Revista Angolana de Extensão Universitária, v.3, n.1, Janeiro-Junho, p. 07-09, 2021
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EDITORIAL
Extensão Universitária: Práticas e Desafios no Pós-Pandemia
University Extension: Practices and Challenges in the Post-Pandemic
Extensión Universitaria: Prácticas y Desafíos en la Post-Pandemia
Na preparação desta edição esteve sempre
em voga a preocupação com os contínuos
impactos da pandemia sobre as
actividades extensionistas. Desejava-se
compreender de que forma a extensão
universitária se reconfigurou para lidar
com a emergência de um novo contexto
para esta prática. Entretanto, e como
seria de esperar, os artigos encaminhados
obrigaram-nos a ir para além do escopo
proposto e considerar a tentacularidade
que caracteriza a educação. Deste modo,
este número é, além de uma tentativa de
apresentar os esforços criativos que
pessoas envolvidas com a extensão foram
obrigadas a realizar, um convite para
pensarmos na importância de
compreender a educação e,
essencialmente, a universidade como
uma acção que deve evitar a tentação da
estreiteza do seu olhar sobre a sociedade,
ampliando a discussão para incluir
preocupações diferenciadas e actuais.
No quadro desta ambição - de
compreender a forma que a extensão se
(re)configurou para lidar com o novo
contexto social sem deixar de captar todas
as dimensões da educação, nesta edição
podemos dividir os artigos em 3 eixos
principais:
No primeiro, encontramos, como sempre,
artigos virados para a discussão sobre a
extensão universitária, tratando de
abordá-la na perspectiva seja de relatos
sobre experiências de extensão que
atestam a sua importância para a
compreensão de fenómenos sociais
importantes, seja na vertente da
adaptação ao contexto da pandemia.
Dentro deste eixo se pode perceber que,
numa altura em que, cada vez mais, se
debatem questões sobre as alterações
climáticas, o texto sobre A Educação
Ambiental como processo educativo além
dos muros da Universidade em tempos de
pandemia alerta para a importância da
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abordagem sobre Educação Ambiental
além dos muros da universidade,
articulando os estudos teóricos com a
práxis através da transposição curricular.
Este olhar reflexivo permite, por um lado,
repensar a função da universidade nestes
tempos difíceis e sugere uma
reconfiguração das políticas e das acções
públicas em educação, por outro lado, é
um convite para, respeitando os valores
que promove, aproximar-se cada vez mais
à sociedade e assumir-se como um
verdadeiro instrumento de mudança.
Por sua vez, a abordagem sobre
Enfrentamento da COVID-19 pela Liga de
Pneumologia da UFCSPA: protagonismo
estudantil e empoderamento pós-
pandemia revela como a pandemia veio
dinamizar os processos de aprendizagem
das pessoas, na medida em que tem
permitido maior exploração de
ferramentas de apoio a esses processos
nos mais variados domínios do saber,
mostrando claramente o quão resilientes
são.
No segundo eixo, temos a discussão da
articulação do ensino com a prática, seja
ela no contexto laboratorial ou em
ambiente aberto, mas que propicia ao
aluno a oportunidade de relacionar teoria
à prática. Assim, na lógica do saber-fazer
e agir do professor, o texto sobre
Atividades Experimentais, Análise
Curricular no Ensino Primário em Angola
traz à reflexão algumas insuficiências na
operacionalização do currículo do ensino
primário em matérias que requerem
maior articulação entre teoria e prática,
com sinalização para a necessidade de
investimento nas respectivas
metodologias de ensino. Neste sentido, as
colocações apresentadas pelo autor
suscitam, por um lado, uma análise sobre
as políticas de formação inicial e contínua
de professores e, por outro lado, uma
reflexão sobre os modos como os
professores recebem e interpretam as
políticas educativas e trabalham o
currículo em sala de aula, tendo em conta
o contexto em que estão inseridos.
Por último, aproveita-se o espaço para
reapresentar, por meio de uma resenha
crítica o livro Gestão do Ensino Superior
em Angola: realidades, tendências e
desafios rumo à qualidade, a questão da
gestão do ensino superior. A pertinência
deste pode ser levantada pela
compreensão apresentada de que os
desafios que marcam o nosso contexto,
considerando a nossa história, obriga a
universidade a assumir um papel activo
no desenvolvimento justo, democrático,
moderno e sustentável da sociedade
angolana, atendendo inclusive a sua
responsabilidade no progresso social.
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Acreditamos, portanto, que são diversas
as possibilidades de reflexão
apresentadas nesta edição da revista, das
quais podemos destacar: a necessidade de
contínua reinvenção da extensão
universitária, haja vista a continuidade da
pandemia, agora com novos desafios, a
importância de amplificarmos as
possibilidades de aprendizados das
ciências pelas crianças e ainda a
delicadeza dos processos que envolvem as
nossas IES.
Felizardo Tchiengo Bartolomeu Costa
Escola Superior Pedagógica do Bengo, Angola
Director Geral Adjunto para Área Científica
Jeremias Lello Guimarães Correia
Escola Superior Pedagógica do Bengo, Angola
Docente do Departamento de Ciências da
Educação
Pedro Tavares Eduardo
Escola Superior Pedagógica do Bengo, Angola
Docente do Departamento de Ciências da
Educação
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