cultural, formulada por Lev S. Vigotski, Luria e Leontiev, com foco
proposto por Moura
(2010). Com base nos fundamentos do materialismo histórico e dialético,
o autor
ensino como modo privilegiado de realização da
, tanto para a organização do trabalho do professor como para a
estudantes do conhecimento. São suas palavras:
A natureza particular da atividade de ensino, que é a máxima sofisticação humana
inventada para possibilitar a inclusão dos novos membros de um agrupamento
são da responsabilidade dos que fazem a escola
como espaço de aprendizagem e apropriação da cultura humana elaborada, bem
modo de prover os indivíduos, metodologicamente, de formas de
apropriação e criação de ferramentas simbólicas para o desenvolv
imento pleno de
, segundo Moura
que as atividades de ensino devem ser planejadas de modo
aspectos: o conteúdo da
suas necessidades e motivos (do professor
assim como o objetivo de
es sujeitos, com a finalidade de
sanar suas necessidades em uma perspectiva de formação humana ampla e
Simone de Souza e Diana de Carvalho
vinculada à realidade.
Es
reuniões de planejamento, permitindo que os professores retomassem o sentido de
seu trabalho e atuassem
aos estudantes auxiliaram os professores a conhecer melhor os estudantes, quais
seus gostos, interesses e potencialidades
ensino, propondo temáticas de seu i
na atividade realizada.
De acordo com
evidenciaram-
se na realidade escolar a partir da experiência vivenciada na escola
pelos professores e estudantes:
[...] ao longo
gradual, porém significativa, do significado que alguns dos estudantes atribuíam à
vivência escolar. Da mesma forma, também os professores modificaram a forma de
perceber os jovens, antes vis
depois como sujeitos que aprendem a sua própria maneira, às vezes de maneira
diferenciada
(p. 242)
Uma perspectiva teórica comum fundamentou a pesquisa de Oliveira
(2011) e a intervenção realizada por Carvalho, Doki e Valverde (2018): a
Histórico-Cultural. Ess
a
realizadas no âmbito d
o GEPIEE
as ações do Grupo: a cri
ança é um ser humano de pouca idade, capaz de participar
da cultura em interação com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos,
materiais e simbólicos produzidos
da criança de participar da cultura, reafirma
Escola
, em particular, como possibilidades efetivas que permitem a esse sujeito
apropriar-
se dos elementos da cultura, como indica Leontiev (1978
criança possa desenvolver as capacidades propriamente humanas de agir,
perceber, sentir e pensar.
Vimos que essa perspectiva teórica permite compreender os processos de
aprendizagem e desenvolvimento para além de uma mera reprodução da reali
ou do conteúdo apresentado. Da mesma forma,
como um processo fundamental para a constituiç
humanização. Quinteiro e Carvalho (2012b) questionam uma ideia fortemente
Simone de Souza e Diana de Carvalho
Revista Científica do ISCED-Huíla
Copyright ©
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
Es
sa discussão se
mostrou bastante relevante ao longo das
reuniões de planejamento, permitindo que os professores retomassem o sentido de
seu trabalho e atuassem
de modo interdisciplinar.
As ações dos estagiários junto
aos estudantes auxiliaram os professores a conhecer melhor os estudantes, quais
seus gostos, interesses e potencialidades
, levando-os a
participação no processo de
ensino, propondo temáticas de seu i
nteresse, o que foi considerado um ponto alto
De acordo com
Carvalho, Doki e Valverde (2018)
se na realidade escolar a partir da experiência vivenciada na escola
pelos professores e estudantes:
das atividades realizadas durante o ano observou
gradual, porém significativa, do significado que alguns dos estudantes atribuíam à
vivência escolar. Da mesma forma, também os professores modificaram a forma de
perceber os jovens, antes vis
tos como possíveis “problemas de aprendizagem” e
depois como sujeitos que aprendem a sua própria maneira, às vezes de maneira
(p. 242)
.
Uma perspectiva teórica comum fundamentou a pesquisa de Oliveira
(2011) e a intervenção realizada por Carvalho, Doki e Valverde (2018): a
a
perspectiva teórica tem orientado
muitas d
o GEPIEE
e fundamenta um dos pressupostos
ança é um ser humano de pouca idade, capaz de participar
da cultura em interação com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos,
materiais e simbólicos produzidos
pela humanidade.
Além de afirmar a capacidade
da criança de participar da cultura, reafirma
-
se a importância da Educação e da
, em particular, como possibilidades efetivas que permitem a esse sujeito
se dos elementos da cultura, como indica Leontiev (1978
criança possa desenvolver as capacidades propriamente humanas de agir,
perceber, sentir e pensar.
Vimos que essa perspectiva teórica permite compreender os processos de
aprendizagem e desenvolvimento para além de uma mera reprodução da reali
ou do conteúdo apresentado. Da mesma forma,
possibilita entender
como um processo fundamental para a constituiç
ão do sujeito e de educação e
humanização. Quinteiro e Carvalho (2012b) questionam uma ideia fortemente
22
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
mostrou bastante relevante ao longo das
reuniões de planejamento, permitindo que os professores retomassem o sentido de
As ações dos estagiários junto
aos estudantes auxiliaram os professores a conhecer melhor os estudantes, quais
participação no processo de
nteresse, o que foi considerado um ponto alto
Carvalho, Doki e Valverde (2018)
, mudanças
se na realidade escolar a partir da experiência vivenciada na escola
das atividades realizadas durante o ano observou
-se uma mudança
gradual, porém significativa, do significado que alguns dos estudantes atribuíam à
vivência escolar. Da mesma forma, também os professores modificaram a forma de
tos como possíveis “problemas de aprendizagem” e
depois como sujeitos que aprendem a sua própria maneira, às vezes de maneira
Uma perspectiva teórica comum fundamentou a pesquisa de Oliveira
(2011) e a intervenção realizada por Carvalho, Doki e Valverde (2018): a
Teoria
muitas d
as pesquisas
e fundamenta um dos pressupostos
que orienta
ança é um ser humano de pouca idade, capaz de participar
da cultura em interação com outras crianças, adultos e com os artefatos humanos,
Além de afirmar a capacidade
se a importância da Educação e da
, em particular, como possibilidades efetivas que permitem a esse sujeito
se dos elementos da cultura, como indica Leontiev (1978
): para que a
criança possa desenvolver as capacidades propriamente humanas de agir,
Vimos que essa perspectiva teórica permite compreender os processos de
aprendizagem e desenvolvimento para além de uma mera reprodução da reali
dade
possibilita entender
a brincadeira
ão do sujeito e de educação e
humanização. Quinteiro e Carvalho (2012b) questionam uma ideia fortemente
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
arraigada no senso com
processos excludentes. As autoras chamam a atenção para o fato de que deveriam
ser pensadas as articulações entre a educação infantil e os anos iniciais de
escolarização, do que buscar definir as diferenças
outras palavras, brincar e aprender não são processos opostos, mas que se
complementam. Várias são as pesquisas realizadas no âmbito do GEPIEE que
tematizam esse aspecto e contribuem para entender teoricamente a
brincadeira e ensino
, tais como
Costa (2018).
Segundo Quinteiro e Carvalho (2012b, p. 208), “... a articulação
entre educação infantil e anos iniciais deve ser pensada no âmbito de um projeto
de educação
para a infância na nossa sociedade
Considerações Finais
Nos rios fragmentos de atividades de pesquisa e formação realizad
pelos pesquisadores do GEPIEE
demonstrado como
o debate sobre
Aprender na Infância
impacta nas experiências de formação inicial e continuada
de professores.
Entendemos que essas são q
proposição de
um projeto de sociedade,
teórico, mas que ainda
se constituem em
dos anos iniciais de escolarização.
Compartilh
amos
que orientam a produção do GEPIEE
ocorrer quando a
universidade
formação inicial dos futuros professores, e dos professores que já atuam na escola.
Quem sabe, a atividade de ensino, pesquisa e extensão universitária,
assim,
uma questão pessoal aos docentes e estes assumam como uma questão
científica, mas também
se sintam mobilizados pessoalmente frente a
agudizam na escola.
Dentro do atual cenário brasileiro, possivelmente o maior d
respeito a uma espécie de falência ética, que traz junto
Revista Científica do ISCED Huíla, Lubango, v. 1, n.1, p.
10-26
, Jul./ Dez., 2020
Revista Científica do ISCED-Huíla
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2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
arraigada no senso com
um dos professores de que brincar e aprender são
processos excludentes. As autoras chamam a atenção para o fato de que deveriam
ser pensadas as articulações entre a educação infantil e os anos iniciais de
escolarização, do que buscar definir as diferenças
entre esses níveis de ensino. Em
outras palavras, brincar e aprender não são processos opostos, mas que se
complementam. Várias são as pesquisas realizadas no âmbito do GEPIEE que
tematizam esse aspecto e contribuem para entender teoricamente a
, tais como
Pinto (2003), Schneider (2004), Campos (2015) e
Segundo Quinteiro e Carvalho (2012b, p. 208), “... a articulação
entre educação infantil e anos iniciais deve ser pensada no âmbito de um projeto
para a infância na nossa sociedade
”.
Considerações Finais
Nos rios fragmentos de atividades de pesquisa e formação realizad
pelos pesquisadores do GEPIEE
e
expostos ao longo do texto e
o debate sobre
os temas
Participar, Brincar, Ensinar e
impacta nas experiências de formação inicial e continuada
Entendemos que essas são q
uestões fundamentais para
um projeto de sociedade,
que têm sido
desenvolvidas no campo
se constituem em
um desafio a ser enfrentado na realidade
dos anos iniciais de escolarização.
amos
, aqui, com base em uma perspectiva
crítica
que orientam a produção do GEPIEE
, com o objetivo de
visibiliza
universidade
sai do seu isolamento e
consegue
formação inicial dos futuros professores, e dos professores que já atuam na escola.
Quem sabe, a atividade de ensino, pesquisa e extensão universitária,
uma questão pessoal aos docentes e estes assumam como uma questão
se sintam mobilizados pessoalmente frente a
Dentro do atual cenário brasileiro, possivelmente o maior d
respeito a uma espécie de falência ética, que traz junto
a
, Jul./ Dez., 2020
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
23
um dos professores de que brincar e aprender são
processos excludentes. As autoras chamam a atenção para o fato de que deveriam
ser pensadas as articulações entre a educação infantil e os anos iniciais de
entre esses níveis de ensino. Em
outras palavras, brincar e aprender não são processos opostos, mas que se
complementam. Várias são as pesquisas realizadas no âmbito do GEPIEE que
tematizam esse aspecto e contribuem para entender teoricamente a
s relações entre
Pinto (2003), Schneider (2004), Campos (2015) e
Segundo Quinteiro e Carvalho (2012b, p. 208), “... a articulação
entre educação infantil e anos iniciais deve ser pensada no âmbito de um projeto
Nos rios fragmentos de atividades de pesquisa e formação realizad
as
expostos ao longo do texto e
speramos ter
Participar, Brincar, Ensinar e
impacta nas experiências de formação inicial e continuada
uestões fundamentais para
a
desenvolvidas no campo
um desafio a ser enfrentado na realidade
crítica
, os princípios
visibiliza
r o que pode
consegue
contribuir com a
formação inicial dos futuros professores, e dos professores que já atuam na escola.
Quem sabe, a atividade de ensino, pesquisa e extensão universitária,
se torne,
uma questão pessoal aos docentes e estes assumam como uma questão
se sintam mobilizados pessoalmente frente a
os apelos que
Dentro do atual cenário brasileiro, possivelmente o maior d
os apelos diz
a
necessidade de
Simone de Souza e Diana de Carvalho
reafirmarmos a h
istória da civilização do homem
justiça social, assegurando
exercício
de uma ética do cuidado,
acessarem, permanecerem e concluírem os estudos dentro
de qualidade,
responsabiliza
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Histórico-
cultural
de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.
Simone de Souza e Diana de Carvalho
Revista Científica do ISCED-Huíla
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2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
istória da civilização do homem
e de seguirmos
juntos
justiça social, assegurando
oportunidades e restituição de direitos
de uma ética do cuidado,
que garanta o
direito de todas e todos
acessarem, permanecerem e concluírem os estudos dentro
de
uma escola
responsabiliza
ndo o Estado por suas ausências e
violações
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24
2020. Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
juntos
na luta por
oportunidades e restituição de direitos
. Isso implica no
direito de todas e todos
uma escola
pública
violações
.
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Aceite em 07 de Outubro de 2020
26
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Aceite em 07 de Outubro de 2020