Rogélio Alberto Valdés Gámez
Revista Científica do ISCED-Huíla
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Noções Matemáticas Sobre Comparação de Longitudes
Mediante Mensuração com Unidade de Medidas não
Convencionais
Mathematical Notions on the Comparison of Longitudes Measuring with Unit of
Non-conventional Measures
Rogélio Alberto Valdés Gámez
1
Instituto Superior de Ciências da Educação do Sumbe, Angola
rogelio_valdes@yahoo.com.br
Resumo
A pesquisa que realizámos teve como objectivo elaborar uma proposta metodológica baseada em
exercícios-problemas simples sobre a comparação de longitudes mediante a acção de medir, com
unidades de medidas não convencionais. Para o desenvolvimento da pesquisa foram escolhidos, de
forma intencional, 2 centros infantis, 2 creches e 6 escolas do Ensino Primário, com salas de
Iniciação, localizadas na cidade do Sumbe. Tendo em conta o objectivo proposto adoptou-se o
paradigma construtivista, seguindo uma metodologia de natureza qualitativa, na modalidade de
estudo de caso, cujos resultados demonstraram, que embora o currículo construído para o
subsistema de ensino pré-escolar oriente algumas actividades metodológicas e práticas para o
desenvolvimento dos conteúdos, ainda existem dificuldades no tratamento metodológico dos
conteúdos matemáticos relacionados com as longitudes, que está associada à preparação
pedagógica dos professores/educadores, influenciando de forma directa na aprendizagem das
crianças. Relacionados à estes factores, foram manifestadas às seguintes insuficiências: poucas
actividades realizadas com as crianças para potenciar a acção de medir com unidades de medidas
não convencionais; deficiente assimilação dos procedimentos para a comparação de longitudes;
falta de autonomia nas crianças na realização das actividades de medir com unidades de medidas
não convencionais; pouca aplicação nas crianças da acção de medir em planos reduzidos com
unidades de medidas não convencionais.
Palavras-chave: exercícios-problemas simples, comparação de longitudes, medidas não
convencionais.
Abstract
The research indented to carry out attempts to develop a methodological proposal based on simple
problem exercises on the comparison of longitudes by measuring units with unconventional
measuring units. For the research two children centers, two day-care centers and six Primary
Schools were intentionally selected, located in the city of Sumbe. Qualitative methodology was
adopted considering the profoundness of the study and the proposed objectives. In this case study
the results show that the curriculum designed for the pre-school educational system provides
methodological and practical activities to develop the content. However, there are still difficulties in
the methods used to address the mathematical content related to longitudes, that is related to the
pedagogical preparation of the teachers or educators that directly influence the children’ learning.
Moreover, the following short comings were revealed: few activities are carried out with children to
enhance the ability of measuring units with unconventional measures; poor assimilation of the
procedures for comparing longitudes; children lack autonomy to carry out activities of measuring
units with unconventional measure and the application of the activity of measuring unconventional
units is reduced.
Keywords: simple problem exercises, longitude, comparison, unconventional measures.
1
Mestre. Assistente. Docente do Departamento de Ciências da Educação.
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Introdução
A educação é um direito de todo ser humano como condição necessária para
usufruir de outros direitos constituídos numa sociedade democrática. Por isso, o
direito à educação é reconhecido e consagrado na legislação de praticamente todos
os países e, particularmente, pela Convenção dos Direitos da Infância das Nações
Unidas.
Em Angola foram dados enormes passos para melhorar o acesso à
Educação, ao longo da última década, mas permanecem fortes desigualdades no
acesso ao ensino e a qualidade do ensino permanece como o desafio principal do
sector. Uma análise estrutural do sistema permite-nos afirmar que a Educação em
Angola inicia com os serviços de Cuidados e Educação da Primeira Infância,
seguindo-se o Ensino Primário da 1ª à classe, Ensino Secundário até a 12ª
classe e posteriormente o Ensino Superior. Porém, as instituições sectoriais
operam em três níveis territoriais: Central, Provincial e Municipal. Ao nível central
existem o Ministério da Educação (MED) e o Ministério do Ensino Superior,
Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI). Porém, a responsabilidade pelos
Cuidados da Primeira Infância é repartida entre os Ministérios da Assistência e
Reinserção Social (MINARS) e o MED (UNICEF, 2015).
A experiência laboral do autor deste trabalho como docente de Matemática
em escolas públicas de Angola, no II Ciclo do Ensino Secundário desde 1984, e no
Ensino Superior desde 2001, especificamente na unidade curricular de
Metodologia do Ensino da Matemática, serviu de base para o ingresso no Curso de
Mestrado em Educação Pré-Escolar Ministrado pela Universidade Katyavala
Bwila.
No mestrado acima referido, foi realizada a pesquisa relacionada ao ensino
das noções matemáticas sobre a comparação de longitudes mediante a acção de
medir, com unidades de medidas não convencionais às crianças do Pré-Escolar,
corroborando com pesquisadores da área que destacam a necessidade de despertar
o interesse e a curiosidade das crianças pela apreensão dos conhecimentos
matemáticos a partir do seu valor histórico, que a Matemática tem sido
considerada por muitos estudiosos como uma unidade curricular difícil.
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A criança chega à escola com capacidades básicas para, por exemplo,
classificar, seriar, ordenar, quantificar e medir, além disso, aprende a actuar de
acordo com os recursos materiais disponíveis no seu meio. Desse modo, o
conhecimento matemático, que é natural no ser humano, deve ser ensinado desde
a primeira infância, partindo das experiências quotidianas das crianças, de forma a
propiciar o desenvolvimento do pensamento lógico e desenvolver de forma
harmoniosa as bases para aprendizagem escolar dos conceitos matemáticos que
permitem assegurar a apropriação subsequente dos conhecimentos científicos em
outras áreas do saber.
Nesta perspectiva, com base nas orientações curriculares para a educação
Pré-Escolar vigente em Angola, Cláudio (2011) aponta como um dos principais
objectivos do ensino da Matemática fazer a criança pensar. O professor/educador
deve ter a capacidade de planificar e orientar convenientemente as suas
actividades e adequá-las às diferentes situações de aprendizagem, tendo em conta
a ligação entre as crianças e o conhecimento através do meio que as rodeia. Deste
modo, toda situação, pergunta ou actividade que leva a criança a pensar, é um
exercício - problema simples.
Estas considerações serviram de base para realizar a pesquisa com o
objectivo de elaborar uma proposta metodológica baseada em exercícios -
problemas simples sobre a comparação de longitudes mediante a acção de medir,
com unidades de medidas não convencionais, de modo que favoreça o trabalho
com longitudes nas crianças do ensino Pré-Escolar da cidade do Sumbe. De tal
modo, constituem a fissura epistemológica de que deriva o problema científico da
investigação: como favorecer o ensino das noções matemáticas sobre a
comparação de longitudes mediante a acção de medir, com unidades de medidas
não convencionais, nas crianças do Pré-Escolar da cidade do Sumbe?
Principais Avanços e Desafios no Sector da Educação em Angola
É um facto que em Angola têm sido dados passos importantes para
melhorar o acesso à Educação ao longo da última década, mas permanecem fortes
desigualdades no acesso ao ensino e a qualidade deste permanece como o desafio
principal do sistema. O número de alunos matriculados em todos os níveis de
ensino mais do que triplicou, tendo passado de 2,2 milhões em 2001 para 8,0
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milhões em 2014. Entretanto, fortes assimetrias no acesso, com 22% das
crianças de idade escolar fora da escola e a taxa de analfabetismo permanece
elevada e estável em 34% (UNICEF, 2015).
Angola assinou um Compromisso no Fórum Mundial de Educação realizado
em Dakar, Senegal de 26 a 28 de Abril do ano 2000, que recomenda aos Estados
atribuírem 20% do total dos seus orçamentos para o sector da Educação. Com o
Compromisso de Dakar os estados comprometeram-se a: i) expandir e melhorar os
cuidados e a educação da primeira infância, especialmente para as crianças mais
vulneráveis e em maior desvantagem; ii) assegurar que todas as crianças, com
ênfase especial nas meninas e nas crianças com deficiências e pertencentes a
minorias étnicas, tenham acesso à educação primária obrigatória, gratuita e de
qualidade; III) reduzir o índice de analfabetismo; IV) assegurar a qualidade da
aprendizagem; V) eliminar as disparidades de género na educação; VI) responder
às necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos, através do acesso
equitativo a uma aprendizagem adequada e a programas de preparação para a vida
activa (UNICEF, 2015).
Tendo em conta o contexto actual do país, para o exercício económico de
2016, o valor atribuído ao sector da Educação foi de 492 mil milhões de Kwanzas.
Nos últimos três anos, a atribuição ao sector da Educação foi alvo de até que ponto
o corte orçamental é importante? Em consequência, a alocação no OGE 2016 está
consideravelmente inferior ao período pré-crise. Embora a diminuição nominal da
atribuição ao sector entre 2013 e 2016 tenha sido de 16%, a diminuição real da
atribuição ao sector foi maior quando se considera a alta taxa de inflação registada
em Angola e a grande desvalorização do Kwanza nos últimos dois anos. Em termos
percentuais a atribuição ao sector em 2016 representa 7,7% do total do Orçamento
Geral do Estado (OGE) para o ano de 2016, um nível muito baixo face aos
compromissos assumidos internacionalmente (UNICEF, 2015).
Cabe ressaltar que os dados referentes ao Orçamento Geral do Estado (OGE
2016) são de grande importância para analisar a situação real do sistema educativo
nacional de formas a perspectivar linhas de acção para o desenvolvimento da
educação, especificamente da Educação Pré-Escolar.
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Caracterização da Educação Pré-Escolar
De acordo com Lei n.º 17/16, a Lei de Bases do Sistema de Educação e
Ensino da República de Angola, de 07 de Outubro, alterada e republicada pela Lei
32/20, de 12 de Agosto, nos artigos 21º e 22º, o Subsistema de Educação Pré-
Escolar é a base da educação, que cuida da primeira infância, numa fase da vida
em que se devem realizar as acções de condicionamento e de desenvolvimento
psicomotor. Este subsistema está estruturado em 3 etapas: I) A Creche, que abarca
as crianças de 3 meses aos 3 anos de idade; II) O Jardim-de-infância, dos 3 aos 5
anos de idade; III) Jardim de Infância, dos 3 aos 6 anos compreendendo a
Iniciação que abarca as crianças dos 5 a 6 anos. Esta última pode ser ministrada
nas escolas do Ensino Primário.
Nesta conformidade, são objectivos gerais da Educação Pré-Escolar os
seguintes:
a) Estimular o desenvolvimento intelectual, físico, moral, estético e
afectivo da criança, garantindo-lhe um ambiente sadio, de forma a facilitar a sua
entrada no Subsistema de Ensino Geral;
b) Permitir uma melhor integração e participação da criança através da
observação e compreensão do meio natural, social e cultural que a rodeia;
c) Desenvolver as capacidades de expressão, de comunicação, de
imaginação criadora e estimular a actividade lúdica da criança.
Considerando que a educação da criança começa antes da concepção e
prolonga-se pela fase intra-uterina, pela fase pós-natal e pela vida fora, a
frequência da educação Pré-Escolar é facultativa, pelo reconhecimento de que a
responsabilidade pela educação dos filhos se atribui, primeiramente à família.
Entretanto, conforme a Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino da
República de Angola, Lei n.º 17/16, de 07 de Outubro, alterada pela Lei 32/20,
de 12 de Agosto, no artigo 12º se declara que a obrigatoriedade da educação
traduz-se no dever do Estado, da sociedade, das famílias e das empresas, de
assegurar e promover o acesso e a frequência ao Sistema de Educação e Ensino a
todos indivíduos em idade escolar. A obrigatoriedade da Educação abrange a
Iniciação, o Ensino Primário e o I Ciclo do Ensino Secundário.
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Tendo como base o contexto da pesquisa, importa referir que actualmente o
país enfrenta diversos problemas sócio-económicos, agravados pela crise
económica que influenciam directamente na qualidade e funcionamento dos vários
sectores sociais, incluindo o sector da educação e, especificamente, da Educação
Pré-Escolar. Como refere Cláudio (2011), com o qual se corroborra, se verifica a
insuficiência de espaços nos estabelecimentos estatais destinados à educação pré-
escolar, por esse facto, a responsabilidade pelo Ensino Pré-Escolar é assegurada
institucionalmente pelo Ministério de Assistência e Reinserção Social (MINARS) e
o Ministério da Educação.
Entretanto, de acordo com os dados do UNICEF sobre a análise do
Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano de 2016 no sector da Educação, em
Angola o se está a investir recursos adequados no Ensino da Primeira Infância,
base crucial de toda a educação. No OGE 2016 o Ensino Pré-Escolar recebe uma
atribuição extremamente baixa, correspondente apenas a 0,2% do orçamento da
Educação. Quase o total deste valor (99%) está atribuído apenas as províncias de
Luanda, Cuando-Cubango e Bengo. A falta de uma política nacional na área de
educação da primeira infância pode contribuir para explicar a baixa atribuição de
recursos e também a falta de sistematização na alocação geográfica dos recursos.
A Educação Infantil é destinada para as crianças, por isso, todos os factores
inerentes ao seu funcionamento devem estar de acordo as características da
criança na etapa de desenvolvimento correspondente. A questão das infra-
estruturas e a preparação pedagógica dos profissionais deste subsistema,
concorrem aos factores fundamentais para o alcance da educação para todos, que
perspectiva o direito a educação para cada indivíduo. Portanto, é urgente apostar
mais no desenvolvimento deste sector, através da criação de uma política nacional
que regule o seu funcionamento, bem como no asseguramento da tutela
pedagógica do Ministério da Educação sobre os estabelecimentos que integram a
rede nacional de Educação Pré-Escolar.
O Perfil do Educador de Infância
As funções do profissional de educação infantil estão passando por
reformulações profundas, o que se esperava dele algumas décadas, não
corresponde mais aos dias actuais. Conforme a Lei de Bases do Sistema Educativo
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vigente em Angola dispõe nos artigos 45º e 46º “O Subsistema de Formação de
Professores estrutura-se em a) Ensino Secundário Pedagógico e b) Ensino Superior
Pedagógico. O Ensino Secundário Pedagógico é o processo através do qual os
indivíduos adquirem e desenvolvem conhecimentos, hábitos, habilidades,
capacidades e atitudes que os capacite para o exercício da profissão docente na
Educação Pré-Escolar, no Ensino Primário e no I Ciclo do Ensino Secundário
Regular, de Adultos e na Educação Especial e mediante critérios, o acesso ao
Ensino Superior Pedagógico” (Lei Nº 17/16, 2016).
A literatura da área tem apontado para a necessidade de se construir essa
profissão e, historicamente, as propostas para a Educação de Infância, têm
revelado um perfil de profissional que es em consonância com as várias
tendências pedagógicas que caracterizam, ainda hoje, o atendimento à Educação
Infantil.
Neste contexto, como se referem Heloisa Azevedo e Roseli Schnetzlrt, as
tendências pedagógicas de trabalho na Educação Infantil, são identificadas como:
romântica, cognitiva e crítica, foram sendo criadas em diferentes épocas,
influenciando, também, na formação dos profissionais que actuam nesta área.
Cada tendência organiza-se com base nas concepções de criança, professor e
educação Pré-Escolar, dos estudiosos de cada época, que as representam, tendo
sido sistematizadas e denominadas a partir de estudos desenvolvidos por
pesquisadores contemporâneos (Azevedo & Schnetzler, 2007).
Desse modo, a tendência pedagógica romântica originou-se no século XVIII
identificando-se com o próprio surgimento das instituições de educação pré-
escolar. Tal tendência desenvolveu-se apoiada em ideias de estudiosos da área
como, Frederico Froebel (1782-1852), Ovyde Decroly (1871-1932) e Maria
Montessori (1870-1952) que, embora compartilhassem dos ideais das escolas
novistas, propunham maneiras peculiares para o desenvolvimento do trabalho
pedagógico com crianças.
Froebel foi o idealizador dos Jardins de Infância (Kindergarten). Foi
considerado o pedagogo da infância pelo seu grande interesse em conhecer a
criança, seus interesses, suas condições e necessidades para poder adequar a
educação, as instituições educativas na garantia do afloramento destes seres.
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Segundo ele, a criança, ao nascer, traz consigo um potencial a ser desenvolvido,
como uma planta que em sua semente traz dentro de si tudo aquilo que poderá vir
a ser. Sendo assim, a criança deveria ser cuidada como uma semente para que
pudesse crescer forte, descobrir a si própria, suas potencialidades, sua essência.
Segundo essa tendência o perfil adequado de uma educadora froebeliana
deve ser o de alicerce, base, fulcro do trabalho escolar. A professora deve ter um
perfil de adulto como modelo a ser seguido pelas crianças, protectora da infância,
preparadora e organizadora do ambiente, ser habilidosa na observação do
desenvolvimento dos seus alunos, ter destreza manual, “ser mulher, activa, culta,
paciente, sincera, humana, criativa, estudiosa e crente no Criador”. Froebel fez da
mulher uma educadora por profissão, educadora dentro e fora do lar.
Por sua vez, a tendência pedagógica cognitiva privilegia o aspecto cognitivo
do desenvolvimento infantil. A Pré-Escola é o lugar de tornar as crianças
inteligentes. Tal tendência concentra seus principais fundamentos nas ideias do
epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) e de seus discípulos, a qual tem como
pressuposto básico o interacionismo e seus principais objectivos consistem na
formação de sujeitos críticos, activos e autónomos (Azevedo & Schnetzler, 2007).
Numa tendência cognitiva de trabalho na educação infantil a criança é
concebida como um ser construtor, que pensa e, como tal, constrói seu
conhecimento, reinventa conteúdos, aprende a partir da interacção que estabelece
com o meio sico e social desde o seu nascimento, passando por diferentes
estágios de desenvolvimento. Para actuar nessa perspectiva, a professora deveria
ter bastante conhecimento sobre o desenvolvimento cognitivo infantil, além de ser
a mediadora entre o conhecimento e o sujeito que aprende (o aluno); estabelecer
relação de troca de conhecimentos com seus alunos, propondo tarefas desafiadoras
às crianças de acordo com a etapa de desenvolvimento em que se encontra,
estimulando-as a pensar de forma criativa e autónoma; favorecer a construção do
conhecimento físico e lógico - matemático.
Diferentemente das duas primeiras, a tendência pedagógica crítica tem
como pressuposto básico favorecer a formação de pessoas (crianças e adultos)
interessados e capazes de contribuir na transformação do contexto social. Esta
tendência identifica-se com uma educação para a cidadania, isto é, que contribua
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para a inserção crítica e criativa dos indivíduos na sociedade. Concebe a pré-escola
como lugar de trabalho, a criança e o professor como cidadãos, sujeitos activos,
cooperativos e responsáveis (Azevedo & Schnetzler, 2007).
Os fundamentos básicos da tendência pedagógica crítica na educação
infantil, situam-se nas ideias de Freinet, na abordagem sócio-cultural de Vygotsky,
no materialismo histórico e na proposta dialéctica de Paulo Freire. As maiores
contribuições para a construção de uma tendência pedagógica crítica foram dadas
por Freinet, (1896-1966). A tendência crítica privilegia os factores sociais e
culturais, considerando-os como os mais relevantes para o processo educativo. Sua
principal meta é implementar uma escola de qualidade para as crianças de 0 a 6
anos de idade, que reconheça e valorize as diferenças existentes entre as crianças e,
dessa forma, beneficie a todas no que diz respeito ao seu desenvolvimento e à
construção dos seus conhecimentos. Esta tendência entende as crianças como
indivíduos que pertencem a diferentes grupos sociais e que a escola, para elas,
deve, necessariamente, contribuir para sua inserção crítica e criativa na sociedade.
Portanto, o agir pedagógico do Educador de Infância deve atender às reais
necessidades das crianças, no seu contexto histórico e cultural, deve ser criativo,
flexível, atendendo à individualidade e ao colectivo. Será o eixo organizador da
aquisição e da construção do conhecimento, a fim de que a criança passe de um
patamar a outro na construção de sua aprendizagem. Porém, implica reestruturar
o espaço das salas de actividades para que neles se dêem as interacções do sujeito
com o mundo físico e social, oportunizando-lhe vivências e situações de
intercâmbios de opiniões, tomadas de decisões, sendo promovido, a construção da
identidade e autonomia das crianças.
Etapas do Desenvolvimento Infantil
Conforme os estudos realizados por Soledad & Susana (2014) sobre
iniciação da noção de medida nas crianças de 5 a 6 anos, consideramos Jean Piaget
como um dos precursores e investigador do desenvolvimento cognitivo da criança
para adaptar-se ao ambiente, classifica o desenvolvimento da criança em 4
estágios, dos quais destacamos os dois primeiros que descrevemos a seguir:
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1. Período sensório motor (do nascimento aos 2 anos de idade): a criança utiliza
seu corpo como meio de aprendizagem que são seus sentidos os que lhe
permitirão explorar sua realidade e os elementos que encontre nela,
produzindo nos primeiros tempos atenção única ao momento específico que
está vivendo, pois seu agir é graças à acção dos reflexos e que logo se
desenvolverão para produzir permanência de lembranças em seu cérebro,
dados por representações mentais que anunciarão a transição de accionar
com habilidades de condutas e à produção de pequenos esquemas cognitivos
(imaginação e pensamento) que darão lugar a um próximo período de
desenvolvimento.
2. Período pré-operacional (2 a 7 anos): este período é marcado pelo
aparecimento e desenvolvimento da linguagem e, como consequência, ocorre
maior interacção entre as crianças o aparecimento do pensamento
propriamente dito e a interiorização das acções. O desenvolvimento da
imaginação e a memória da criança melhora, graças às representações
mentais que armazena em seu cérebro e o afastam da percepção imediata e a
experiência concreta, fomentando a execução de acções sequenciais que irão
sendo mais gicas, pois suas lembranças armazenarão experiências prévias
que se relacionem com momentos vividos actuais e que ao haver vivenciado
erros facilitarão que a criança não volte a comete-los. Por exemplo: ao ouvir
um conto, a criança começa a formar a imagem do personagem em sua mente.
A criança também vivencia um nível egocêntrico e instável, onde lhe é difícil ver o
mundo afastado de si e considera os demais como seres que pensam e actuam
como ele, produzindo suposições erróneas que limitarão seu desenvolvimento em
grupo. Por exemplo: a criança pode dizer que as bolas são apenas de cor azul, até
que se lhe indique outra de diferente cor para que mude o seu conceito.
É-lhe complicado entender o aspecto variável das coisas, pois para ele tudo
é similar e não muda nunca, pelo que, a noção de conservação é limitada e requer
de manipulação de elementos para ir melhorando. Por exemplo: ao ver um
brinquedo, observa as características perceptíveis mais relevantes, assim centra-se
mais no seu tamanho e cor, deixando a um lado a forma que tem ou quê elementos
o decoram.
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Aprendizagem Matemática na Educação Infantil
Conforme o currículo de educação Pré-Escolar vigente em Angola, a área de
matemática, se encontra denominada como representação matemática, começa
aos 4 anos e estabelece 4 temas elementares de trabalho durante o ano lectivo, que
se descrevem a seguir: reconhecimento das relações dos objectos no meio
ambiente; característica dos elementos; desenvolvimento do conceito de número e
sua ordem e Iniciação à Geometria (Cláudio, 2011).
Nesta perspectiva, a representação Matemática visa: desenvolver o
raciocínio e a capacidade de pensar; conhecer os objectos de acordo com as suas
propriedades e sua posição no espaço; desenvolver um ambiente próprio para
expressarem-se livremente, com os seus colegas e com o professor/educador;
desenvolver a autoconfiança e autonomia, valorizando as suas actividades;
conhecer o vocabulário fundamental que envolve conceitos Matemáticos;
desenvolver a capacidade de raciocínio, comunicação e o gosto pela Matemática
(Cláudio, 2011).
A Matemática nasce com a criança, a função dos pais é reconhecer,
respeitar, acompanhar e guiar por um caminho fantástico de descobrimentos e
aventuras de aprendizagem que vão desde os movimentos novos que realiza com o
seu corpo, a utilização de códigos, traços e a representação de seu mundo exterior,
mediante a linguagem como a forma mais primitiva de simbolização até a
aplicação de técnicas e formas objectivas de expressão (Bustamante, 2015).
A mesma autora se refere que atendendo as características da evolução
infantil, é especialmente importante neste momento histórico, conduzir os
processos educativos através da experiência pessoal das crianças aplicando o jogo e
as actividades artísticas como principais recursos educativos com o fim de que as
crianças desenvolvam capacidades como: conhecimento e controle do próprio
corpo e de suas possibilidades de acção; aquisição de sua autonomia e de uma
imagem positiva de si mesma; relação e convivência com os demais; observação e
exploração do meio; desenvolvimento do pensamento lógico - matemático e o uso
da linguagem.
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De acordo com Joice Mundim e Guilherme de Oliveira, as práticas
pedagógicas juntamente com os saberes prévios que as crianças trazem, a escolha
de actividades e caminhos diferentes para trabalhar essa disciplina é essencial no
resultado da construção do conhecimento, sendo que o educador com seu
conhecimento e suas concepções deverá ser capaz de encontrar pontos que
englobem as dificuldades e os interesses das crianças. Assim, a abordagem dos
conteúdos precisa de um contexto flexível, que traga actividades diferenciadas
envolvendo brincadeiras, resolução de problemas, jogos e trabalhos em grupos que
irão tratar de vários assuntos envolvendo as vivências do quotidiano das crianças
(Mundim & Oliveira, 2013).
É importante que as crianças incorporem a linguagem da matemática nas
suas actividades para fortalecer a aprendizagem.
Estudos sobre Medida na Educação Infantil
Vários autores que abordam questões relacionadas ao desenvolvimento e
didáctica da gica-matemática têm centrado seus estudos no processo de ensino
aprendizagem da medida e as grandezas na educação infantil, dos quais
apresentamos como ponto de referência.
A medição é um processo centrado em calcular quantas vezes se encontra a
unidade ou quantidade de medida convencional ou não convencional no objecto
que se deseja medir, podendo durante este processo comparar as quantidades
dadas com as que se deseja calcular. Por exemplo: a criança mede a largura de seu
quarto com os passos que da (um diante do outro) e utiliza esta unidade não
convencional para dar o valor da longitude (Soledad & Susana, 2014).
Por seu lado Pozebon e Lopes (como citado por Caraça, 1984) nos diz que
medir envolve comparar, bem como a medição exige que se saiba somar duas
grandezas de mesma espécie ou dois valores relacionados a uma mesma grandeza.
Nesse âmbito, medir significa que o atributo que está sendo medido é preenchido
ou ainda comparado com uma unidade de medida com o mesmo atributo, de
forma que a medida é a contagem de quantas unidades foram necessárias para
encher ou cobrir o atributo do objecto em questão. Fica claro que na maioria das
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vezes não basta sabermos se um objecto é maior ou menor que outro, é preciso
saber quanto mede e para tal podemos realizar alguns procedimentos:
1) Estabelecer um padrão para comparar as grandezas de mesma espécie
unidade de medida;
2) Responder a pergunta quantas vezes? Para que apareça um número que irá
expressar o resultado final da comparação com a unidade. Este número é a
medida da grandeza em relação a unidade estabelecida.
No problema da medição existem três fases com características distintas: a
escolha da unidade; a comparação com a unidade; e a expressão numérica que é o
resultado dessa comparação por um número. O aspecto quantitativo somente
surge quando é indagado “quantas” vezes é mais comprido, “quantas” vezes cabe,
assim a necessidade de resposta é um número, que será obtido através do uso de
algum instrumento comparativo.
Além disso, os outros dois aspectos importantes para o trabalho com
medidas, presentes desde o surgimento do conceito, são as noções de estimativa e
natureza aproximativa das medidas. A estimativa pode promover motivação e
familiaridade com a unidade de medida, enquanto a linguagem aproximativa é útil,
pois a ideia, correcta, de que cada instrumento de medida inclui um certo erro
de medida, pois é impossível obter a precisão total (Pozebon & Lopes, 2013).
Entretanto, Carlota Lazo em seu trabalho sobre Iniciação à Medida na
Educação Infantil, apresenta um conceito abarcador (como citado por Alsina,
2006) “a medida se refere ao conhecimento das grandezas contínuas que
encontramos mais detalhadamente na vida quotidiana: longitude, superfície,
volume, capacidade, massa, tempo, entre outras”. Por sua natureza, está
relacionada com a Geometria, como conhecimento do espaço, com a numeração,
posto que qualquer resultado de uma medida se expressa com um número e,
finalmente, com o conhecimento do meio natural.
O conhecimento da medida serve para adquirir um conhecimento
experimental das principais grandezas, adquirir a noção de unidade de medida e a
habilidade de praticar medidas das grandezas, assim como elaborar e utilizar
estratégias de estimação. Também se deve promover que a criança aprenda a
utilizar os instrumentos que permitem medir cada uma das grandezas, que
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descubra a necessidade e o sentido da aproximação na medida e como
consequência de tudo isto, possa conhecer melhor o seu redor e o meio natural em
que se move (Lazo, 2015).
Etapas de aquisição da noção de medida na criança
Os estudos de Quilca Soledad e Simbaña Susana demonstram que para
poder construir o processo de medida, todas as crianças atravessam um caminho
que vai desde o uso de medidas relacionadas com o seu próprio corpo até a
universalização da medida no Sistema Métrico Decimal. Assim, (como citado por
González e Weitein, 2011) as primeiras aproximações das crianças à medida se
baseiam nas seguintes etapas:
a) Sentido da vista: que com este se comparam perceptivamente os objectos a
medir; por exemplo a comparação da largura de uma porta e da janela a
simples vista determinam qual é o mais largo.
b) Uso das partes do corpo: pois a criança as suas mãos, pés e braços como
elementos para medir objectos; por exemplo a janela mede 5 palmos. Desta
forma mediante o uso de uma unidade não convencional se realizam as
medições e comparações.
c) Uso de outros elementos: a medida que avança em sua construção e resolve
diversas situações e reflecte sobre o que realizou, a criança se vai dando conta
que seu corpo como instrumento de medição, pode ser substituído por
objectos quotidianos externos a ele e que inicialmente podem ser cordas,
blocos e varas.
d) Todo elemento externo serve para medir: em momentos posteriores começa a
compreender que todo elemento externo serve para medir qualquer objecto. É
assim que selecciona o elemento a utilizar em cada caso, até chegar a
compreender o alcance e a utilidade das medidas convencionais que
constituem o Sistema Métrico Decimal.
Segundo a mesma autora, este processo começa no nível inicial e continua em
outros níveis de escolaridade.
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Nesta perspectiva, Carlota Lazo considera que o ensino e aprendizagem da
medida segue o seguinte processo:
a) Preparação: onde encontramos actividades de comparação, ordenação,
composição e decomposição, bem como noção de grandeza. A comparação
será imprescindível para introduzir a criança no mundo da medida mais
curto que..., é tão alto como ..., pesa menos que ...).
b) Prática da medida: aqui se incluiria a noção de unidade, a estimação e o uso
de instrumentos de medida.
c) As relações entre unidades: com os sistemas de medida e a noção de
aproximação (Lazo, 2015).
Cada grandeza requer de materiais diferentes e específicos para seu trabalho
pelo que exemplificamos a seguir o caso da grandeza longitude mediante a
seguinte figura:
Figura nº1: Aspectos relevantes do processo de
ensino das grandezas de medida
Fonte: Soledad e Susana (2014)
Materiais Didácticos na Educação Infantil
O material didáctico é um meio que facilita o processo de ensino e
aprendizagem mediante a manipulação directa utilizando os sentidos, que permite
facilitar dentro de um ambiente educativo a aquisição de conceitos, habilidades e
destrezas nas crianças. É um elemento necessário, que funciona como mediador
instrumental, permitindo às crianças adquirir conhecimentos, desenvolver
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habilidades e capacidades e torna-los aprendizes significativos. Se considera que o
material didáctico é um instrumento indispensável para o desenvolvimento das
diferentes áreas de aprendizagem nas crianças, que graças a este recurso
didáctico, favorece o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando-lhes as
ferramentas necessárias para a solução de problemas (Soledad & Susana, 2014).
De acordo com as referidas autoras, os materiais didácticos devem possuir
as seguintes características:
1) Facilidade de uso: se é manipulável ou não, para os professores e alunos, se
necessita de pessoal especializado.
2) Uso individual ou colectivo: se pode utilizar a nível individual ou em pequeno
grupo ou ainda em grande grupo.
3) Versatilidade: adaptação a diversos contextos meio circundante, estratégias
didácticas, alunos.
4) Abertos: permite a modificação dos conteúdos a tratar.
5) Que promovem o uso de outros materiais (fichas, dicionários...) e a realização
de actividades complementares individuais e em grupo cooperativo.
6) Proporcionar informação: praticamente todos os meios didácticos
proporcionam explicitamente informação: livros, vídeos, programas
informáticos.
7) Capacidade de motivação: para motivar o aluno, os materiais devem despertar
curiosidade e interesse para sua utilização, sem provocar ansiedade e evitando
que os elementos lúdicos interfiram negativamente nas aprendizagens.
8) Adequação ao ritmo de trabalho das crianças: os bons materiais têm em conta
as características psicoevolutivas das crianças às que estão dirigidos
(desenvolvimento cognitivo, capacidades, interesses, necessidades...) e os
avanços que vão tendo.
9) Estimulação do desenvolvimento de habilidades meta-cognitivas e estratégias
de aprendizagem nos estudantes: que lhes permitirão planificar, regular e
avaliar sua própria actividade de aprendizagem, promovendo a reflexão sobre
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seu conhecimento e sobre os métodos que utilizam ao pensar. Já que aprender
significativamente supõe modificar os próprios esquemas de
10) Conhecimento, reestruturar, revisar, ampliar e enriquecer as estruturas
cognitivas.
11) Esforço cognitivo: os materiais utilizados na aula devem facilitar
aprendizagens significativas e transferíveis às outras situações mediante uma
contínua actividade mental em consonância com a natureza das
aprendizagens que se pretendem.
12) Disponibilidade: devem estar disponíveis no momento em que se necessitam.
13) Guiar as aprendizagens das crianças: como faz, por exemplo, uma ontologia
ou um livro de texto (Soledad & Susana, 2014).
Cabe ressaltar que estas características estão destinadas a satisfazer as
necessidades dos alunos, por isso é fundamental ter em conta estes parâmetros na
elaboração dos materiais didácticos para favorecer as aprendizagens e despertar o
interesse das crianças pelas noções matemáticas.
Metodologia da pesquisa
Para a realização da pesquisa, adoptou-se uma metodologia de natureza
qualitativa, na modalidade de estudo de caso, que mediante recolha de dados
permitiu o registo, a análise e descrição das características observáveis e gerais do
processo de ensino das noções elementares de matemática nas crianças do pré-
escolar e, especificamente a comparação de longitudes mediante a acção de medir,
com unidades de medidas não convencionais.
A pesquisa decorreu no ambiente natural dos sujeitos, as salas do Jardim-
de-Infância e da iniciação, permitindo colectar dados directamente do contexto.
Foram descritas detalhadamente as situações vividas pelas crianças, e
interpretados os significados por elas atribuídos.
Métodos e técnicas
Recorreu-se à observação participante para constatar as práticas
pedagógicas dos professores/educadores no tratamento metodológico dos
conteúdos programados sobre a comparação de longitudes, mediante a acção de
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medir com unidades de medidas não convencionais e o modo de actuação das
crianças do pré-escolar durante o desenvolvimento das actividades. Neste estudo
privilegiou-se a observação participante associada à outra cnica de recolha de
dados como o registo fotográfico e a gravação de vídeo. Tendo em conta o contexto
da pesquisa, que implica o envolvimento activo do investigador, interagindo com
os sujeitos, o que permite uma crescente aproximação entre estes actores na
selecção, nos registos e na análise criteriosa das ocorrências mais relevantes,
relacionadas com o estudo.
Procedimentos de análise
A análise-síntese foi empregue em todo processo investigativo, no estudo
das concepções teóricas relacionadas com o tema desde as análises bibliográficas
mais atualizadas, na interpretação dos resultados do diagnóstico, assim como na
elaboração da proposta metodológica baseada em exercícios - problemas simples
sobre a comparação de longitudes mediante a acção de medir, com unidades de
medidas não convencionais, de modo que favoreça o trabalho com longitudes nas
crianças do ensino pré-escolar, além do recurso à indução-dedução para melhor
compreensão das concepções teóricas relacionadas com o tema, na análise
documental, assim como na análise e interpretação dos resultados dos
instrumentos aplicados para se chegar a generalizações empíricas a partir dos
casos particulares.
Foram analisados documentos produzidos pelas crianças (registos das
tarefas); Registos de natureza biográfica das crianças e referentes ao contexto: este
tipo de documentos contribuiu para um maior conhecimento do grupo e do
contexto em que este se insere. A consulta do Plano Anual de Actividades e de
documentos fornecidos pelo professor/educador, que incluem as avaliações das
crianças, para a obtenção de informações sobre o grupo e sobre cada um dos seus
elementos, contribuindo para uma caracterização mais fidedigna do grupo e do
contexto sócio-económico, clarificando também a linha de trabalho estabelecida
para estas crianças.
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Participantes
O estudo foi realizado com, 2 (dois) centros infantis, 2 (duas) creches e 6
(seis) escolas do Ensino Primário com salas de Iniciação, o responsável Municipal
para o Ensino Pré-Escolar, 10 (dez) membros do conselho de direcção e 19
(dezanove) professores/educadores das referidas instituições.
Resultados e Discussões
Os dados gerais indicam que a maioria dos participantes é do género
feminino, sendo 94,7% dos professores/educadores e 50% dos membros do
conselho de direção. Relativamente as habilitações literárias a maioria dos
participantes possui o ensino médio, representados por 84,2% dos
professores/educadores. E são licenciados 3 professores/educadores (15,8%), 9
membros do conselho de direcção (90%) e o responsável municipal para a
educação pré-escolar (100%).
Durante muitos anos prevaleceu o papel das educadoras pelo seu suposto
carisma natural de mãe, protectora, cuidadora e crente. Porém existe actualmente
a tendência de incrementar o número de professores/ educadores do género
masculino na educação pré-escolar. Não obstante, constatou-se na investigação
que apenas um professor/educador possui a formação cnica-média de educação
infantil, os demais são técnicos-médios e licenciados para o ensino geral.
Nesta perspectiva, os fundamentos sicos da tendência pedagógica crítica
na educação infantil, propostos por Freinet, Vygotsky, e Paulo Freire sustentam
que o agir pedagógico do Educador de Infância deve atender às reais necessidades
das crianças, no seu contexto histórico e cultural, deve ser criativo, flexível,
atendendo à individualidade e ao colectivo, desse modo a formação profissional
dos professores/educadores deve ser direccionada para o alcance deste desiderato.
Sobre a experiência de trabalho, os resultados indicam que a maioria dos
professores/educadores (84,2%) trabalha de 1 a 3 anos no ensino pré-escolar e um
número significativo (90%) dos membros do conselho de direcção possuem um
tempo de experiência aceitável conforme ilustra o gráfico:
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Gráfico nº1: Tempo de serviço no ensino pré-escolar
Fonte: Elaboração própria
Considera-se que que o trabalho no subsistema de ensino Pré-Escolar exige
preparação adequada dos professores/educadores, recursos didácticos e
reestruturação de espaços que visam alcançar os objectivos que se pretendem
desde o mais alto nível de organização. Desse modo, podemos constatar na
pesquisa que devido as necessidades e as carências de profissionais para o ensino
pré-escolar ao nível da cidade do Sumbe e até mesmo do país, os professores do
ensino geral são orientados a trabalhar no ensino pré-escolar mediante cursos de
agregação pedagógica realizados ao nível municipal, o que não tem sido suficiente
para suprir as dificuldades encontradas no trabalho diário com as crianças.
Portanto a formação profissional dos professores do ensino pré-escolar deve ser
considerada como um desafio das referidas escolas, bem como das estruturas
centrais da educação.
Relativamente às condições das salas de actividades, a maioria dos
inquiridos foi unânime em afirmar que são inadequadas, como ilustra o gráfico.
Gráfico nº2: Condições das salas da iniciação
Fonte: Elaboração própria
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Como referido por Freinet, Vigotsky e Paulo Freire, o trabalho no ensino
Pré-Escolar requer profissionais capazes de educar e cuidar das crianças no seu
contexto histórico e cultural, o que implica reestruturar o espaço físico das salas de
actividades para que neles se dêem as interacções do sujeito com o mundo físico e
social, oportunizando-lhe vivências e situações de intercâmbios de opiniões,
tomadas de decisões, sendo promovido, a construção da identidade e autonomia
das crianças.
No que concerne aos recursos didácticos, os inquiridos afirmaram que são
fornecidos no início do ano lectivo apenas os programas de actividades e as fichas
didácticas, porém a maioria dos inquiridos foi unânime em afirmar que a escola
não possui um projecto político pedagógico, conforme se observa no gráfico:
Gráfico nº3: Documentos fornecidos aos professores no
início do ano lectivo
Fonte: Elaboração própria
É importante considerar nesta análise que os recursos didácticos constituem
a ferramenta de aprendizagem mais importante que deve estar presente nas acções
educativas para o desenvolvimento das actividades nas distintas áreas de
aprendizagem das crianças, e devem estar orientados para um fim pedagógico e ser
devidamente seleccionados em função dos critérios do currículo.
Portanto, os professores/ educadores capacitados podem ser criativos e
construir os seus próprios recursos didácticos para o alcance dos objectivos
preconizados e contribuir para o desenvolvimento do raciocínio gico das
crianças.
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Relativamente ao ensino da representação matemática, a maioria dos
professores/educadores foi unânime em afirmar que tem dificuldades no trabalho
com as grandezas exploradas, como se observa no gráfico:
Gráfico nº4: Noções de grandeza exploradas e dificuldades encontradas
Fonte: Elaboração própria
Consideramos que as dificuldades apresentadas pelos professores se
fundamentam pela falta de preparação metodológica para actuar nesta área,
repercutindo-se na aprendizagem das crianças nos níveis subsequentes.
Sobre as unidades de medidas utilizadas nas acções de medir, os professores
afirmaram que seguem as orientações dos programas de actividades e utilizam o
palmo, o pé e o passo, alguns também utilizam varinhas para fazer comparações de
longitudes (mais curto que, mais comprido que, mais longe, mais perto, mais alto
que, mais baixo que); mas não chegam a estabelecer um valor numérico da
comparação. Não obstante possuem dificuldades em denominar a grandeza,
identificar a unidade de medida, bem como realizar as acções de medir.
Esse facto evidencia a necessidade de superação pedagógica dos
professores/ educadores no que concerne à representação matemática,
especificamente sobre o ensino das noções de medir com unidades de medida não
convencionais.
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Proposta Metodológica de Exercícios
Problemas Simples sobre a Comparação de Longitudes Mediante a
mensuração com Unidades de Medidas não Convencionais, para o
Trabalho com Crianças do Pré-escolar
As actividades apresentadas nesta proposta se desenvolvem mediante a
seguinte estrutura: Grandeza Título da actividade Objectivo Metodologia
(materiais, situação - problema simples, exploração da actividade) – Conclusão.
Desse modo, para verificar a efetividade da proposta foi seleccionado a
atividade 5 que se aplicou como modelo em todas as escolas seleccionadas para
a realização da pesquisa, a qual detalhamos a seguir:
Grandeza: longitude - comprimento e altura
Imagem nº 1: O coelho quer comer cenouras frescas.
Fonte: Elaboração própria
Actividade nº 5: O coelho quer comer cenouras frescas
Objectivo: desenvolver habilidades das crianças para comparar longitudes
mediante o uso de medidas não convencionais.
Metodologia
Materiais: fitas ou cordas, cartolina (de diferente tamanho), cores, lápis,
borracha e folhas A4.
Situação-problema simples: para o coelho apanhar as cenouras do cesto
precisa de uma escada. Existem duas escadas disponíveis, qual delas deve utilizar o
coelho para chegar ao cesto das cenouras. Porquê?
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Exploração da actividade
O professor/educador apresenta a ilustração em cartolina e expõe a
situação problema simples: O coelho quer apanhar as cenouras do cesto e precisa
de uma escada. Existem duas escadas no quintal, qual delas deve utilizar o coelho
para chegar ao cesto das cenouras?
Todas as crianças a simples vista respondem que o coelho deve utilizar a
escada maior. Em seguida o professor/educador pergunta: Porquê? As crianças
respondem: o coelho deve utilizar a escada maior porque o cesto das cenouras está
mais alto. O professor/educador pergunta novamente: Como podemos saber que a
escada mais comprida é que chega até ao cesto das cenouras? As crianças
respondem: devemos medir. Então o professor/educador orienta às crianças a
medir na ilustração. Com uma corda ou fita (de diferentes cores) um voluntário
mede a comprimento da escada curta. Em seguida leva esta medida desde o coelho
até à cenoura para saber se chega lá. O professor/educador pergunta novamente: é
possível o coelho utilizar a escada curta para apanhar as cenouras do cesto?
Porquê? As crianças respondem: não, porque a escada é curta e o chega até ao
cesto.
O professor/educador orienta outro voluntário para medir o comprimento
da outra escada com uma corda ou fita. Em seguida leva esta medida desde o
coelho até à cenoura para saber se chega lá. O professor/educador pergunta
novamente: é possível o coelho utilizar a escada curta para apanhar as cenouras do
cesto? Porquê? As crianças respondem: sim, porque a escada é mais comprida e
chega até ao cesto. Para saber quanto mede cada escada, o professor/educador
pergunta às crianças: como saber quanto medem as escadas? Aqui as crianças
respondem: devemos contar. Então o professor/educador explica que o
comprimento de cada degrau da escada representa uma unidade de medida.
Posteriormente as crianças realizam a contagem dos degraus e verificam
que a escada mais curta mede 5 vezes e o professor/educador regista o número 5
no quadro. E do mesmo modo fazem a contagem da escada mais comprida e
regista o número 8 no quadro.
Finalmente o professor/educador pergunta às crianças: qual dos dois
números é maior?
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As crianças respondem: o número 8 é maior que 5.
Então, feita a comparação, se demonstra que a escada que contém 5 degraus
é a mais curta, porque 5 é menor que 8. A escada que contém 8 degraus é a mais
comprida, porque 8 é maior que 5.
Conclusão: para chegar até ao cesto das cenouras o coelho deve utilizar a
escada mais comprida que contém 8 degraus.
Conclusões
Mediante o diagnóstico realizado nas escolas seleccionadas, sobre o ensino
das noções elementares de matemática referentes à comparação de longitudes
mediante a acção de medir, com unidades de medidas não convencionais,
constatou-se que os professores/educadores seguem as orientações dos programas
de actividades e utilizam medidas não convencionais como o palmo, o e o passo
para fazer comparações, mas apresentam dificuldades em denominar a grandeza,
identificar a unidade de medida e por essa razão o chegam a realizar a acção de
medir.
Procurou-se com a pesquisa aprimorar as técnicas de ensino das noções
matemáticas nas crianças do Pré-Escolar, mediante a elaboração de uma proposta
metodológica baseada em exercícios - problemas simples sobre a comparação de
longitudes mediante a acção de medir, com unidades de medidas não
convencionais.
Para verificar a efectividade da proposta na prática pedagógica, foi aplicado
o exercício problema simples em todas as escolas seleccionadas para a
pesquisa, tendo sido constatado que existem muitas dificuldades no ensino sobre a
comparação de longitudes mediante a acção de medir com unidades de medidas
não convencionais.
Os resultados da pesquisa apontam que este facto está associado ao
tratamento metodológico dos conteúdos que derivam da falta de preparação
pedagógica dos professores/educadores para este nível de ensino, falta de recursos
didácticos apropriados para as distintas actividades orientadas no programa
curricular, assim como a falta de criatividade para superar as carências dos meios
de ensino. Consequentemente, condiciona o desenvolvimento de habilidades
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matemáticas das crianças e a aprendizagem de conhecimentos matemáticos
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http://repositorio.espe.edu.ec. Acessado em 1 de junho de 2020.
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International License. Ao submeter o manuscrito o autor está ciente de que os direitos de autor
passam para a Revista Científica do ISCED-Huíla.
Recebido em
20
de Agosto de 2020
Aceite em 07 de Outubro de 2020