aponta a importância da utilização dos jogos para que o aprendizado das crianças pudesse
ser desenvolvido.
Os estudos das acções lúdicas são fundamentados na teoria histórico-cultural.
Vygotsky (1987 citado por Anna e Nascimento, 2011) afirma que o desenvolvimento ocorre
como um processo mediado, significaria que a sequência e os tipos de mudanças que
ocorrem ao longo da vida das pessoas estão fortemente mediatizados e marcados pelas
características do ambiente social e cultural no qual se desenvolvem, de modo que o
programa biológico das pessoas poderia concretizar-se de maneira diferente em função desse
filtro sociocultural.
Vygotsky (1987 citado por Coelho, Barroco e Sierra, 2011) defende a existência de
uma forte inter-relação entre o desenvolvimento humano e os processos educativos. Deste
modo, os conhecimentos e as habilidades adquiridas graças à participação em situações de
interacção com os outros, especialmente em situações educativas, levariam a níveis mais
altos de evolução e de desenvolvimento, contudo, o desenvolvimento humano seria, em boa
parte, o produto das influências de factores externos, entre os quais as experiências
educativas.
Qualquer deficiência, física ou mental, modifica a relação do homem com o mundo
e influencia as relações com as pessoas, ou seja, a limitação orgânica mostra-se como uma
“anormalidade social da conduta”. Deste modo, não é a diferença biológica o principal
factor que implica em desenvolvimento limitado ou em não desenvolvimento da pessoa com
deficiência, afinal esta é tida sob diferentes modos e valoração em conformidade com as
especificidades de cada sociedade. O impedimento que pode se apresentar é em primeiro
lugar de ordem social, ou seja, depende de como dada sociedade concebe a pessoa sob tal
condição, Vygotsky (1987, citado por Coelho, Barroco e Sierra, 2011).
Assim, a compensação refere-se ao processo substitutivo que garante o
desenvolvimento, ou seja, quando uma ou mais vias de apreensão do mundo e de expressão
não estão íntegras ou não podem ser formadas, o indivíduo pode eleger outras que estejam
íntegras. Isto permite-lhe estar no mundo e com ele se relacionar-se. Acontece, no entanto,
que em alguns casos o indivíduo não apenas compensa o que lhe falta, mas vai além. Ele
pode super-compensar, isto é, apresentar um grau de adaptação na área em que tinha limites
biológicos a um nível acima da média esperada para a sociedade na qual está inserido e na
qual se humaniza.
Vygotsky (1998) afirma que as actividades humanas estão sempre inscritas num
marco culturalmente organizado, o que a diferencia e a torna singular com relação ao
comportamento de outras espécies. Os grupos humanos, no decorrer da sua história,
elaboraram um conjunto de adaptações e de recursos diferentes (sociais, psicológicos,
tecnológicos, económicos, etc.) que se manifestam em forma de costume, pensamentos,
crenças, conhecimentos do mundo físico e social, emoções ideologias, valores, etc. Esses
elementos actuam como mediadores, por isso, o comportamento e o desenvolvimento
humano sempre são mediados social e culturalmente.