Revista Angolana de Extensão Universitária, v.3, n.2, Julho - Dezembro, pp. 12-24, 2021
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Alternativas Didácticas em Tempo de Pandemia e seu Impacto
no Processo de Ensino-Aprendizagem no Período Pós-
Pandêmico
Educational alternatives in times of pandemic, challenges and perspectives of
teachers in the teaching-learning process
Alternativas didaticas los tiempo pandémico y su impacto de ensenãnza-
aprendizaje en el periodo pospandemico.
Domingas Calovela Rodrigues
1
Universidade do Namibe, Angola
domingascalovela@gmail.com
Elias Kakapa Wantengala
2
Universidade do Namibe, Angola
eliaskakapa@gmail.com
Resumo
Neste estudo, apresenta-se o impacto que o Facebook e o
WhatsApp tiveram como alternativa didáctica em tempo
de Pandemia na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanidade. O estudo é de natureza quali-quantitativa
com recurso à observação participativa, à revisão
bibliográfica e ao inquérito por questionário dirigido a
uma população com representatividade de dez (10)
docentes e trinta (30) estudantes afectos ao
Departamento de Educação. As opiniões dos docentes e
estudantes sobre a influência do Facebook e do
WhatsApp apontaram o WhatsApp como a rede social
mais utilizada para o intercâmbio científico em tempo de
pandemia, apesar das dificuldades materiais e
financeiras. Este recurso tecnológico revelou ser uma
alternativa didáctica para o ensino-aprendizagem, por
isso, seria necessário que os gestores apostassem nos
recursos tecnológicos dessa natureza para melhorar a
aprendizagem dos alunos.
Palavras-chave: Alternativas didácticas, processo de
ensino-aprendizagem, pós-pandemia.
Abstract
In this article, we present the impact that Facebook and
WatsApp had as a didactic alternative in time of
Pandemic in the Faculty of Social Sciences and
Humanity. The study is of a qualitative-quantitative
nature, using participatory observation, bibliographic
review and a questionnaire survey aimed at a population
comprising ten (10) teachers and thirty (30) students
assigned to the Department of Education. The opinions
of professors and students on the influence of Facebook
and WhatsApp indicate that Whatsapp was the most
used social network for scientific exchange at the time,
despite material and financial difficulties. This
technological resource proved to be a didactic alternative
for teaching and learning, so it would be necessary for
managers to bet on technological resources to improve
student learning.
Key-words: Didactical alternatives, teaching-learning
process, post-pandemic.
Resumen
En este artículo presentamos el impacto que tuvo
Facebook y WatsApp como alternativa didáctica en
tiempo de Pandemia en la Facultad de Ciencias Sociales
y Humanidades. El estudio es cualitativo y cuantitativo,
utilizando la observación participativa, la revisión
bibliográfica y un cuestionario de encuesta dirigido a una
población compuesta por diez (10) docentes y treinta
(30) estudiantes adscritos al Departamento de
Educación. Las opiniones de profesores y estudiantes
sobre la influencia de Facebook y WhatsApp indican que
Whatsapp era la red social más utilizada para el
intercambio científico en ese momento, a pesar de las
dificultades materiales y financieras. Este recurso
tecnológico demostró ser una alternativa didáctica para
la enseñanza y el aprendizaje, por lo que sería necesario
que los directivos apuesten por los recursos tecnológicos
para mejorar el aprendizaje de los estudiantes.
Palabras-clave: Alternativas didácticas, proceso de
enseñanza- aprendizaje, post-pandemia.
1
Mestre. Assistente. Ciências da Educação
2
Mestre. Assistente. Ciências da Educação
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
INTRODUÇÃO
Sociedade tem se deparado com
inúmeras situações adversas nos
últimos tempos, uma destas é a
pandemia da COVID - 19 que, segundo
informações da Organização Mundial da
Saúde (OMS) e outros investigadores,
tenha surgido aparentemente no mercado
de Wuhan, província de Hubei, China, em
Dezembro de 2019, com um número
excessivo de casos, transformando-se
numa ameaça global. É consensual entre
os pesquisadores que a transmissão é feita
de pessoa a pessoa, por gotículas e
aerossóis respiratórios após o contacto
próximo com uma pessoa contagiada ou
pelo contacto directo com superfícies
contaminadas (Julião, 2020).
À medida que o surto foi progredindo, o
nível de disseminação de pessoa para
pessoa foi se tornando mais fácil
(Watengãla, Velazquez & Baptista, 2020),
o que levou o encerramento de diversas
instituições escolares em diferentes
países (Julião, 2020), pois como se sabe,
a escola é um lugar, onde existe interação
acentuada entre pessoas de diferentes
famílias. Por orientação de vários órgãos
internacionais ligados à saúde, vários
governos foram aconselhados a encerrar
os estabelecimentos de ensino ou a
adoptarem alternativas educacionais para
evitar um ambiente de contágio.
Com o passar do tempo, a situação foi se
tornando pior, mas em contrapartida,
como o mundo não deve parar,
principalmente o sistema educativo, por
ser o lugar onde se desenvolve o poder
científico e nascem os homens capazes de
resolver os problemas da sociedade,
rapidamente, os países viram-se forçados
a procurar alternativas educacionais para
continuação da formação do homem, e
Angola foi um destes. Pois vários estados
de emergência e posterior de calamidade
e vice-versa foram decretados, levando a
diversas medidas extraordinárias.
Na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanidades, assim como outras
instituições de ensino, por orientação do
Ministério do Ensino Superior, efectuou-
se uma divisão das turmas em grupos
para evitar aglomerados e o refúgio às
TICs por meio das redes sociais como
Facebook e WhatsApp, para auxiliar a
transmissão e interação dos conteúdos e
outras orientações do nível didáctico
entre docentes e estudantes e vice-versa.
A implementação destas alternativas,
para a instituição, foi um desafio para
todos os intervenientes do processo de
ensino-aprendizagem, pois nessa altura, o
telemóvel e o computador passaram a ser
os meios de ensino auxiliares e
obrigatórios.
A
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
A alternativa didáctica utilizada na
Faculdade foi a abertura de grupos nas
redes sociais, nomeadamente no
Facebook e WhatsApp, administrados
pelos docentes e pelo delegado de turma,
com a responsabilidade de adicionar os
demais colegas.
Essa sugestão não permitiu realizar um
diagnóstico aos estudantes e docentes, a
direcção da Faculdade deu uma formação
urgente aos docentes com o intuito de as
aulas serem preparadas por pacotes
(conteúdos resumidos equivalente a duas
semanas de aulas), preparado em
PowerPoint com áudio explicativo do
conteúdo pelo docente e enviado via
WhatsApp para os estudantes ou por pen
drive em alguns casos e o Facebook para
informações imediatas, por outra, dava-se
oportunidade de os estudantes em ligar
para o professor ou escrever uma
mensagem pelo Messenger, quando
tivesse uma inquietação sobre o
conteúdo.
Como partícipe deste processo e pelas
dificuldades encontradas, apresenta-se
este artigo com o objectivo de analisar as
opiniões dos docentes e estudantes da
Faculdade de Ciências Sociais e
Humanidades sobre a influência das
alternativas didácticas utilizadas neste
período e seu impacto pós-pandêmico.
O Impacto da COVID- 19 no
Subsistema de Ensino Superior
A COVID-19 teve um impacto directo
sobre os diferentes subsistemas de
ensino, assim o Ministério do Ensino
Superior viu-se forçado a implementar
alternativas para minimizar tal impacto.
É do nosso conhecimento que o
subsistema do Ensino Superior ainda vive
dificuldades concernente aos meios
tecnológicos disponíveis. Assim, orientou,
em Decreto Executivo n.º 2/20, de 19 de
Março, no seu artigo 2.º, que: durante o
período de suspensão das actividades
lectivas, os estudantes devem realizar
trabalhos académicos determinados pelas
instituições superiores conforme descreve
Queria (2020).
O facto de a COVID-19 ter despertado
grandes fragilidades no Ensino Superior
veio a reforçar os desafios da necessidade
de adopção de diversas alternativas
educativas de ensino aprendizagem
presencial, que é um modelo quase
universal. Na verdade, muitos países,
usam alternativas com recurso às
tecnologias e os docentes meramente
habituados a essa realidade (Agostinho &
Saveta, 2020).
Importa referir que quando falamos do
impacto da pandemia neste subsistema de
ensino, deve-se lembrar que o aluno deve
estar preparado monetariamente e, em
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Wantengala
contrapartida, no início da pandemia,
várias empresas foram obrigadas a
paralisar os trabalhos, chegando mesmo a
despedir vários indivíduos (estudantes).
Muitas vidas foram perdidas (parentes
dos estudantes) e alguns estudantes
foram contaminados pelo contacto com
alguém e em alguns casos parentes
próximos, o que levou a problemas
psicológicos de todos os intervenientes
directos do sistema de ensino-
aprendizagem (professores e estudantes),
como indirectos (funcionários
administrativos, gestores de instituições
entre outros, que integram a instituição)
(Ferreira, Sugahara & Branchi, 2020).
Os mesmos autores salientam que “a
disponibilidade de ferramentas
tecnológicas para acompanhar as
actividades lectivas proporcionou
vantagem no ambiente de ensino-
aprendizagem, nomeadamente pela
ausência de turmas muito extensas,
levando os docentes a uma maior atenção
individual ao estudante (p.141).
Gusso & Gonçalves (2020) afirmam que
“cabe aos gestores de ensino avaliar as
dificuldades e limitações impostas pela
pandemia no processo de ensino-
aprendizagem e procurar soluções para
lidar com elas, de modo a promoverem
condições viáveis e seguras de trabalho e
pedagógicas dos docentes e estudantes
(p.6).
Santos (2020), ao discernir no seu
trabalho sobre o impacto da pandemia no
Ensino Superior, enfatiza que a COVID-
19 foi um identificador de um conjunto de
fracassos no Ensino Superior, pois
conforme observações, claramente
muitos países não estavam preparados.
Quando se apercebeu de que o
aglomerado de pessoas seria um factor de
contágio implacável do vírus Sars-Cov-2
e que o isolamento e distanciamento
diminuiria esse índice de transmissão, o
recurso às tecnologias tornou uma
solução eminente para continuação do
sistema de ensino.
Dentre os fracassos identificados por
Santos (2020, p.4), pode-se ressaltar: a
falta de equipamentos tecnológicos; a
fraca capacidade de memória desses
equipamentos e a falta de preparação dos
professores e dos estudantes em manejar
e funcionarem com equipamentos de
tecnologias de informação e
comunicação.
Se, por um lado, destacamos aos fracassos
causados pela Covid-19, por outro,
podemos dizer que a identificação destes
fracassos permitiu despertar as diferentes
instituições do Ensino Superior para a
necessidade de redefinir e desenvolver
novas habilidades aos seus docentes e
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
discentes, renovar as estratégias
didácticas e desenvolver a capacidade e a
habilidade de um pensamento crítico e
um sistema de aprendizagem comungado
com o uso das tecnologias.
Desta forma, procurar solucionar as
dificuldades do processo de ensino-
aprendizagem, recorrendo às ferramentas
tecnológicas no geral e, em particular, as
redes sociais podem ser vistas como uma
alternativa difícil de ser implementada
em função das dificuldades com que o
Governo angolano tem-se deparado,
como a inserção de satélite na órbita, o
que dificulta os sinais da rede de uma
forma geral.
Importa salientar que, apesar das
dificuldades de grande parte das
instituições, têm tomado decisões mais
simples, baseadas em três pormenores
(Gusso & Gonçalves, 2020),
nomeadamente: proporcionar a todos os
intervenientes do processo de ensino-
aprendizagem o fácil acesso aos recursos
tecnológicos; Que os intervenientes
possuam condições de saúde, capacidade
de manejo de recursos eletrónicos para
realização das actividades de forma
remota; as aulas devem ser transmitidas
de forma síncrona e assíncrona e que
envolva basicamente decisões como o tipo
de aplicativo a ser interligado para a
transmissão das aulas, como o Skype
Zoom, Youtube, Meet, entre outros.
O processo de ensino-aprendizagem,
aliado aos recursos tecnológicos, facilita o
docente e os estudantes na aquisição de
informações, fortalece e proporciona uma
aprendizagem significativa.
O Processo de Ensino e
aprendizagem com Recurso às
Tecnologias
A cada dia que passa, a ciência e a técnica
vão sendo superadas pelas grandes
evoluções tecnológicas. Pois ela está
presente no dia-a-dia dos estudantes, o
que o torna integrante do processo de
ensino-aprendizagem.
Hoje, as aulas no Ensino Superior não
são dadas com utilização ao giz, mas por
uma apresentação com dispositivos
eletrónicos como projector ligado a um
computador fixo ou portátil com auxílio
de vários programas. O telemóvel, hoje,
não serve somente para fazer uma ligação
ou auxiliar na interacção com a família e
amigo, ele é considerado como um
recurso didáctico de ensino-
aprendizagem, que através deste o
estudante pode receber conteúdos, vídeo-
aulas, aulas explicadas, estudar e até
mesmo ser avaliado.
Costa & Souza (2017, p. 222), ao discernir
sobre a origem e evolução da tecnologia,
enfatizam que o homem, ao desenvolver
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
técnicas que facilitam a sua vida em
sociedade, aperfeiçoou a forma de se
comunicar, proporcionando melhorias
para a vida em grupo, compreendendo
que, por meio desta, é possível tornar-se
sujeito activo e capazes. Na mesma
vertente, destacam que:
No processo de evolução muito se
inventou e desenvolveu o que nos levou a
era da comunicação tecnológica, mas todo
esse processo passou por várias fases e
invenções que acabaram se tornando de
grande importância para toda a sociedade.
Os recursos multimídia, a capacidade de
armazenar e gerir dados,
desenvolvimento das redes de
computadores, propiciando a
interactividade, sem limites geográficos
ou culturais, deixando de ser o espaço a
variável decisiva, cedendo o lugar ao
tempo como factor estratégico e a
internet, são exemplos de transformação
da informática e das telecomunicações
que fazem parte do cotidiano das pessoas
(p.222).
A utilização de ferramentas tecnológicas
durante as aulas reflecte, por um lado, a
necessidade de possuir condições de
trabalho para instituição e num outro
contexto, promove um desafio aos
docentes em estar munidos de métodos e
procedimentos adequados para ensinar e
favorecer a aprendizagem dos seus
estudantes, bem como repensar em novas
estratégias de avaliação (Ferreira,
Sugahara & Branchi, 2020).
Os autores salientam ainda que as
ferramentas digitais constituem soluções
necessárias para continuar com o ensino
no momento pandêmico, embora saiba-se
que alguns países tenham uma péssima
qualidade de sinal de internet, o que
limita o acesso às plataformas digitais.
Por outra, muitos docentes e estudantes
têm dificuldades de usar tais plataformas.
Pela influência que a tecnologia promove
para os docentes e estudantes, o
casamento entre ele e o processo de
ensino-aprendizagem pode proporcionar
maior sistematização e evolução da
qualidade educativa de qualquer país
(Julião, 2020). Entretanto, reafirmam
Costa & Souza (2017) que:
Entre tantos desafios e possibilidades
para o uso das tecnologias dentro do
contexto educacional, constata-se que
esta pode facilitar a interação e troca de
informações entre professor e aluno,
promovendo uma educação para a
autonomia, em que o professor deixa de
ser um mero transmissor de informação,
passa a estimular nos alunos a
criatividade, para actuar de forma crítica
na sociedade, rompendo paradigmas de
desigualdades, através do trabalho
colectivo (p. 228).
A existência e disponibilidade destes
recursos tecnológicos não representa a
mudança, a qualidade, nem tão pouco a
solução para estabilidade e melhoria do
ensino neste momento, mas sim,
proporcionar formações contínuas aos
docentes sobre o uso dessas ferramentas
para que estes sejam capazes de auxiliar
seus estudantes e organizar metodologias
eficazes para um ensino de qualidade e
investimentos nas mais novas tecnologias
(Julião, 2020 e Santana & Fonseca, 2016,
p.3).
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
Estudos realizados por Felicio, Ribeiro,
Santos & Santos (s.d) confirmam que “as
redes sociais favorecem a aprendizagem,
proporcionando novas metodologias de
ensino, além de despertar o interesse do
aluno, torná-lo atractivo e diminuir a
distância entre aquele que ensina e aquele
que aprende, mas em contrapartida
aumenta a comunicação entre eles (p.4).
METODOLOGIA
Abordagem da pesquisa
A abordagem desta pesquisa é de
natureza quali-quantitativa, que, por
um lado, prevê uma análise hermenêutica
de um conjunto de informações, mas em
sentido oposto, é levado em consideração
a análise mediada por valores numéricos
percentual para o juízo científico
(Menezes, Duarte, Carvalho & Souza,
2019).
Tendo em conta os objectivos, trata-se de
uma pesquisa de carácter exploratório,
que se pretende compreender ou
aprimorar as opiniões e convicções, ou
seja, são úteis para diagnosticar situações,
explorar alternativas e descobrir novas
ideias dos docentes e estudantes sobre o
uso das tecnologias no processo de
ensino-aprendizagem (Zikmund, 2000 e
Oliveira, 2011).
Quanto aos procedimentos, recorreu-se à
pesquisa bibliográfica, que permitiu
através do fácil acesso à internet,
identificar artigos científicos, livros
eletrónicos e publicações periódicas
(Menezes, et al, 2019), utilizando como
critério de selecção as palavras-chave,
auxiliado pela vertente documental, uma
vez que, no decorrer do processo, vários
decretos e orientações foram ensaiadas
em prol da contínua realização das
actividades educativas.
Procedimentos
A identificação de um problema constitui
pressuposto para delinear uma
determinada pesquisa. Durante as aulas,
no presente ano lectivo, os docentes
viram-se obrigados a pensar num
paradigma metodológicos diferentes para
o ensino-aprendizagem.
A observação participativa, pelo facto de o
autor da investigação ser um membro e
fazer parte do objecto de pesquisa
(Marconi & Lakatos, 2003), o que lhe
permite ter um contacto directo com a
realidade do estudo (Oliveira, 2011, p.38),
e consentir o grau de dificuldade dos
gestores, docentes e estudantes durante
as aulas do II Semestre para dar
continuidade às aulas, recorrendo às
ferramentas digitais para a troca de
informações científicas.
A segunda tarefa foi a revisão
bibliográfica, que permitiu identificar
artigos, livros eletrónicos e publicações
periódicas (Menezes, et al, 2019)
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
seleccionadas de acordo com as palavras-
chave, para sustentabilidade teórica do
objecto, objectivo e desenho de
investigação através da análise-síntese,
indução-dedução e “triangulação” de
conhecimentos científicos.
Com o objectivo de aferir as opiniões e
convicções dos docentes e estudantes
sobre o uso de ferramentas digitais, como
alternativas didácticas para o ensino-
aprendizagem durante o momento
pandêmico e seu impacto pós-pandêmico
na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanidades do Namibe, aplicaram-se
dois questionários, um para os docentes e
outro para os estudantes, compostos por
cinco (5) questões fechadas e uma aberta.
É evidente que, embora tenham existido
alguns inconvenientes na aplicação do
questionário, essa técnica de recolha de
dados permite alcançar maior número de
pessoas, é económico e facilita a obtenção
de informação, comparação das respostas
e sua descrição (Oliveira, 2011, p.37),
principalmente quando são elaboradas
questões fechadas.
A população deste estudo é composta por
docentes afectos ao Departamento de
Ciências da Educação e estudantes do 3.º
ano, seleccionada pela disponibilidade
deste no momento da investigação. Foi
seleccionada uma amostra aleatória
simples. Pois, foi entregue à população
alvo um número de questionários, depois
de respondido foram recolhidos e destes
escolhidos aleatoriamente dez (10) dos
docentes e trinta (30) dos estudantes,
permitindo assim obter igual
probabilidade de um ou outro elemento
da população fazer parte da amostra,
conforme defendido por Oliveira (2011) e
Prodanov & Freitas (2013).
Para analisar o inquérito aplicado, foi
levado a cabo o método de análise por
triangulação a fim de aferir a veracidade
das respostas dos docentes versus
estudantes, conforme é evidenciado por
Tavinos (1987), citado por Oliveira (2011,
p.42), que “ela abrange a máxima aplitude
na descrição, explicação e na
compreensão do objecto de estudo”
Os resultados do diagnóstico realizado
foram apresentados por meio de tabela,
por se tratar de um método estatístico
sistemático em que, pela simples
observação, se pode ter uma rápida
intrepretação de informações e relações
(Watengãla, Velazquez & Baptista, 2020).
Análise e Discussão dos Resultados
A revisão bibliográfica efectuada
permitiu-nos saber que embora seja o
Facebook, a rede social mais utilizada, ela
não é tão eficaz quanto é o WhatsApp,
pois este possui maior capacidade para
envio e recepção de informações.
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
Na primeira questão, objectivou-se
identificar qual das redes sociais os
docentes mais utilizam neste momento e
as respostas indicaram 20% ser o
Facebook e 70% o WhatsApp e 10%
outros programas. A utilização
preferencial do WhatsApp é evidenciada
pelos docentes por ser mais seguro,
menos abrangente nas partilhas de
informações, possibilita maior interação
com os estudantes e tem melhor espaço de
suportar documentos com maior
capacidade. Na mesma vertente, 75% dos
estudantes utilizam o WhatsApp.
Embora estudos realizados por Julião
(2020), Agostinho & Seveta (2020)
coloquem o Facebook como ferramenta
mais utilizada para o apoio ao ensino, ele
está limitado pela capacidade de suportar
informações ao contrário do WhatsApp e,
por outra, a privacidade dos dados não
garante segurança.
Com o objectivo de conhecer a real
situação da Faculdade, na segunda
questão os docentes foram indagados
sobre a existência de apoio financeiro.
Dos resultados obtidos, os docentes foram
unânimes em dizer que não (100%), o que
os leva a sacrificar os seus escassos
recurso para aquisição de internet para os
seus dispositivos.
Na terceira questão, foi possível saber de
que modo os docentes partilhavam os
conteúdos para os seus estudantes e as
respostas foram: seis (60%) entregavam
um resumo de conteúdo em pdf, três
(30%) por powerpoint narrado com
explicação e um (10%) por powerpoint
não-narrado.
É evidente que nas três formas possíveis,
utilizadas pelos docentes, a mais eficaz
seria a primeira opção, mas este não é
realizado pela falta de internet suficiente
tanto entre os docentes quanto pelos
estudantes, falta de dispositivos com
essas funcionalidades e, por outra, a fraca
rede. A terceira questão dirigida aos
estudantes, para saber quais são as
dificuldades encontradas no uso destas
ferramentas, os resultados revelaram a
falta de dispositivos com capacidade de
receber e armazenar informações (20%),
pela falta de internet (60%), fraco sinal da
rede (20%), entre outros.
Desta forma, afere-se que tanto os
docentes quanto os estudantes sentem o
efeito dessa situação, levando a Direcção
da Faculdade a procurar alternativas
como obtenção de um sinal gratuito na
instituição para que os estudantes e
docentes possam trabalhar de forma
eficaz. Conforme dito por Gusso &
Gonçalves, (2020), a eficácia do processo
de ensino-aprendizagem aliada às
tecnologias passa pela melhoria das
condições de trabalho e formações
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
contínuas dos docentes para lidarem com
essas tecnologias.
O Ensino Superior deve responder às
exigências do papel na sociedade,
conhecer as reais possibilidade e
capacidade dos estudantes quanto ao
acesso à internet e para o estudo em
ambiente virtual, ou seja, quais os graus
de autonomia, dependência e sofisticação
dos seus recursos tecnológicos.
Os resultados da questão quatro, que teve
o objectivo de saber se os estudantes têm
dado uma resposta positiva quando o
docente envia os conteúdos, indicam que,
na maior parte das vezes, os estudantes
(80%) não dão feedback imediato, sendo
apenas 20% os que dão. Várias vezes,
quando se enviam conteúdos, num
universo de 40 alunos, apenas cinco ou
menos dão sinal, estando os restantes em
off-line. Claramente, esse facto pode ser
justificado pelas razões expressas
anteriormente.
Assim, a questão cinco, visa saber dos
docentes quais as justificativas dos
estudantes quando não interagem ao
enviá-los os conteúdos. Os docentes
dizem que a maioria dos alunos afirma
não ter internet (80%), os demais
(20%), dizem que seus dispositivos não
possuem capacidade de suportar os
conteúdos em pdf ou power point
narrados.
Neste sentido, a questão cinco dirigida
aos estudantes permitiu saber, se diante
daquelas dificuldades relatadas pelos
docentes, que alternativas têm utilizado
para adquirir os conteúdos, para posterior
leitura. A metade da amostra dos
estudantes afirma que directamente
nos seus dispositivos (50%), alguns leem
depois de fazer a impressão (20%), outros
adquirem através da impressão efectuada
por outros colegas que tem dispositivos
compatível (30%). É evidente que a
leitura, num telemóvel, não facilita a
aprendizagem, pois estudar significa ler,
resumir e exercitar.
Finalmente, foi dirigida aos docentes a
sexta questão para perceber em que
medida as altenativas didácticas podem
influenciar no processo de ensino-
aprendizagem no momento pós-
pandémico. Os resultados foram
apresentados na Tabela 1 e alistados por
análise-síntese por convergência de
opiniões.
Tabela 1: Opiniões dos docentes (D) relativo à
influência do uso das Ferramentas digitais no
processo de ensino-aprendizagem no período
Pós-pandémico
N.º
Opiniões dos Docentes
1.ª
D1: Permitirá difundir melhor os
conteúdos, a interação com os estudantes,
bem como a motivação de estarem passo a
passo com o desenvolvimento das TICs.
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Rodrigues, Domingas Kalovela; Wantengala Elias Kakapa
Wantengala
2.ª
3.ª
4.ª
5.ª
Fonte: Elaborado pelos autores
Esses resultados aferem a necessidade
imediata de todos os intervenientes do
processo de ensino-aprendizagem no
Ensino Superior pensarem num
paradigma diferente, estar consciente de
que quando se trata do uso das
ferramentas digitais, é unânime afirmar
que ela impulsiona qualquer instituição
para o resto do mundo, ou seja, é um
catalisador indiscutível, pois abre muitas
perspectivas face aos desafios impostos
pela evolução global da ciência e da
técnica (Julião, 2020).
No mesmo contexto, direccionou-se a
sexta questão aberta aos estudantes para
obter opiniões sobre quais as perspectivas
ou mudanças no processo de ensino-
aprendizagem com a utilização das
ferramentas digitais no momento pós-
pandémico? Em função do inquérito ser
dirigido a um total de 30 estudantes,
apenas cincos deram suas opiniões. Como
evidenciado na Tabela 2.
Tabela 2: Opiniões dos Estudantes (E)
sobre as mudanças no PEA com a utilização das
ferramentas digitais no momento pós-
pandémico?
N.º
Opiniões dos Estudantes
1.ª
E1: Acho que tomei consciência de que o meu
telemóvel pode ser uma ferramenta de
ensino-aprendizagem para o próximo ano
lectivo;
2.ª
E2. Devido as dificuldades encontradas por
nós, esperamos que a nossa escola repense
um pouco na possibilidade de instalar
sistemas de redes disponível para todos nós a
fim de possibilitar essa troca de informações
via telemóvel com os docentes;
3.ª
E3. Haverá mudança de paradigma quanto
às formas de aquisição dos conteúdos e, por
outro lado, mesmo impossibilitado de ir à
escola, pode-se, por exemplo, através de um
Powerpoint narrado acompanhar a explicação
da matéria pelo professor;
4.ª
E4: Surgiram novas estratégias de ensino e
novas formas de aprendizagem, sem esquecer
a possibilidade de interagir
permanentemente com os docentes;
5.ª
E5: As redes sociais terão outra vertente de
utilidade, pois até ontem servia para ligar
para os amigos, família e postar, as vezes,
coisas inadequadas, mas hoje é utilizado para
dinamizar o processo de ensino-
aprendizagem, estudo independente e em
grupo;
Fonte: Elaborado pelos autores
Pode-se evidenciar, pelos resultados
obtidos, que a pandemia da Covid-19
despertou não os gestores do Ensino
Superior e docentes, mas também os
estudantes que a partir de então terão os
seus dispositivos electrónicos como
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recursos integrantes do processo de
ensino-aprendizagem em função de suas
utilidades anteriormente expressas. Logo,
embora sejam apontados vários factores
que dificultam seu real uso como recurso
didáctico, acredita-se que essas
ferramentas digitais irão proporcionar
novas abordagens metodológicas e de
aprendizagem.
Conclusões
O surgimento da Covid-19 provocou
grande instabilidade nos sistemas
educativos de todos os países, uma vez
que os intervenientes deste processo
foram directamente afectados, mas por
outro lado, despertou os gestores de
diferentes instituições do Ensino Superior
a estarem mais preparados no que
concerne a utilidade de novas tecnologias,
aos docentes pela necessidade de estarem
mais capacitados ao uso das TICs com
vista a mudança de paradigma
metodológico do processo de ensino-
aprendizagem.
O diagnóstico realizado aos docentes e
estudantes revelou a utilização das redes
sociais, no caso, o WhatsApp, como
ferramenta didáctica mais utilizada na
Faculdade de Ciências Sociais e
Humanidade por facilitar o envio de
conteúdos em forma de powerpoint
narrado e ter proporcionado mais
interação entre o docente e os estudantes.
Portanto, considerando a existência de
dificuldades encontradas para o uso das
redes sociais como estratégias didácticas,
acredita-se que cada um dos
intervenientes do sistema educativo deve
dominar as novas tecnologias para que
responda às exigências da ciência e da
técnica e proporcione aos estudantes uma
aprendizagem significativa.
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Commons Attribution-NonCommercial 4.0
International License. Ao submeter o manuscrito o
autor está ciente de que os direitos de autor passam para
a Revista Angolana de Extensão Universitária.
Recebido em 19 de Junho de 2021
Aceite em 28 de Dezembro de 2021