No contexto educativo, o ensino ministrado em língua portuguesa, bem
como o papel da religião, fundamentalmente, a católica, contribuiu para a
massificação desta língua. E, como consequência directa, desenvolveu-se a política
de aculturação dos povos, levando até mesmo a substituição das línguas nativas
pela língua trazida pelo colonizador.
Este processo é também abordado pela Declaração Universal dos Direitos
Linguísticos, quando afirma que;
a invasão, a colonização e a ocupação, assim como outros casos de
subordinação política, económica ou social, implicam frequentemente na
imposição direta de uma língua estrangeira ou a distorção da perceção do
valor das línguas e o aparecimento de atitudes linguísticas hierarquizantes
que afetam a lealdade linguística dos falantes; e considerando que, por
esses motivos, mesmo as línguas de alguns povos que acederam à
soberania se confrontam com um processo de substituição linguística
decorrente de uma política que favorece a língua das antigas colónias e das
antigas potências colonizadoras (Declaração Universal dos Direitos
Linguísticos, 1996).
Uma vez que Angola é um país plurilingue, no início da independência, foi
necessário implementar a política de unidade nacional para reunir forças e olhar
para Angola como um país uno e indivisível, sem distinção de raça, cor e etnia.
este desejo só podia processar-se através duma língua veicular, que congregasse
toda a população angolana e todos os grupos étnicos, razão pela qual, pela
primeira vez, na posição de idioma comunicacional, o português assumiu real
importância para os angolanos (Zau, 2005, p.724).
Deste modo, a língua portuguesa exerce um papel plurifuncional de uso
nos domínios da vida sociopolítica, económica, cultural e de unidade nacional
(Constituição da República, 2010; Fernandes & Ntondo, 2002), possui o estatuto de
língua oficial e é língua materna de 71% da população (INE, 2014), uma vez que
congrega os falantes de todas as línguas bantu e não bantu.
Fonseca (2012) salienta que a escolha da língua portuguesa pelos líderes
independentistas não foi exclusiva de Angola, mas também de outros países
africanos independentes de Portugal na década de 1970.
O autor, por sua vez, justifica que os líderes consideravam que a
diversidade linguística dos seus países não propiciava o nascimento de uma nação